Alcatéia Moon Blood - A Alfa

▪︎Capítulo 24▪︎

▪︎Emma▪︎

Humilhante, eu me sentia derrotada.
Estava vendo minha irmã sofrer e definhar logo no primeiro dia da lua. O esforço que ela estava fazendo aguentando tanta dor para não machucar seu companheiro, para ter a mínima chance de tê-lo no futuro me assustava na mesma proporção que me admirava.
O dia passou lentamente, as poucas vezes que voltei para casa foi para comer e tomar remédios para a dor de cabeça que aumentava a cada grito de Aruna, eu gostaria de dizer que não estava sendo afetada pela lua, mas havia um efeito mínimo que eu suprimia ao máximo, é claro que ter Ivy ajuda muito mas nenhuma de nós duas foi marcada.
Diferente de Aruna eu não precisava me preocupar com o cio tirando meu controle naqueles três dias, o meu viria em breve mas pela graça das deusas não seria justamente naquela semana.

Os gemidos de dor começaram novamente, Aruna apagava de cansaço e então acordava para se torturar se batendo contra a parede. Eu tentei fazer algo, pensar em qualquer coisa para substituir essa tortura física, mas Aruna estava mais do que determinada.
Nana estava preocupada, cogitou em fazer o chá mas se deteve pela presença do Aether, ele não sabia das nossas preocupações e eu tentava não mencionar sobre o sofrimento de minha irmã quando ele estava presente.
Peter está sumido desde que Aruna apareceu com seu companheiro, Ivy foi até seu quarto hoje pela parte da tarde e tudo que ela viu foi um quarto completamente arrumado e vazio, não havia indícios de que ele esteve realmente ali.
Todos da guarda estão procurando por ele, também houve um relato de que um membro da guarda está ausente, eu deveria estar checando tudo para Aruna, mas não consigo ficar muito tempo longe sem criar várias paranóias.

- Emma.

Me levantei rápido do chão e olhei pela grade na porta.

- Estou aqui.

Ela estava ofegante, a noite havia finalmente chegado e os sintomas da lua intensificaram.
Toda sua pele estava vermelha, estava suada e suja.

- Eu vou entrar.

Quando toquei na maçaneta ouvi um rosnado baixo.

- Emma.

Parei no lugar, algo estava errado.

- Me solte Emma.

Me afastei devagar, ela havia sucumbido.

- Eu preciso dele Emma, preciso dele agora.

A voz dela não estava tão fraca como de manhã, estava mais forte e ao mesmo tempo sufocante.

- Eu preciso me aliviar Emma.

Eu não podia acreditar que Aruna havia perdido o controle, a lua nem estava no ponto mais alto e já lhe afetava de uma maneira significante, comecei a imaginar que Aruna não me reconheceria no restante dos dias, talvez ela soubesse disso e se preveniu me forçando à acorrentá-la.

- Aruna, você me fez prometer.

- Me solte Emma!

Ela se jogou contra a parede e se deitou no chão, já dava pra notar as marcas que as correntes faziam em seu corpo, lamentei novamente por não poder fazer nada, seriam mais cicatrizes em seu corpo.
Me afastei da porta e esperei, sempre havia um intervalo entre um surto e o sono do cansaço, ouvi seus rosnados e seu corpo se chocando contra a parede várias vezes, fechei os olhos forçando minha mente a não pensar.
Passou algumas horas e então o silêncio chegou, suspirei e comecei a andar para sair daque lugar. Andava me esticando e alongando cada parte possível do corpo, tensão era um eufemismo perto da dureza que meus músculos mostravam.
Saí do escritório sentindo a luz da lua bater em meu rosto, puxei meu celular vendo ligações perdidas da Nana e Ivy, me apressei subindo na moto e dando partida dali, não demorou muito para chegar na frente de casa, laguei a moto de qualquer jeito e entrei, meus instintos ligados ao máximo, procurando um invasor, um perigo em potencial.