3. Provocação

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A vida de Edward Ellingham não era muito diferente do que se esperava de um Duque jovem. Ele perdera o pai a dois anos, e desde então se dividia entre cuidar da mãe viúva, monitorar a irmã caçula que estudava no exterior, as tarefas do ducado, finanças e afins. Além disso, como qualquer homem em idade jovem, ele também se perdia em belas mulheres e a luxúria que elas poderiam proporcionar. Era um libertino nato.

Edward nunca havia pensado profundamente sobre amor, até seu primo Phillip se casar, e mesmo sendo um casamento arranjado, se apaixonar, e ter filhos. Observar aquela felicidade tão de perto, o fazia sentir curiosidade sobre aquele sentimento tão autêntico. Entretanto, nenhuma mulher havia despertado algo diferente de desejo, ou simpatia, exceto por Charlotte Lancaster. Charlotte lhe causava uma completa curiosidade, e um misto de admiração e humor. 

Ele a havia conhecido por meio da esposa da Phillip, ela não se encaixava no que a alta sociedade considerava como belo, era uma mulher rechonchuda, curvilínea, com muito mais quilos que uma mulher deveria ter, mas mesmo isso não fazia com que fosse considerada uma mulher desprovida de beleza. Charlotte possuía brilhantes olhos azuis, e um longo cabelo louro claro, uma pele pálida, e lábios e bochechas rosados que ganhavam o tom avermelhado quando ela se sentia envergonhada ou com raiva. Nela, pela primeira vez, ele havia encontrado uma amiga, a única mulher com que ele podia ser apenas Edward, não o Duque de Ellingham, não o libertino Edward, apenas Edward.

E assim, foram os últimos quatro anos, Charlotte sempre esteve ali, com sua voz doce, jeito gentil mas sem deixar de impor suas opiniões, a duquesa viúva Lady Genevieve, por vezes já tinha citado o quão encantador seria ver a sua união com a jovem solteirona. Porém, ela era Charlotte, sua melhor amiga, sua única amiga, e por mais que as qualidades dela fossem realmente admiráveis, aquelas não eram as qualidades que sua futura esposa deveria ter. Apesar de nem ele próprio saber exatamente as qualidades que a esposa de um Duque deveria ter.

Contudo, ele levantara naquela manhã com um certo incômodo em seu ser, o baile da noite anterior na mansão Beaumont, não apenas tinha inaugurado a temporada, mas também parecia ter mudado algo na Charlotte que ele sempre conhecera. E ela estava linda, como ele nunca vira antes, entretanto, ela também estava determinada a encontrar um marido naquela temporada. Edward nunca imaginara Charlotte se casando, por Deus, ela já tinha vinte e seis anos, e qualquer mulher que atingisse aquela idade sem se casar, era porque estava destinada a não se casar. Porém, o surgimento do tal primo, a exigência do pai, a determinação que ela exalara e a forma como estava magnífica, mostraram que talvez ele estivesse errado. E não apenas aquilo o desagradava, como também o fato dela ter dito com todas as letras que ele não era uma opção na função de marido.

- Não existe um mundo que Edward Ellingham não seja uma opção para uma mulher. - disse ele enquanto observava os músculos no espelho ao se vestir - Exceto para as donzelas casadas...mas nesse caso, elas que não são uma opção.

Céus, ela havia ferido seu ego. Uma mulher que ele jamais considerara ter algo, que ele jamais desejou, havia conseguido o feito de o ter abalado. 

- O que eu farei com você, Charlotte? - pensava em voz alta enquanto terminava de se vestir.

Obviamente ele não podia seduzi-la, ela era uma Lady, era sua amiga, era a única que ele se sentia completamente confortável. Mas ele podia instigá-la, poderia levemente aflorar alguns sentidos adormecidos, e isso ele sabia muito bem como fazer. Além disso, seria benéfico para Charlotte, ela poderia ver que Peter Smith era uma péssima escolha, já que até um amigo conseguia despertar sensações que o tal primo jamais conseguiria. Era isso! Uma pequena vingança brincalhona e benfeitora.

Ele desceu as escadas da mansão sorrindo, indo diretamente a sala de refeições, para o desjejum onde sua mãe o aguardava.

- Me pergunto, quem será a jovem que será corrompida pelos seus caprichos hoje...pelo tamanho do seu sorriso, é uma pobre mulher que logo estará em grandes apuros.  - disse a duquesa viúva enquanto dava um gole em seu chá.

Para sempre seu DuqueOnde histórias criam vida. Descubra agora