— O que é aquilo? — Taehyung só viu levemente o que era visível através da porta: nuvens vermelhas cortadas com raios negros, e uma forma escura e terrível que avançava em direção a eles, quando Jungkook gritou para se abaixarem.
Jungkook se jogou no chão, derrubando Taehyung consigo. De barriga para baixo, Taehyung levantou a cabeça a tempo de ver a coisa escura atingir Madame Dorothea, que gritou, lançando os braços ao alto. Em vez de derrubá-la, a coisa escura a envolveu como tinta absorvida por papel. Suas costas monstruosamente corcundas, o formato dela se alongou enquanto ela se elevava pelo ar, com a estrutura se alongando e mudando de forma. Um barulho agudo de objetos atingindo o chão fez com que Taehyung olhasse para baixo: eram as pulseiras de Dorothea, deformadas e quebradas. Em meio às joias, havia o que pareciam pequenas pedras brancas. Taehyung levou um instante para perceber que eram dentes.
A seu lado, Jungkook sussurrou alguma coisa. Parecia uma exclamação de descrença.
A seu lado, Yoongi engasgou e disse: — Mas você disse que não havia muita atividade demoníaca. Você disse que os níveis estavam baixos!
— Eles estavam baixos! — rosnou Jungkook.
— Seu entendimento de baixo deve ser bem diferente do meu! — gritou Yoongi, enquanto a coisa que um dia foi Dorothea uivava e girava. Parecia estar se ampliando, corcunda e saliente, grotescamente disforme...
Taehyung desgrudou os olhos da coisa quando Jungkook se levantou, e foi atrás dele. Jimin e Yoongi se levantaram cambaleando, pegando as armas. A mão que segurava o chicote de Jimin estava ligeiramente trêmula.
— Ande! — Jungkook empurrou Taehyung para a porta do apartamento.
Quando Taehyung tentou olhar para trás por cima do ombro, ele viu algo espesso e cinza girando, como nuvens de tempestade, uma forma escura no centro...
Eles quatro correram pelo saguão de entrada, Jimin à frente do grupo. Ele correu em direção à porta da frente, tentou abri-la e virou para os outros com a expressão assustada.
— Está resistente, não abre. Deve ser um feitiço...
Jungkook resmungou e apalpou o próprio casaco.
— Onde diabos está a minha estela?
— Está comigo — disse Taehyung, lembrando-se.
Enquanto alcançava o bolso, um trovão explodiu no recinto. O chão tremeu sob os pés dele. Taehyung cambaleou e quase caiu, mas conseguiu se segurar no corrimão. Quando olhou para cima, ele viu um novo buraco se abrindo na parede que separava o saguão do apartamento de Dorothea, completamente alinhado por suas pontas desbotadas com madeira e gesso, através do qual alguma coisa estava subindo, quase vazando.
— Yoongi! — Era Jungkook, gritando.
Yoongi estava na frente do buraco, pálido e horrorizado.
Resmungando, Jungkook correu para cima e o agarrou, arrastando-o bem no instante em que a coisa se libertou da parede e se lançou ao saguão. Taehyung ouviu o próprio fôlego voltar.
A carne da criatura era viva e parecia cheia de hematomas. Através da pele fina, os ossos apareciam — não ossos novos e brancos, mas ossos que pareciam estar embaixo da terra há mil anos, pretos, rachados e imundos. Os dedos eram descascados e esqueléticos, os braços finos eram cheios de machucados pretos através dos quais se viam ossos amarelados. O rosto era uma caveira, o nariz e os olhos eram buracos. Os dedos enormes esfregaram o chão. Enrolados nos pulsos e ombros, a coisa tinha pedaços de tecido brilhante: tudo o que sobrava das echarpes e do turbante de seda de Madame Dorothea. Tinha, no mínimo, dois metros e meio de altura. A criatura olhou para baixo, para os quatro jovens com aqueles buracos dos olhos vazios.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Shadowhunters: City of Bones | Taekook
FanfictionKim Taehyung decide passar a noite em uma boate em Nova York. O maior de seus problemas provavelmente seria lidar com o segurança da porta, certo? Errado. Taehyung testemunha um crime e não um crime qualquer: um assassinato cometido por três jovens...