𝔰𝔢𝔳𝔢𝔫𝔱𝔢𝔢𝔫

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•------» 𝚜𝚒𝚔𝚒𝚣𝚞 «------•

𝔣𝔢𝔩𝔦𝔵

A rotina de aguardar sentado em alguma mesa do refeitório todas as manhãs por pelo menos meia hora era entediante. Mas também é inevitável.

Subi as mãos para o rosto e suspirei. Será que Jeongin já chegou?

Fiquei me perguntando, tentando tomar a difícil decisão de levantar e procurá-lo no lugar de sempre ou deitar os braços sobre a mesa e dormir até o sinal me acordar.

Mas que ansiedade do caralho.

Me levantei num impulso, enfiando o celular no bolso de trás da calça. Lembrei da cena que deixei Minho e Hyunjin ontem, e não soube dizer se fiquei orgulhoso de ter confiado no Min, ou se chorava em agonia pela opção das coisas terem dado errado e ele agora me odiar pela mínima decisão que tomei.

Será que ele vem hoje? Minho não parecia abatido como eu esperava que ficasse, mesmo sendo profundamente afetado, ele ainda me parecia diferente do Minho que costumava afastar quaisquer outras pessoas que fizessem as mínimas coisas que não lhe convinha. Mas algo latejava na minha cabeça dizendo que era paranóia minha, que o fofinho estava bem nas mãos daquele alfa. Talvez bem até demais...

Talvez eu devesse mesmo confiar nele, né?

Mas o que esse merdinha faz aqui? Beijando o meu Yang, agarrando o corpo dele como se fosse uma criança faminta segurando um algodão doce e devorando-o depressa, levando em consideração que seu doce derrete na boca tão inesperadamente.

— Felix... — Jeongin esfregou as costas da mão na boca, limpando aquela pouca saliva restante da baba trocada.

Respirei fundo, não sabendo o que fazer com os cheiros misturados entregues ao meu olfato sensível.

Changbin era um alfa robusto, algo me dizia que era mais maria mole que o próprio ômega ao seu lado, mas não deixava de trazer detalhes vibrantes. Ele cheira a madeira. Igual carvalho. Mas um carvalho em um dia frio, ameno, com suas poucas folhas e aqueles pequenos musgos enfeitando seus galhos imensos e majestosos.

O cheiro dele tem uma imagem linda, e me agonizei em imaginar o cheiro. Cheiros detalhados me colocam de joelhos, não quero me ajoelhar para ele.

Mas Yang... eu me rolaria na lama por ele. Aquele ômega maldito, cheirava a vinho. Doces uvas que também se amargam. Um cheiro forte mas também suave. Uma uva bem escurinha, pomposa e suculenta, num cacho bem desenhado apoiado num pano macio.

Odeio como os dois cheiros se misturam num emaranhado de leveza e sofisticação, mas também sabem como atacar e colocar betas em posições incompreendidas onde os pensamentos passam mais rápido que os reais acontecimentos.

Faz cinco segundos que Jeongin chamou meu nome e me encara desde então. Changbin desvia o olhar para tudo ao redor. Não estou ao seu redor.

— Jeongin.

Puta merda, vá se tratar Lee Felix. Não sabe falar não?

— Estávamos só... — tentou explicar.

Precisava explicar? Eu meio que vi tudo... até a língua cabeluda do queridinho do Seo entrando na boca do meu Innie.

Se ele enfiasse a língua cabeluda dele na minha, será que Innie iria ficar agoniado como fiquei? Mas eu quero a língua cabeluda dele na porra da minha boca?

— Eu meio que vi — respondi, estendendo a mão para segurar seu cotovelo e o puxar para mim.

Fiz questão de olhar nos olhos do sujeito de língua cabeluda e me afastei com Jeongin ao meu lado. Será que ele ficou bravo? Espero que arranque os próprios cabelos de raiva por eu ter tirado Jeongin dos braços famintos dele.

𝐜𝐥𝐨𝐬𝐞 𝐞𝐧𝐨𝐮𝐠𝐡 ♥ 𝐡𝐲𝐮𝐧𝐡𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora