CAPÍTULO-VINTE E OITO

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Na cozinha a água cai em abundância no lava loiça deixando a sala toda molhada, alguns dias após a audiência de Sekena  que Dandara não sai de casa, ela estava em transe, os sentimentos confusos, a dor no coração e na alma. Estava indo do mal ao pior, sua vida havia acabado por completo.  Depois do julgamento que ela não viu Sekena, não porque não o queria ver, era porque se sentia envergonhada por tê-la abandonado quando mais precisava dela. Sekena por outro lado tentou a todo custo vê-la,  no entanto Dandara  recusava-se a vê-lo.

Na casa de bainha,  debaixo do cheiro frio, Dandara olha para o nada, seus pensamentos viagem entre tempos felizes e triste quando estava com o marido, um sorriso triste nasceu quando  lembrou o dia em que Sekena a levou para o Cinema pela primeira vez e dizer-lhe que a partir daquele momento estava namorando.  Certamente ela não achava que ele falava sério, porém quando ele a beijou pela primeira vez soube que eram sim um casal.

As lembranças começaram a se tornar um tormento, causando-lhe  um luta interna  entre a razão e a emoção.  Tudo se torna mais difícil quando sua alma quer pertencer a escuridão,  e a escuridão quer abraçar a emoção. 

Tudo se torna escuro pois não tem para onde correr ou cair. Talvez sua alma quisesse um amor negro, onde as feridas são constantemente abertas, porém tem sempre alguém para a soprar, onde não existe solidão,  que lhe faça lembrar sentir acolhida, embora  que tivesse a mergulhar no amor sombrio.

— Eu só quero saber o que fiz para merecer isso. Será que eu não mereço ser feliz? — Indaga, levando a garrafa de cerveja a boca e dar um goli. — Você quer que eu morra,  eu estou a morrer, mas não bebida, mas sim de dor, de angústia, saudades dele, mas o que eu posso fazer? Se doi, doi e doi muito.  — Lamenta, ela em lágrimas. 

Com raiva joga a  garrafa na parede  que se estilhaça no chão.  Seu choro se intensifica ainda mais,

— Ele me trai e isso dói muito.  – Desabafou, deitando-se  no chão frio   do boxe. —  Sekena, Você não tinha o direito de fazer isso comigo.

A solidão era seu único companheiro naquela noite escura e fria, o peso da tristeza em seu coração parecia sufocá-la. Todos os momentos felizes agora se transformaram em lembranças dolorosas, o amor que um dia sentiram um pelo outro se dissipou como fumaça no ar.

Dandara se sentia perdida, sem rumo, sem saber como seguir em frente. A ansiedade a consumia, a angústia a corroía por dentro. Ela se sentia como se estivesse presa em um labirinto sem saída, sem esperança de escape.

A ausência de Sekena em sua vida a deixava ainda mais desamparada, como se tivesse perdido não só o amor de sua vida, mas também sua única âncora neste mundo cruel. Ela se sentia abandonada, traída, desamparada.

A garrafa quebrada no chão refletia a fragmentação de sua alma, a dor que a atormentava, a raiva que a consumia. Ela desejava poder apagar todas as lembranças, todos os momentos felizes que um dia compartilharam. Mas isso era impossível, o passado continuava a assombrá-la, a lembrá-la da felicidade que um dia conheceu e que agora estava perdida para sempre.

Dandara sabia que teria que enfrentar a dor, a tristeza, a solidão, a angústia. Ela sabia que teria que encontrar forças dentro de si mesma para seguir em frente, para superar a tempestade que assolava sua vida. Mas no momento, tudo o que podia fazer era chorar, gritar, lamentar a perda do amor que um dia a fez sentir-se viva.

**

Sekane se perguntava se estava a fazer o certo, faz dia que não vê Dandara, embora tivesse em mente que sua esposa não o quisesse ver depois de todo mal que fez a ela, não teria a audácia de tirá-la q razão,  o sentimento de culpa é inevitável, entretanto não havia escolha a não ser viver com ela pelo resto da vida.

