▪︎ Capítulo 54 ▪︎

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▪︎ Emma ▪︎

Ninguém está preparado para uma mudança tão brusca. Seja em ações, palavras, um momento de decisão ou incerteza.
Peter, Gabi , Ivy , Aruna e eu.
O escritório de casa nunca aparentou ser tão pequeno quanto no momento que minha irmã puxou sua arma na direção de Peter.
Me escorar na parede foi um modo de deixar clara a minha posição sobre aquilo. Eu era a beta e não desobedeceria minha Alfa, mas enquanto não tivesse uma ordem clara eu não levantaria a minha arma.
Ainda tenho a sensação amarga de apontar a arma na direção de Ivy no dia que nos conhecemos, Aruna também estava irritada com o posicionamento (ou a falta dele) de Peter.

- Você espera que eu condene meu próprio companheiro?

- Ele é um assassino!

- Ele está marcado!

Vi quando Gabriela tomou a frente de Peter, uma tentativa de proteger seu companheiro. Ela foi uma das melhores guardas, conhecia não só o temperamento de Aruna como o significado de deixar a Alfa empunhar aquela arma.

- Você não está escutando a razão querido.

- Você não entende, ele matou milhares como nós! Sangue inocente está nas mãos dele!

- E as suas estão limpas de sangue?

Peter ficou em silêncio com a pergunta de Gabi, vi quando o sorriso de Aruna apareceu com uma risada contida.

- Vamos lá, você tem coragem de querer matar meu companheiro nas minhas terras mas não tem coragem de admitir seus crimes ao seu próprio companheiro? Pelo menos o meu teve coragem e consciência para me dizer, para reconhecer seus erros e principalmente por querer uma punição.

- Ele não estaria insento mesmo se não quisesse.

Aruna destravou a arma mostrando que sua decisão já estava quase tomada, Ivy tocou minha mão apreensiva.

- Você esquece que aqui tem leis Supremo, temos um contrato mas você só tem poder se eu permitir. Aether pode ter ferido um dos seus mas ele é meu companheiro e está oficialmente marcado.

Peter estava nervoso e isso era visível.

- Eu levarei o caçador para as minhas terras, lá eu farei meu julgamento.

Gabriela se afastou dele tomando o lado de Aruna.

- Se você tirar a vida de Aether, então Aruna terá minha vida nas mãos.

Peter rosnou com aquela declaração, vi a arma tremer na mão de Aruna e pela primeira vez em anos achei ter visto o medo cruzar seu olhar.

- Ninguém tocará na minha companheira!

- Ninguém tocará no meu companheiro!

A briga continuou por um longo tempo, me preparei para o cáos que logo viria mas ele não veio, mesmo depois de Aether entrar no escritório e tudo aparentar estar em um caminho de paz.
Eu ouvi com atenção a história de Aether, sabia que ele estava contando uma versão não tão detalhada das coisas que fez. Ele admitiu tomar a decisão de servir aos caçadores por vontade própria e com isso caçou inúmeras criaturas, pensei que meu estômago sairia pela boca quando seu relato sobre a morte da criança começou. Eu conseguia sentir todo o nojo e ódio cru que Aether nutria pelo caçador já morto e por si mesmo, fazer ele relembrar essas coisas no meu ponto de vista é mais do que uma punição, é tortura.
Nem mesmo Ivy aguentou e correu para fora do escritório, eu não duraria muito também.
Quando pensei em relaxar finalmente, o cáos finalmente apareceu e com ele a transformação de Aether.
Foi inevitável não pensar na minha primeira transformação, como a dor foi insuportável. Eu passei horas sentindo meus ossos quebrarem um por um, meu corpo cresceu, minha pele rasgou e uma pele nova e mais grossa crescia, os ossos da minha cabeça, o meu rosto, meus olhos, sentir cada minúscula parte do meu corpo mudar foi horrível.
Eu não estava sozinha mas era a mesma coisa que estar. Meu pai estava em mais uma briga com a minha mãe, Aruna estava no inicio de seu treinamento e então sobrou minha avó que apenas me olhou e me deixou gritar.

Alcatéia Moon Blood  -  A AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora