É possível distinguir o abandono do afastamento?
Meu pedido foi por paz e distância;
O ofereci embrulhado em papel machê;
É tão mais fácil desistir do que aceitar o fato de que se é possivel perder;
Esse não é o fim, ainda é cedo;
Esperanças podem ser vestidas de azul, deixando o verde de lado e tudo isso por medo;
Espero ser capaz de transmitir o sentimento de corrosão que constantemente me devasta;
Havia em mim muito mais que desejo, uma vontade nefasta;
Se eu que te mandei embora, porque estou em prantos enquanto se afasta?
Me sinto como uma pedra polida pela água salgada do mar, gasta.
Falésias não se formam aleatoriamente;
Falências não se dão de repente;
Somos seres presos na mesma corrente;
Marítima? metalizada? O que melhor se encaixar na compreensão do leitor;
O fato é: Partimos, você se partiu em dois na tentativa de me manter completo;
O som dos seus braços se estilhaçando ainda me mantém inquieto;
Meu peito se abriu em sangue e tudo se esvai pelos canais;
Nossas dores expostas, à deriva como um barco sem cais;
Nossas idas sem vindas, nossos atos de doação, nós tão viscerais;
Eu gostaria de dizer que não posso viver sem você, mas você me conhece, eu estaria mentindo;
Se fui eu quem causei sua partida porque esse rio em meus olhos continua fluindo?
Falésias não se formam rapidamente;
E eu não posso voltar atrás, mesmo que eu tente.
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Cartas Aos Pulsos
PuisiCartas aos Pulsos traz alguns escritos antigos e atuais que refletem o que eu vi e vivi em diferentes ambientes de convívio e diferentes situações. É a minha poesia cotidiana em sua forma mais bruta.