A Flor da Meia-Noite

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À meia-luz, as enormes salas vazias que atravessaram a caminho do telhado pareciam tão desertas quanto palcos vazios, os móveis cobertos de branco erguendo-se à luz como icebergs através da fumaça.

Quando Jungkook abriu a porta da estufa, o cheiro atingiu Taehyung, suave como o toque da patinha de um gato: algo escuro e carregado de terra, e o cheiro mais forte de flores noturnas brotando, algumas que ele não reconhecia, como uma planta que trazia um botão amarelo em forma de estrela cujas pétalas eram cheias de pólen dourado.

Através das paredes de vidro do recinto, Taehyung podia ver as luzes de Manhattan queimando como joias.

— Uau. — Taehyung virou lentamente, absorvendo aquilo tudo. — É muito lindo à noite!

Jungkook sorriu.

— E temos o lugar só para nós. Yoongi e Jimin detestam vir aqui porque eles são alérgicos.

— Que espécie de flor é esta? — perguntou Taehyung.

Jungkook deu de ombros e sentou, cuidadosamente, ao lado de um arbusto verde lustroso cheio de botões de flores.

— Não faço ideia. Você acha que eu presto atenção à aula de botânica? Não vou ser arquivista, não preciso saber nada disso.

— Você só precisa saber como matar coisas?

Jungkook olhou para Taehyung e sorriu. Jungkook parecia um anjo de um quadro de Rembrandt, exceto por aquela boca diabólica.

— Isso mesmo. — Jungkook pegou um pacote embrulhado em um guardanapo do saco de papel e ofereceu a Taehyung. — Além disso — acrescentou —, faço um sanduíche de queijo delicioso. Prove um.

Taehyung sorriu com certa relutância e sentou-se na frente dele. O chão de pedra da estufa estava frio contra suas pernas nuas, mas era agradável, depois de ter passado por tanto calor. Do saco de papel, Jungkook tirou algumas maçãs, uma barra de chocolate com frutas e amêndoa, e uma garrafa de água.

— Até que não foi um saque qualquer — Taehyung disse, admirando o piquenique.

O sanduíche de queijo estava morno e um pouco mole, mas o gosto era bom. De um dos incontáveis bolsos da jaqueta, Jungkook pegou uma faca com cabo de osso que parecia capaz de cortar um urso e começou a partir as maçãs em oito pedaços.

— Bem, não é um bolo de aniversário — Jungkook disse, dando um pedaço a Taehyung —, mas espero que seja melhor do que nada.

— "Nada" era exatamente o que eu estava esperando, então, obrigado! — Taehyung mordeu um pedaço. A maçã tinha gosto verde e fresco.

— Ninguém deveria ficar sem nada no aniversário. — Jungkook estava descascando a segunda maçã, a casca saía em tiras curvilíneas. — Aniversários têm que ser especiais. Meu aniversário sempre era o dia que meu pai dizia que eu podia fazer o que eu quisesse.

— Qualquer coisa? — Taehyung riu. — E que tipo de coisa você queria fazer?

— Bem, quando fiz 5 anos, quis tomar banho com espaguete.

— Mas ele não deixou, certo?

— Não, aí é que tá. Ele deixou. Disse que não era caro, e por que não, se era o que eu queria? Ele mandou os empregados encherem uma banheira com água fervendo e macarrão, e quando esfriou... — Ele deu de ombros. — Eu tomei banho.

Empregados?, pensou Taehyung. Em voz alta, ele disse: — Como foi?

— Escorregadio.

— Aposto que sim. — Taehyung riu e tentou imaginar Jungkook como um garotinho, gargalhando, com macarrão até os ouvidos. A imagem não se formava. Certamente ele não gargalhava, nem aos 5 anos. — O que mais você pedia?

Shadowhunters: City of Bones | TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora