▪︎ Capítulo 28 ▪︎

78 14 0
                                    

A conversa não seria fácil, eu devia prepará-lo para oque veria nos próximos dias.
Ele manteve sua mão na minha, eu sentia que estava angustiado e que talvez aquela conversa não fosse fácil ou simples para nenhum de nós.
Chegamos em casa depois de fazer todo o caminho a pé, cada um perdido em seus próprios pensamentos mas juntos.
Entrei sentindo o silêncio da casa, Nana teria que voltar e eu sorri minimamente, ela foi mais mãe e avó que Susana e Viena juntas. Mesmo assim não fui capaz de ignorar meu pensamento egoísta de tê-la de volta.
Puxei Aether pela mão em direção ao meu quarto, mesmo depois do efeito da lua e o cio passarem, deixei que Aether tivesse seu próprio quarto, um fato que perturbou todos da casa mas Aether não reclamou uma única vez.
Entramos no meu quarto e eu apontei para a cama enquanto fechava a porta, senti meu corpo ser abraçado por trás.

- Aruna.

Me virei colocando as mãos em seus ombros.

- Está tudo bem, vamos apenas conversar.

Apesar de sorrir tranquila a expressão de Aether era tensa. Ele manteve o abraço enquanto me encarava, buscando por alguma coisa.

- Oque aconteceu lá embaixo? Por que eles temem tanto você?

Sorri e ele se afastou, um gesto tão simples que me fazia sentir dor.
Tentei tocar em seu ombro, mas ele se afastou tomando a ponta da cama e se sentando. Voltei para a porta e me encostei nela, o olhar dele voltou para o meu e eu esperei que falasse.

- Por um momento eu duvidei que conhecia você, eu estava tão bravo com aquele desgraçado que demorei pra notar sua mudança.

- Entendo como se sente.

- Você estava fria Aruna, completamente diferente da mulher gentil que me salvou um dia.

- E?

- Eu senti que não lhe conhecia, que minha presença não fazia diferença ali.

- Está certo em algumas coisas Aether.

Ele apenas me encarou e eu sorri triste.

- Senti a mesma coisa quando te vi enfrentando o Jorge, senti que o homem na minha frente era perigoso, mas então você me tocou, você correu para o meu lado e eu não tive dúvidas que meu companheiro estava ali.

Ele ficou em silêncio e eu sorri deixando uma risada curta escapar.

- Eu estava começando a me perguntar se você não tinha nenhum instinto de sobrevivência, confiou tão cegamente em mim que eu mesma me agarrei a idéia de não precisar temer suas reações. Estava errada em pensar isso, em esperar isso de você.

Ele levantou com um olhar que não consegui identificar, me segurou pelos ombros me forçando a encará-lo nos olhos.

- Nunca, ouviu isso? Nunca duvide de mim, nunca duvide dos meus sentimentos por você.

Sorri me livrando de seu toque.

- Seus sentimentos Aether? Me diga, quais sentimentos? Essa é a nossa primeira conversa desde a cabana quando nos conhecemos, nem mesmo durante o cio naquela prisão tivemos uma conversa como esta. Oque eu sinto você deve imaginar e se não souber, posso dizer alto e claro para lhe confirmar.

Ele ficou em silêncio apenas me observando.

- Eu não sei oque sente por mim Aruna.

- Eu não sei oque sente por mim Aether, mas eu amo você.

Alcatéia Moon Blood  -  A AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora