O príncipe das trevas montava seu cavalo arisco, com a capa negra voando atrás de si. Um aro dourado prendendo os cabelos escuros, o rosto belo e frio com a ira da batalha, e...
— E o braço dele parecia uma berinjela — Taehyung murmurou para si mesmo, exasperado.
O desenho não estava dando certo. Com um suspiro, ele arrancou mais uma folha do bloco, amassou e atirou contra a parede do quarto. O chão já estava cheio de bolinhas de papel, um sinal claro de que a criatividade não estava circulando da maneira que esperava. Ele desejou pela milésima vez ser um pouquinho mais como a mãe. Tudo que Kim Dahyun desenhava, pintava ou esboçava era lindo, e parecia ter sido feito sem grandes esforços.
Taehyung tirou os fones de ouvido e esfregou as têmporas doloridas. Foi só então que ele percebeu que o som alto e agudo do toque do telefone estava ecoando no apartamento. Jogando o bloco de desenhos na cama, se levantou de um pulo e correu para a sala, onde o telefone vermelho antiquado ficava sobre uma mesa próxima à porta da frente.
— Quem fala é Kim Taehyung? — A voz do outro lado da linha soava familiar, embora não fosse imediatamente identificável.
Taehyung enrolou o fio do telefone no dedo, de forma nervosa.
—Sim?
— Olá, eu sou um dos encrenqueiros que carregava facas que você conheceu ontem à noite no Pandemônio. Acho que não causei uma boa primeira impressão e gostaria que você me desse uma chance de compensar por...
—NAMJOON! — Taehyung afastou o telefone da orelha enquanto Namjoon começava a rir. — Não tem a menor graça!
— Claro que tem! Você só não está captando o humor.
— Idiota. — Taehyung suspirou, apoiando-se contra a parede. — Você não estaria achando tão engraçado se estivesse aqui quando eu cheguei ontem à noite.
— Por que não?
— Minha mãe. Ela não gostou nem um pouco do nosso atraso. Deu um ataque. Foi péssimo.
— O quê? Não foi nossa culpa termos enfrentado trânsito! — protestou Namjoon. Ele era o caçula de três irmãos e tinha um senso consideravelmente aguçado de injustiça familiar.
— Bem, ela não encara dessa forma. Eu a decepcionei, pisei na bola, fiz com que ela se preocupasse, blá-blá-blá. Eu sou a perdição da existência dela — disse Taehyung, imitando as palavras exatas da mãe com uma pontinha de culpa.
— Então, você está de castigo? — perguntou Namjoon, um pouco alto demais. Taehyung podia ouvir um emaranhado de vozes atrás dele, pessoas falando de forma atropelada.
— Ainda não sei. Minha mãe saiu hoje de manhã com Jin, e eles ainda não voltaram. Mas onde você está? Na casa do Eric?
— Sim. Acabamos de terminar o ensaio. — Um prato bateu atrás de Namjoon. Taehyung franziu o rosto. — Eric vai fazer uma leitura de poesia no Java Jones hoje à noite — continuou Namjoon, falando de um café na esquina da casa de Taehyung, onde às vezes havia música ao vivo. — A banda toda vai assistir. Quer ir?
— Claro, vamos sim. — Taehyung pausou, puxando o fio do telefone ansiosamente. — Espere. Não.
— Silêncio, gente, por favor? — gritou Namjoon, a fraqueza em sua voz fez com que Taehyung suspeitasse de que ele estava segurando o telefone afastado da boca. Ele voltou um segundo depois, soando perturbado. — Isso foi um sim ou um não?
— Não sei. — Taehyung mordeu o lábio. — Minha mãe ainda está chateada comigo por causa de ontem. Não sei se quero irritá-la pedindo favores. Se eu for arrumar problemas, não quero que seja por causa da porcaria da poesia do Eric.
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Shadowhunters: City of Bones | Taekook
FanfictionKim Taehyung decide passar a noite em uma boate em Nova York. O maior de seus problemas provavelmente seria lidar com o segurança da porta, certo? Errado. Taehyung testemunha um crime e não um crime qualquer: um assassinato cometido por três jovens...