-Kim
No sábado à noite, pelas 20:00, me vejo rodeada por agentes disfarçando o semblante constrangedor em suas faces, assim como eu.
-Eu pedi apenas uma coisa durante esse fim de semana, crianças. Uma mísera coisa! Esperar por Nolan Barr na porcaria daquela capela! E o que vocês fizeram? Destruíram qualquer tipo de chance que tínhamos! -Brada, a voz firme. Noto a veia saltada em sua testa ao passo que pausa, respira fundo e prossegue. -De quem foi a brilhante ideia de arrumar uma briga de bar na sexta?
O silêncio permanece. Linda cruza os braços, comprimindo a boca e arqueia uma sobrancelha para Lev.
-Oficial Harris?
O homem gagueja algo inaudível e sufoco um riso, bem na hora que vejo Scully semicerrar os olhos para mim. Seu rosto está vermelho como um pimentão, assim como as ondas do cabelo que o adornam.
Que filha da puta desgraçada.
Recordo da primeira vez que a vi, como se fosse ontem. Lembro do rosto tímido, da voz centrada embora mansa, do sorriso encantador e de como fez ser o meu favorito logo no primeiro dia que topamos no corredor da SY. Ainda acho graça do rubor nas bochechas quando falou comigo, a animação a partir do momento que soube que seria minha auxiliar no nosso primeiro caso.
E gravo principalmente a noite que me declarei para ela, na cama queen do meu antigo apartamento. Posso ouvir a batida do Big Ben soar a meia-noite, o cheiro inebriante de baunilha exalar entre os fios ruivos do seu cabelo e de como senti alívio ao dizer que a amava.
Após quatro meses do nosso caso secreto.
-Annie. -Minha voz escapa como sussurro sôfrego. Ela gira o rosto para me olhar, o corpo nu colado ao meu, enquanto acaricia suas coxas por baixo do lençol. -Eu amo você. E não consigo mais guardar isso só para mim, anjo. Você me bagunça, revira o meu estômago sempre que sorri e é a coisa mais linda que eu já quis ter na vida. Eu... -Vejo as gotas d'água surgirem no canto dos olhos verdes dela e lhe dou um beijo, suave e rápido, ansiosa pela reação verbal. -Eu te amo, Annie.
Sou puxada pelas bochechas por suas duas mãos, sendo pega em um beijo quente e profundo, ao passo que sinto suas pernas enroscarem entre as minhas. Franzo as sobrancelhas, me afastando e sorrio com os dentes.
Não acredito que possa ser real. Ela, aqui comigo. Nunca estive tão fodida em toda a minha vida. Porra, o que faço agora?
-Kim, eu...
-Detetive Kim?!
Pisco o olho direito no instante que sou puxada dos devaneios pela voz estridente de Linda Turner. Seu rosto se assemelha a máscara japonesa Hannya. Limpo a garganta, afrouxando a gravata azul no pescoço.
-Sim, chefe?
-Por um acaso adquiriu esses ferimentos lutando com um suspeito?
Levo um tempo para organizar os pensamentos, porém ouço sua voz tomar vez.
-Chefe Turner, a Kim estava apenas me defendendo. O suspeito não se rendeu diante da pré ameaça e ela reagiu.
-Ela não precisa de defesa, Srta. Scully. Você é uma detetive e não advogada. Só gostaria de saber o porquê da sua parceria precisar defender você. O que exatamente aconteceu lá?
Sinto o rosto esquentar e imagino mentalmente as mãos em volta do pescoço magro de Linda. Suavizo o cenho ao passo que vejo Annie tomar outra vez a fala.
-Cometemos um erro, Senhora.
Diante de um suspiro, Turner volta para sua cadeira na mesa de reuniões e ajeita o óculos, o equilibrando na ponta do nariz.
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(EM PAUSA) MARIA ANTONIETA NÃO ESTÁ MORTA (ROMANCE LÉSBICO)
RomanceEm meio à arquitetura gótica de Londres, Annelise Scully, uma investigadora obstinada, enfrenta o desafio de desvendar a identidade de um ladrão em série que só tem olhos para joias da realeza. Mas há algo mais em jogo: sua ex-parceira e ex-amante...