𝔢𝔦𝔤𝔥𝔱𝔢𝔢𝔫

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•------» 𝚜𝚒𝚔𝚒𝚣𝚞 «------•

Estar suspenso de longe era ruim. Péssimo era a palavra mais adequada para descrever a agonia da distância que precisava ficar do lobo que amava.

Hyunjin bufou e respirou fundo, inquieto na própria cadeira de seu quarto, lamentando a distância massante. Olhou o celular, aguardando uma mensagem qualquer do garotinho, uma mensagem que parecia não chegar nunca. Ele olhava o celular já fazia mais de uma hora.

Depois de convencer Lino a ficarem em casa naquela sexta-feira, teve a imensa frustração de passar o final-de-semana entediado, desejando beijar o rosto bonito mais vezes. Mas como Minho havia dito, estava ocupado, não podia sair de casa.

Ele não entendeu bem, mas parecia um assunto delicado ou algo assim, já que poucas mensagens foram trocadas e na meia hora que ficaram em ligação de voz, o baixinho pouco falava. Sabia que deveria esperar o momento certo para conversarem melhor sobre aquilo. Mas naquele momento só conseguia pensar no quanto queria ignorar a distância, as aulas, todo o resto do mundo para beijá-lo e o ter para si o resto do tempo.

— Omma! — Hyunjin gritou de seu lugar, levantando segundos depois indo procurar a presença da mais velha.

— Oi querido — ela cumprimentou, atrapalhada em dobrar algumas roupas — Precisa de algo?

Ele pegou os tecidos das mãos dela e os largou na poltrona ao lado, se sentou no colo da mãe e a abraçou. Ele sentia falta dos colos que ganhava quando era mais novo.

— Está tudo bem, alfinha? — ela perguntou carinhosa, usando o apelido que o menor costumava amar. Agora não se passa de uma lembrança frequente — Seu cheiro está diferente...

— Tô apaixonado, Omma — ele suspirou, ainda se decidindo de contar a ela.

Parte de si quer gritar dizendo que ele já está grandinho pra ficar tão sensível e gostar do colo da mãe. Mas não passa de um conforto incrível. Não tinha o porque esconder coisas tão preciosas da mulher que lhe deu a vida e nunca lhe negou amor.

— Woah, quem foi a garota que roubou seu coraçãozinho? — ela perguntou animada, afastando o corpo para brincar com as mechas loiras do maior e sorrir pela novidade.

— GarotO, mamãe — ele revirou os olhos, havia se esquecido que a mãe era velha e tinha muitos conceitos enraizados, mesmo que a mesma soubesse tirar as raízes aos pouquinhos, ainda era novo para ela.

— Certo, certo — continuou sorrindo, sequer se importando demais. A alegria dele valia a pena — Quem foi o ômega... ou beta, alfa, não sei. Quem quer que for, desde que se amem já tá bom... né?

Reconstruções são confusas, mas necessárias. Hyunjin sorriu.

— Um ômega, mamãe — contou feliz — Ele é um ano mais novo, um tico, baixinho mas nem tanto... e mamãe, ele cheira a laranjas — suspirou.

Aquele típico suspiro apaixonado, cheio de ar, carinho e um quentinho delicioso no alto do peito. A senhora Hwang reparou nos olhos brilhosos, sorriu mais e acariciou as bochechas do querido e amado filho.

— Me diga mais, qual o nome dele?

— Lee Minho — respondeu, brincando com os cabelos da mãe. Pelo visto era coisa da genética — Ele é tão precioso mamãe...Ele me pediu pra sentir meu cheiro no meio do ônibus! Sabe o que é isso? Ninguém nunca faz essas demonstrações em público, mas ele ficou lá todo fofo e eu deixei — ele gesticulava, alegre demais para conter — Omma, ele ficou grudado em mim igual um coala fofo, cheirando meu pescoço e quase dormindo, puta que o pariu, eu-

— Olha a boca — ela riu, o encarando nos olhos.

— Bláh, bláh. Grande besteira, eu ouvi você xingando a vizinha chata outro dia, não se faça de santa mamãe — os olhos reviraram em puro descontentamento, mas os lábios sorriam com tamanha intimidade e bobagem que faziam.

— Mas você xingou a mãe do ômega que gosta, ué, que namorado faz isso?

— Omma! Não somos... não somos, sabe, namorados... não oficialmente. Quer dizer, eu considero já, mas... quero fazer um pedido do jeitinho que ele gostaria.

— Por que você foi suspenso mesmo? — ela levantou uma sobrancelha, lembrando-se do pequeno detalhe, amando de estar encaixando os botões.

— Não vem ao caso.

Óbvio que vem! Mas que criança mimada. Hyunjin ainda cruzou os braços, revirou os olhos e fez sua tão conhecida cara de deboche que a mãe já estava acostumada. Mas assim como ela, Hyunjin já estava acostumado com o olhar intimidador e mandão da mãe.

— Falaram coisas ruins dele... aí eu... bati no MInjung.

— Minjung? O que ele fez?

— Foi um bosta, um pau no cu, um filho de um-

— Ai eu gosto da mãe dele, pare de xingar pessoas além das necessárias, querido.

— Foda-se, não quero mais falar com aquele embuste.

E mesmo que as palavras sejam de graça, suas feições fecharam. Minjung não era mais alguém viável em sua vida, o odiava por diversos motivos. E talvez sua mãe devesse saber já que foram amigos por tanto tempo, mas certas coisas preferia guardar consigo. Ela sabia, e também sabia que o cheiro daquelas nozes e chocolate queimado não vinham de panela nenhuma.

— Foda-se então — ela finalizou.

— Omma! — ele riu, surpreso com as palavras da mais velha.

Amava sua mãe, e a liberdade que tinha com a mesma. Mas talvez nunca saberia exatamente o que se passa na cabeça de Minho, não completamente.

. . .

— Por que caralhos você nos deixou sozinhos na escola na maldita sexta-feira passada, Lee MInho? — Felix o estapeou da forma que podia, gentil mas ainda irritado. Ele não queria que Minho entendesse que não havia ficado chateado.

E bom, tinha uns acontecimentos bem detalhados de emoções loucas e incompreendidas para lhe contar, longe de outros ouvidos alheios.

— Eu só quis faltar — deu de ombros, abraçando o outro.

Yang mexia no celular, sequer reparou na confusão. Sua concentração toda se resumia em mover os polegares pelo teclado brilhante do celular.

— Preciso conversar — Lix falou, cruzando os braços e olhando ao seu lado o outro ômega distraído — A sós — Minho só concordou e deixou ser puxado pelo braço até outro canto da sala.

Felix cutucava o canto dos dedos, agoniado com a angústia de guardar tantos pensamentos desde a semana anterior. Minho era seu melhor amigo, mesmo que não demonstrasse tal. E não poderia falar com Yang, levando em consideração que o garoto era o motivo de grande parte de seus pensamentos surtados.

— Achei Jeongin quase comendo o Changbin e depois o pão mofado ficou flertando comigo enquanto falava do beijo com o garotão de língua cabeluda.

A entonação da voz do Lee mais novo trazia um tom ansioso, agitado e meio sarcástico. Como ele próprio descreve: a pior incompreensão.

— Ah... já era óbvio que algo 'tava rolando entre eles, né? — Minho continuou, dando de ombros — Mas qual é a do flerte contigo?

O sardento revirou os olhos, louco para finalizar a conversa, mesmo que tivesse esperado tanto para colocar aquelas palavrinhas para fora.

— Eu vou lá saber, porra? — cruzou os braços, incomodado — Me dá seu celular.

Felix era intrometido, muito impulsivo às vezes. E essa se dava mais uma vez em que deixou os impulsos nervosos de sua ansiedade tomarem conta de seu corpo, digitando uma mensagem suspeita para o Yang.

— Ahm... Min, acho que você vai se divertir hoje — o loiro riu, devolvendo o celular aberto em uma mensagem específica — A senhora Hwang te aguarda para um almoçooooooooooooooooooo — ele berrou pulando ao redor do amigo.

— Ah?

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𝐜𝐥𝐨𝐬𝐞 𝐞𝐧𝐨𝐮𝐠𝐡 ♥ 𝐡𝐲𝐮𝐧𝐡𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora