Pragas Urbanas

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Uma outra ida em um app amarelo de encontros;

Os olhos não sabem que horas são, estão tontos;

Parece fácil se deixar enganar quando se quer ser enganado e não há motivos para continuar descrente;

Poderia ser dito que existia alguma substância, porém não havia nada naquela mente;

Ele disse 16, você entendeu 18, mas na verdade era 14;

Era como queria em pensamentos quase inexistentes, andando em meio a madrugada por ruas quase planas;

Compartilhando espaço com as pragas urbanas;

Dedos grandes e gelados sob teclas de um Dell modelo 2011, um predador em potencial a espera de uma mente prematura;

Futuras feridas da alma e para essas não há sutura;

Copos de extrato de tomate sob uma mesa empoeirada, um sofá carmim e manchas suspeitas sob as almofadas;

Paredes bege marcadas pelo mofo, cômodos escuros com as luzes apagadas;

Um endereço na tela que iluminava todo o cômodo;

Está é a gênesis, a gênesis de um incomodo;

As batidas na porta diziam o quão suave era o ser que estava por trás dela;

Você o deixa entrar e em seguida fecha a janela;

Ainda existia alguma inocência? Talvez ele soubesse o que iria acontecer ou tivesse uma leve ciência;

Como algo retirado de um filme de horror você tocava o corpo franzino dele dizendo palavras profanas;

Emoções mundanas, dividindo corpo com pragas urbanas;

Você disse 30, ele leu 27, mas na verdade era 42;

Uma mente menos poética já imaginava o que vinha depois;

Ele me disse como doía e embora eu não estivesse lá não pude conter minhas lágrimas;

Eu sei que aquele sorriso no relato era uma forma de não tomar posse da violência cometida;

Eu sei que todos aqueles copos na maioridade eram uma espécie de curativo naquela ferida;

Você está queimando por dentro;

Você está pegando fogo lentamente;

Você grita para que alguém vá mais forte enquanto soa e não sente;

É algo complexo como esse sentimento de ser observado e apalpá-lo enquanto fecha as persianas;

É apenas mais uma vítima de pragas urbanas.

Cartas Aos PulsosOnde histórias criam vida. Descubra agora