Alcatéia Moon Blood - A Alfa

▪︎Capítulo 22▪︎

▪︎Aether Munnity▪︎

Ser morto depois de anos servindo como caçador não estava nos meus planos, mas eu estava farto.
O grupo de caçadores que eu servia estava atacando muitas alcatéias e bandos afastados que não tinham a proteção de um alfa. Na última missão flagrei meu chefe comandante matando um filhote de lobo, aquilo não era luta pelos fracos, tantas mortes e torturas, aquilo era um genocídio e feito por baixo dos panos. Se o supremo dos lobos ou os líderes das outras espécies descobrissem seria uma declaração de guerra em alto som para todos.
Tentei ir embora depois de ajudar uma família de lobos a fugir da prisão, eles tinham uma pequena menina em seus braços que chorava. Eu pensei que poderia ajudá-los, mas estava enganado.
Infelizmente eles foram mortos antes que chegassem à fronteira, fui perseguido e capturado, torturado durante dias até que em uma falha nas rondas eu consegui escapar.
Quando cheguei no campo "Terra de Ninguém" eu havia aceitado que morreria, estava fraco e machucado.
A surpresa só aumentou quando uma loba enorme saltou sobre mim, ela me protegeu durante todo o tempo, parecia entender quem eu era e que não poderia matar ninguém ali, mas foi esperta ao machucar o comandante dos caçadores e fazê-lo recuar, levei suas últimas palavras como um aviso, a loba parecia não ter gostado também pois seus pelos eriçaram e um rosnado feroz foi direcionado à ele.

- Obrigado lobinha.

Aquele ser maravilhoso apenas me encarava, olhava na direção onde o chefe havia ido e voltava a me encarar, notei que ficava mais irritada quando encarava meu ferimento na costela.
Eu estava encantado por aquela loba, me sentia conectado de alguma forma a ela, seus lindos pelos, seus olhos cor de whisky, tão claros e irritadiços.
Não sabia como, mas era nítido para mim que não era um macho na minha frente. Toda a postura e orgulho, a clara demonstração de poder territorial mesmo em uma área onde ninguém poderia ter posses.

- Tão linda.

Fiquei ainda mais encantado ao ouvir um ronronar baixo, a loba parecia confusa e feliz. Manti meu toque apreciando cada detalhe daquela linda criatura. Ela claramente me ignorou e se abaixou mordendo a gola da minha camisa me levantando, imaginei que queria me tirar da chuva e tentei facilitar seu trabalho. Ela se abaixou e eu subi em suas costas, o pelo macio e quente, ela era perfeita.
A loba andava com cuidado se aproximando de uma casa, as luzes estavam acesas, um cheiro doce porém bem fraco estava naquele  lugar.
Quando chegamos em frente a porta a loba abriu com facilidade e ambos entramos, ela até se curvou e me perguntei se era por que eu ainda estava nas suas costas.

- Calma aí lobinha, e se a dona ficar zangada por estarmos aqui?

Fiz um esforço saindo de suas costas e caí sentado me encostando na parede, olhei ao redor enquanto a loba fechava a porta e me encarava.

- A cabana está sendo usada, é perigoso ficarmos aqui.

A casa estava limpa, iluminada e aquecida. Notei que a cama estava bagunçada mas pelo cheiro e a limpeza do local eu imaginava que uma mulher poderia estar ocupando, e se ela fosse uma caçadora? Ou uma criatura que estava se refugiando ou fugindo? Eu tinha plena consciência de que não conseguiria lutar e defender a loba ao meu lado.
Ela por sua vez parecia não entender meus questionamentos e minha preocupação, eu teria tanta sorte assim de que a loba na verdade fosse a atual dona daquele lugar? Se fosse, por que ainda estava na forma de loba?
Me preocupei quando um choramingo veio da loba, ela parecia desnorteada com algo, sua pata esfregou no fucinho e então rosnou baixo.
Achei que estivesse machucada e aquele pensamento me assustou, levantei a mão apertando a costela, a dor estava aumentando e de alguma maneira chamou a atenção da loba que se aproximou, parecia analisar atentamente meus machucados e principalmente o da costela.
Me mantive quieto e em silêncio, até mesmo quando a loba lambeu meus ferimentos, a confirmação de que não era uma loba comum veio quando o sangue começou a coagular, eu sabia que ficaria bem e aparentemente a loba também sabia, pois se deitou relaxada ao meu lado.