Conforme o tempo passava, mais a droga parecia distorcer os meus sentidos, fazendo com que eu perdesse a mínima noção de quantas horas haviam se passado desde que o sequestrador fechou a cela novamente e simplesmente foi embora.
Qualquer pessoa no meu lugar veria isso como um bom sinal, mas alguma coisa me dizia que ainda não havia acabado. A sensação de tensão antes de explodir em lágrimas e dor, era assim que eu me sentia naqueles segundos se arrastando.
Tique. Taque. Tique. Taque. Tique. Taque. Tique. Taque. Tique. Taque. Tique. Taque. Tique. Taque.
Tiq... O som do motor de um carro soou, lá fora, onde eu sequer podia ver. Fiquei de pé, cambaleante. Meu corpo estava fraco, eu precisava de água tanto quanto de luz.
Aqui dentro era escuro, deserto, e podre. O cheiro de sangue do corpo do anônimo estava começando a se alastrar, mesmo que ele não estivesse mais dentro da cela.
O sequestrador fez questão de arrastá-lo pelos pés antes de sair, murmurando aos sorrisos perversos que adoraria queimar a pele dele, costurar, e abrir de novo.
- E você - disse, se virando para mim - fique quietinha, ouviu? Não adianta gritar, ninguém pode te ouvir. Não adianta correr, ninguém vai vir salvar você. - Então ele começou a rir histericamente, chegando a me provocar calafrios - Porque a Aurora é sozinha, Aurora não tem ninguém...
Idiota miserável. Assim que eu conseguir sair daqui, vou fazê-lo pagar.
Caminhei alguns passos, testando a pouca força das minhas pernas. Elas teriam de servir assim mesmo.
- Ei, garota! Você aí - Um homem surgiu, de algum lugar, já que eu não podia ver ele - Onde pensa que está indo, gracinha?
Tentando ao máxima ser rápida, agucei meus ouvidos para distinguir onde ele estava. Atrás de mim. Corri até ele, agarrando com meus braços seu pescoço. Ele tossiu, surpreso, tentando imediatamente se soltar da pressão que meus dedos faziam contra sua carótida.
- Quem é você? Onde ele foi? - Pressionei ainda mais sua garganta, reunindo o máximo de esforço possível para imobilizá-lo por tempo suficiente.
Não demoraria muito para ele se soltar. Eu estava fraca, minha cabeça latejando de dor. O sangue já havia ficado seco, mas ainda havia a possibilidade de eu ter sofrido uma concussão cerebral.
- Me solta sua vadia - Grunhiu, tentando se soltar do meu aperto.
- Me diga onde o seu mestre está, seu miserável. - Descontei toda a minha raiva em seu pescoço, agarrando e enfiando minhas unhas - Se não me falar, juro que quebro o seu pescoço agora mesmo.
- Eu não sei de nada - Ele praticamente suplicou, quase perdendo as palavras no meio. - Pela minha vida. Eu não sei nem mesmo o nome dele. Pra falar a verdade, não sei nem o rosto. Ele vive com uma máscara estranha.
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Deusa das Sombras
RomanceEssa obra contém HARÉM REVERSO, incluindo gatilhos. Aurora Delaney sempre foi uma garota invisível para a sociedade. Vinda de mais uma das milhares famílias ricas de Houston, suas notas se mantiveram impecáveis durante os últimos dezoito anos. Ent...