O que há por trás do papel de parede? Segredos e mais segredos

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-Annie




Olho o relógio de pêndulo da sala marcar 23:58. Luce foi dormir a mais ou menos duas horas atrás e nesse instante me encontro fitando Kim bocejar do outro lado da escrivaninha. A luz laranja do escritório está pendida sobre sua cabeça e diante da claridade, posso visualizar mais de perto as tatuagens e mechas grisalhas adornarem os cabelos negros dela.

-Então acreditamos que seu próximo roubo será a guilhotina da Maria Antonieta?

Aceno, desviando a atenção do seu rosto. Kim continua altamente atraente. Ponho uma mão sob o queixo e a entrego três folhas de impressão.

-As únicas matérias encontradas que mencionam a guilhotina ou a lâmina usada em Maria Antonieta. No entanto, todas sem nenhum fundamento. A prisão de Conciergerie não possui registros sobre o patíbulo usado no dia que foi morta. Virou um museu de exibição apenas.

-Seria possível essa ser a guilhotina usada em 1793? -Kim mostra uma das páginas impressas, tendo a manchete de um leilão feito em Paris no ano de 2019, leiloando o objeto usado na Revolução.

Suspiro, me sentindo zonza. E se estivermos atrás de uma pista completamente equivocada? E se Nolan não for o Ladrão das Rainhas?

-Quem garante que é a mesma? Não temos certeza.

-Teremos assim que descobrirmos o nome do comprador. Pense bem, Scully. Se Nolan for o cara, cometeu outros crimes além desses, certo? Se não, como compraria um objeto raro de 60 milhões de euros?

Anuo com a cabeça, voltando para o banco de dados da polícia, no qual busquei seu nome mais cedo. Clico outra vez no histórico, visualizando a data da última atualização dele no Reino Unido. 15 de novembro de 2020.

-Precisamos ir à Paris, descobrir o nome do comprador e finalmente ter certeza se é Nolan. Se está vivo, morto, e principalmente se por um acaso esteja roubando relíquias de trezentos anos atrás.

Kim concorda, cruzando os braços abaixo do busto. Havia retirado o blazer escuro, estando apenas com uma camisa branca social acompanhada da gravata preta. Admiro sem pensar, o blackout tomando metade do braço direito e as demais tatuagens cobrirem o esquerdo.

-Mas antes temos que verificar um lugar primeiro.

Arqueando uma sobrancelha, pergunto:

-Onde?





No dia seguinte, deixamos o departamento sob a justificativa de termos recebido uma suposta pista sobre o paradeiro do Ladrão das Rainhas. Já na estrada, guio Kim pelo gps do meu celular, já que ela insiste nesse carro de 1967.

-Falta muito? Isso parece ser um pouco longe de Londres, não é? -Sua voz surge trêmula e de soslaio, capto o olhar ansioso na estrada.

-O endereço em Killburn era falso, uma camuflagem apenas caso as coisas dessem errado e eu tinha plena certeza disso. Tabby nos entregou a localização que Nolan lhes deu antes de ser interrogado. -Desamasso o pedaço de papel amarelado com os dedos e sinto suas mãos tremerem acima do volante. -Kim...Está tudo bem? Quer que eu dirija?

Ela meneia o pescoço de modo negativo e em seguida volta para a estrada.

-O quê? Não. Minha mente vagou apenas por um minuto. Huh...Qual o nome da rua mesmo?

-Step Hill. Isso fica em Streatham, certo?

Ela oferece um sorriso nervoso ao passo que faz a curva acentuada na Becmead Av., nos trazendo à uma rua repleta de casas de tijolos, contendo jardins centrais e placas de VENDE-SE nos portões de madeira branca. Arqueio uma sobrancelha, questionando:

(EM PAUSA) MARIA ANTONIETA NÃO ESTÁ MORTA (ROMANCE LÉSBICO)Onde histórias criam vida. Descubra agora