Seria lindo se houvessem os sons dos violinos;
Porém, tudo que se ouve são sinos vindos de uma catedral vazia;
Uma cidade que outrora era viva, hoje vive em eterna monocromia;
Onde está a fé das mães que oravam com o raiar do sol?
Onde está o branco do sorriso das crianças que iluminavam como um farol?
Há algo poético na decadência da cena noturna;
Há algo inquietante na constante violência diurna;
Onde estão os pais que costumavam buscar seus filhos na escola primária?
Onde estão os visitantes que davam movimento à rodoviária?
Os carros passam rápido pela estadual ultrapassando o limite de velocidade;
Há algo na terra deste lugar que a atribui porosidade;
As impureza da superfície prejudica o crescimento do fruto;
As mães que outrora tinha fé hoje vivem em luto;
Como vivem os filhos que se perderam em linhas brancas?
Como vivem os idosos que não se adequaram às mudanças?
A nostalgia escorre pelas paredes das residências;
As lâmpadas incandescentes que mal iluminam escondem as "indecências";
Os muros cada vez mais altos cobrem as carências;
Onde estão as noivas que perfilavam pela igreja matriz com seus vestidos rendados?
Onde estão os casais que pareciam tão apaixonados?
Não se ouvem mais os cantos da missa no domingo de manhã;
Não resta nem mais uma mente sã;
Que se faça uma necrópsia para averiguar do que padeceu essa cidade;
É preciso saber onde está a cultura que aqui havia;
Eles vivem em um lugar cinza, onde tudo está em monocromia.
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Cartas Aos Pulsos
PoésieCartas aos Pulsos traz alguns escritos antigos e atuais que refletem o que eu vi e vivi em diferentes ambientes de convívio e diferentes situações. É a minha poesia cotidiana em sua forma mais bruta.