11. Recusa

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Edward saiu da casa dos Beaumont com a cabeça cheia de pensamentos, mas seu coração, pela primeira vez em dias, parecia ter uma direção clara. A neblina de indecisão que o cercava estava se dissipando, substituída pela certeza de que não poderia mais permitir que o orgulho ou a covardia controlassem suas ações.

Ele montou em seu cavalo com a intenção firme de ir até Charlotte. Mas, à medida que as ruas passavam rapidamente ao seu redor, a familiar ansiedade começou a apertar seu peito novamente. O que ele diria? Como se desculparia por tê-la deixado sem uma explicação após aquele beijo? E o mais importante, o que ela diria? E como ele lidaria com arruinar um noivado que aquela altura provavelmente já se tornara publico, não formalmente, mas através das más línguas e fofocas. 

Perto dali, Charlotte andava pela gigantes biblioteca da mansão do duque de forma inquieta, sabia que havia tomado uma decisão difícil, sacrificaria todo o seu futuro em nome da família e que apesar de tudo, seu destino ainda era de sorte, Peter Smith era um homem bonito, atencioso, e que verdadeiramente gostaria de se casar, sabe-se Deus o porque ele a havia escolhido. Embora Charlotte sempre quisera se casar por amor, sabia que a realidade era muito diferente dos livros de romance que costumara ler.

A biblioteca estava mergulhada em um silêncio pesado, interrompido apenas pelo ocasional farfalhar das páginas que Charlotte folheava sem realmente ler. As palavras de Genevieve ressoavam em sua mente como um eco insistente. "Se não estiver em paz com sua decisão, querida, não a siga cegamente." Mas como poderia estar em paz com algo que parecia a única escolha sensata?

— Isso é loucura, Edward me evitou após um beijo, dirá sentir algo por mim. — ela suspirou enquanto buscava outro livro que chamasse sua atenção —  Casar com Peter Smith é a melhor decisão, e eu preciso ir embora desta casa, uma mulher noiva na casa de outro homem é completamente inaceitável...

Charlotte sentiu uma onda de frustração passar por seu corpo. Não havia como negar: Peter era um bom partido. Ele era gentil, respeitável, e qualquer mulher se sentiria sortuda por tê-lo como marido. Mas, por mais que tentasse, Charlotte não conseguia afastar o incômodo persistente que lhe cutucava o coração.

"Amor...", pensou ela, sua expressão amarga. "Tão superestimado quanto inalcançável. Minha vida não é um conto de fadas, e eu seria tola em continuar acreditando que o final perfeito existe."

Ela fechou o livro abruptamente, um som que pareceu ecoar pelo vasto espaço da biblioteca. 

— Edward jamais sentiu algo por mim além de amizade. — repetia a si mesma, tentando cravar essa ideia no espírito como uma espécie de escudo contra a dor. No entanto, o escudo estava frágil. Muito frágil.

Do lado de fora, Edward já havia chegado à mansão, seu coração batendo forte enquanto os pensamentos se embaralhavam. Ele sabia que não poderia voltar atrás no tempo, mas talvez pudesse desfazer o que estava prestes a ser um erro terrível. Ele se preparou, respirou fundo e perguntou a um criado que onde estava a jovem, ao que prontamente foi informado que se encontrava na biblioteca. 

Enquanto isso, no interior da biblioteca, Charlotte ouviu o suave som de passos se aproximando e se virou instintivamente para a porta, prendeu a respiração ao ver Edward. Ele estava ali, parado à porta, como se tivesse todo o direito de aparecer de repente, no meio de sua confusão. A expressão dele, embora despreocupada à primeira vista, escondia uma intensidade que a fez sentir um frio percorrendo sua espinha.

— Charlotte — disse ele suavemente, como se o som do próprio nome fosse uma desculpa por sua presença não anunciada.

Ela endireitou-se, os dedos ainda pressionando as bordas do livro que segurava, numa tentativa de controlar o nervosismo que subitamente se instalava. Não esperava vê-lo tão cedo... se é que o esperava ver de novo.

Para sempre seu DuqueOnde histórias criam vida. Descubra agora