O Ciclo e a Irmandade

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Taehyung estava surpreso demais para gritar. A sensação da queda foi a pior parte, o coração voou até a garganta e o estômago virou água. Ele esticou os braços, tentando agarrar alguma coisa, qualquer coisa que o desacelerasse. Ele fechou as mãos em galhos. Folhas foram arrancadas. Ele caiu no chão, com força, o quadril e o ombro atingiram um solo compactado. Ele rolou para o lado, respirando fundo, devolvendo o ar aos pulmões. Estava começando a sentar quando alguém aterrissou em cima dele.

Ele foi derrubado para trás. Uma testa bateu na dele, seus joelhos nos de alguém. Preso por braços e pernas, Taehyung tossiu cabelo, não era sequer o dele, para fora da boca e tentou se livrar do peso que parecia esmagá-lo.

— Ai — disse Jungkook no ouvido de Taehyung, em tom indignado. — Você me deu uma cotovelada.

— Bem, você pousou em cima de mim.

Jungkook se levantou e olhou para ele, tranquilamente. Taehyung podia ver o céu azul sobre a cabeça dele, um pedaço de um galho de árvore e o canto de uma casa cinza de ripa de madeira.

— Você não me deixou muita escolha, não é mesmo? — perguntou Jungkook. — Não depois que resolveu pular alegremente pelo Portal, como se estivesse pulando no metrô da linha F. Você tem sorte de não termos ido parar dentro do rio.

— Não precisava vir atrás de mim.

— Precisava, sim. Você é inexperiente demais para se proteger em uma situação hostil sem mim.

— Que gracinha! Talvez eu perdoe você.

— Me perdoar? Pelo quê?

— Por ter me mandado calar a boca.

Jungkook franziu o cenho.

— Eu não mandei... bem, mandei, mas você estava...

— Deixe pra lá. — O braço de Taehyung, preso atrás das costas, estava começando a doer. Rolando para o lado a fim de livrá-lo, ele viu a grama marrom de um gramado morto, uma cerca de arame e um pouco mais da casa cinza de ripa de madeira, agora estranhamente familiar.

Ele congelou.

— Eu sei onde estamos.

Jungkook parou de fazer barulho.

— O quê?

— Esta é a casa do Jin. — Taehyung se sentou, empurrando Jungkook para o lado, que rolou graciosamente até ficar de pé, e esticou a mão para ajudá-lo a se levantar. Taehyung o ignorou e cambaleou para cima, sacudindo o braço dormente.

Eles estavam em frente a uma pequena casa cinza desordenada, aninhada entre outras casas que alinhavam a costa de Williamsburg. Uma brisa soprava do rio, fazendo com que um pequeno anúncio balançasse sobre os degraus de tijolo da entrada. Taehyung observou Jungkook enquanto ele lia as palavras em voz alta:

Livros Kim. Usados, novos e fora de catálogo. Fechado aos sábados. — Ele olhou para a porta escura da frente, a maçaneta trancada com um cadeado enorme. Correspondências de alguns dias sobre o tapete na entrada, intocadas. Ele olhou para Taehyung. — Ele mora em uma livraria?

— Ele mora atrás da loja. — Taehyung olhou para cima e para baixo da rua vazia, que era cercada em uma ponta pelo arco da Willamsburg Bridge, e por uma fábrica de açúcar abandonada na outra. Do outro lado do rio, o sol estava se pondo atrás dos prédios de Manhattan, envolvendo-os em dourado. — Jungkook, como viemos parar aqui?

— Através do Portal — disse Jungkook, examinando o cadeado. — Leva você ao lugar em que estiver pensando.

— Mas eu não estava pensando neste lugar — argumentou Taehyung. — Eu não estava pensando em lugar nenhum.

Shadowhunters: City of Bones | TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora