10| Eu te amo

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“Não posso te oferecer o mundo, mais se me pedir, posso queima-lo por você.
Então me peça, docinho.
Me peça por que eu terei o maior prazer de transformá-lo em cinzas apenas para vê-la feliz”.

ZYAN


A chuva fraca molhava aos poucos o vidro da janela e escorregava até terminar no batente de madeira, Abby terminava de colocar a mesa enquanto eu ajeitava a lareira e encarava a chuva através da janela. 

Ela sorriu enquanto derramava algo em cima das panquecas já postas na mesa, Abby cantarolava alguma canção e volta e meia sorria feito uma boba.

E eu sabia que isso se devia ao fato de que ela havia visto Robert.

Sabia que o sorriso que  iluminou seu rosto noite passada era por conta dele. 

Me aproximei da pia e lavei minhas mãos acompanhando com o olhar ela derramar um pouco de café em uma xícara. 

— Tem uma goteira em cima do fogão, será que podia olhar depois? — ela instigou se aproximando.

— Claro, vou resolver — garanti me sentando diante da mesa. 

Ela deu a volta passando por mim e sentando do outro lado.

Peguei o jornal e o abri direto na página de Obituários, mais não havia nada de interessante além de uma morte por acidente.

Virei a página nos desaparecidos e a primeira foto que vi foi a de Abby.

Varri meus olhos pelos nomes e fotos antes de fechar o jornal e o deixar de lado. 

— O que disse ontem? — perguntei atraindo seu olhar confuso — Para ele, que história contou, sobre nós? 

Abby limpou as mãos antes de engolir um pedaço de panqueca que mastigava. 

— Bom, eu disse que você me achou na floresta...— ela apertou os dedos uns nos outros e então voltou a me olhar — E que cuidou de mim... 

Sorri com ironia e a vi se mexer na cadeira. 

— Disse que tentaram me matar e que por isso ainda estava me escondendo — finalizou pegando a xícara de cima da mesa.

— É uma história convincente.

— Sério? 

— Hum rum — concordei e a vi tomar um gole de café — Só precisa ajustar alguns detalhes.

— Como o que? 

— Como o motivo de você não ter ido até uma delegacia prestar queixa e procurar proteção! 

— Por que eu faria isso? — ela ergueu uma sobrancelha.

— É o que qual quer vítima faria — dei de ombros e a vi morder os lábios 

— Posso dizer que não fui por que o homem que tentou me matar estava fardado com uma roupa da policia — sorri concordando com seu raciocínio.

— Mais não é o que as câmeras dizem.

— Câmeras? — ela bufou me olhado com desdém — Onde já se viu uma única câmera nessa porcaria de cidade? 

Um sorriso escapou de meus lábios adorando sua forma rápida de pensar. 

— Ok, então. Parece que não há mais nenhum “furo” na sua história — ela sorriu e concordou voltando a comer sua panqueca. 

Batidas soaram na porta nos deixando em silêncio, vi as mãos de Abby tremerem nervosas e então ela engoliu a seco largando a colher sobre o prato. 

Profano PARTE 01  Onde histórias criam vida. Descubra agora