Marte

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O silêncio não propicia nada além de claustrofobia;

É como se o sangue estivesse por toda parte e este pulmão sofresse uma embolia;

Não há nada além do barulho dos meus dedos sob as teclas desse notebook;

As vezes eu penso que minha poesia é uma má arte;

As vezes me pego pensando se é mais leve a vida em marte;

Um planeta vermelho como o líquido que corre pelos corpos;

Um lugar habitável para os mortos;

Uma escapatória, já que a terra foi vendida aos porcos;

É constante a vontade de fuga, como se não houvesse nada aqui;

O silêncio é minha resposta para o que não sei explicar;

Como eu vim até aqui?

Aonde quero chegar?

Um milhão de perguntas sem respostas;

Uma centena de facas em minhas costas;

Um líquido branco poderia ter me tirado deste centro de estado;

É uma reação em cadeia e estar sempre sóbrio tem me matado;

A frase do capítulo inicial desta obra nada mais é que a vontade de curar;

As vezes gostaria de descartar meu corpo e achar outro lugar pra morar;

Se todos pudessem fazer isso haveriam sangue e ossos por toda parte;

E a terra seria tão vermelha quanto marte. 

Cartas Aos PulsosOnde histórias criam vida. Descubra agora