Monstros em Metástase

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Há uma velha frase que diz que pagaremos pelos nossos pecados na terra;

Facas apontadas por quem nunca erra;

Como julgá-lo?

Ele é só uma criança com uma faca entre os dentes molares;

Sem braços ou abraços, sem afetos ou lares;

Apenas um anjo com um problema crônico de má sorte;

Sem bússola moral, sem objetivos ou um norte;

Ele tem fome de algo mais robusto que um prato de comida;

Ele nem ao menos consegue mensurar o tamanho de sua ferida;

Sem cuidados, pois nunca foi cuidado nessa vida;

Seus tornozelos levemente fragmentados;

Olhos cerrados em desconfiança;

Lidando bem com o desafeto e acostumado a mudança;

Ele é só uma criança;

As mãos frias sob suas bochechas não são mais capazes de fazer marca;

Quando lhe cortaram os braços, ele agachou e com os dentes empunhou sua faca;

Correndo entre a lama suja do fundo do poço da existência;

Sem ao menos conseguir mensurar o que falta, já que está acostumado com a carência;

Aquele é o seu corpo, magro e a mercê da desova;

Sempre na tentativa de reunir novas forças para que sua cama não seja uma cova;

Apenas um anjo com um problema crônico de abandono sistemático;

Com o fim crescendo no seu interior, como um adoecimento assintomático;

Não há remédio para o que o atormenta;

Ele apenas se protege enquanto venta;

Cortando aberrações com uma faca entre os dentes caninos;

Sem chance de cometer erros como os outros meninos;

 E Tudo isso sem nunca atingir a catarse;

Se movendo rápido, pois os monstros estão em metástase. 

Cartas Aos PulsosOnde histórias criam vida. Descubra agora