Penso se teria as habilidades necessárias para não me quebrar toda vez que for atingido, são ondas, tsunamis em potencial que de repente me cobrem;
Sinto que estou fazendo muito mais do que meu corpo suporta, e toda vez que penso em sair há essa coisa enorme bloqueando a porta;
Eu estive sendo oxidado pela brisa salgada do mar por tanto tempo que mal sei reagir ao agora;
As circunstâncias me trouxeram ao canto mais escuro desse estado, de um jeito que até meus olhos já estão nublados;
Minhas pequenas revoltas são sempre internalizadas;
Enquanto me cubro em cinza com minhas mãos atadas;
As vezes me sinto sempre em segundo plano, como Herculano;
Pompéia sempre será um sinal aos que temem o fogo, porém somente as erupções internas acontecem de novo e de novo;
Penso se teria as habilidades necessárias para não me render toda vez que perco um pedaço do meu ser em discussões cada vez mais fúteis;
Essa desconexão com meus semelhantes é inerente a minha existência;
Meus afastamentos são cuidados paliativos, não uma providência;
Essas multidões continuam sendo estranhos conhecidos, que fiz questão de desconhecer;
Se cada movimento que eu der será visto como egoísmo, que meu ego tome conta de mim e que tudo se queime em um cinismo vazio;
Toda história precisa de uma vítima de caráter dúbio, sem amante ou capacidade de ser amável;
Preciso que os caminhos da estadual sejam abertos, para que finalmente eu volte para o inferno ensolarado;
Eu não aguento como o cinza fez deste lugar um terreno profano;
Diálogos estão para mim como o vesúvio está para Herculano.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cartas Aos Pulsos
PoetryCartas aos Pulsos traz alguns escritos antigos e atuais que refletem o que eu vi e vivi em diferentes ambientes de convívio e diferentes situações. É a minha poesia cotidiana em sua forma mais bruta.