Seus olhos saem da estrada por alguns segundos e vão diferente para o banco  antes era ocupado por ela, a imagem de Dandara sumé ao dar espaço ao envelope branco dos papéis do divórcio.   Após a última conversa,  na prisão, Dandara havia solicitado o divórcio e entregue a ele, por intermédio do advogado. 

Quando viu os papéis na mão do homem, seu mundo havia desabado completamente.  Naquele dia, Sekena  chorou   como um menino, seu porto seguro não existia mais,  a decepção de perder tudo por sua culpa, por ser um verdadeiro egoísta,  Sekena se torturava todos os dias por ter cometido o pior erro da sua vida. Trair  foi sua escolha, não importa os motivos  que o levaram a tal condição, foi um compromisso  assumido, portanto não haverá perdão.

Ao olhar para a estrada novamente, toma um susto ao ver o carro vir  em alta velocidade a sua frente, desvia o carro outro lado, evitando um acidente de viação.   Sua respiração se torna ofegante, ao parar o carro  respira fundo  e conta até dez. Na intenção de se recompor. 

— Babaca.  — Insultou, ele,  após colocar o carro novamente em movimento,  rumo a casa de Dandara. 

Estava hospedada em hotel, a decisão de ir a casa dela,  partiu dos papéis do divórcio, era um boa desculpa para poder vê-la novamente.

Já no andar da casa que antes compartilhava com o amor da sua vida, Sekena hesitou em bater à porta.  Tantos pensamentos  surgiram  fazendo-o recuar um pouco da decisão,

mas seu coração doía ao pensar que poderia perdê-la para sempre. Ele sabia que precisava enfrentar seus medos e buscar o perdão de Dandara, mesmo que parecesse impossível.

Finalmente, com a respiração trêmula, Sekena bateu na porta. O coração batia forte em seu peito, enquanto esperava uma resposta, porém não veio, presumindo que talvez tivesse saído.  Contudo, ao olhar para o tapete de de boas vinda molhado,  sua expressão mudou para confusão. Sem entender nada. Sekane tentou abrir a porta e a mesma estava travada.  Com medo de que talvez alguma coisa tivesse acontecido,  o desespero se torna maior quando  vê mais água, sem pensar  duas vezes,  ele  posicionou-se  de lado, o pé direito afastado e em seguida  arromba a porta  usando toda sua força. 

A porta se abriu, dando  a visão de caos.  Seus olhos se arregalaram  e o desespero bateu com tudo. A casa estava um completo escórias, o som da água escorrendo chamou sua atenção   deixando-o confuso.

- Dandara? Dandara.  – Grita, ele enquanto caminhava até a cozinha  e desliga a torneira. — DANDARA... DANDARA. – Em grande aflição, Sekena   correu para o quarto  e nada, a exasperação o fez activar seu instinto de proteção, porém a ansiedade já havia tomado conta de si.   Ao chegar no quarto de banho, suas íris se arregalaram, sem pensar duas vezes  correu até ela e verificou se estava viva, ao perceber que ela ainda respirava  a respiração de alívio se tornou um conforto em seu coração. 

Ele o tirou da água fria, e levou para o quarto, lá  ele cuidou dela,  como sempre fez, com carinho e delicadeza. Tirou suas roupas  molhadas e a vestiu com roupas quente e confortável.

Seu corpo estava trêmulo e os lábios  pálido, o que lhe deixava muito preocupado, pois talvez  teria alguma complicação  futura.  Porém  não podia sair no meio da noite e ainda com chuva. 

— Eu estou aqui, não vou deixá-la. – Sussurrou, ele  enquanto cobria o corpo dela com o  cobertor. 


Omona Wa Makongo |Dark Romance |Onde histórias criam vida. Descubra agora