CAPÍTULO-TRINTA E NOVE

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24 de dezembro, terça-feira, 6h da manhã. Sekena, com a seriedade gravada em cada traço do rosto, observava silenciosamente Dandara dormir. Esse hábito, cultivado há muito, era um pequeno ritual diário que ele não dispensava. A vis pacífica de Dandara adormecida era algo que Sekena amava ter todos os dias, mas naquele amanhecer, havia uma tensão no ar que se misturava com a serenidade habitual.

Dandara, se remexia o que atraia a visão de Sekane.  Ao sentir  que estava sendo observada, ela despertou confusa, olhou para Sekane sem entender.

— O que foi? Por que está  aqui tão cedo? — Indagou,  ela bocejando de sono. 

— Se arrume, vamos sair em menos de 20 minutos. 

— O quê? Como assim? Que horas são?

—  Está surda?  Não me deixe à espera,   tem  19 minutos agora.  — Ordenou,  ele  com o rosto fechado, Sekane se levantou e saiu sem dizer.  Deixando-a ainda mais confusa.

— Idiota. 

Algumas horas mais tarde, já na densa floresta que circundava a pequena cidade, Sekena e Dandara, acompanhados de Braúlio e Cláudia, trilhavam um caminho pouco conhecido. O clima sombrio da floresta parecia absorver cada som, criando uma atmosfera de mistério e apreensão.

— Por que estamos aqui, Sekena? — Dandara perguntou, com um vislumbre de inquietação em sua voz.

Sekena olhou para ela com um olhar firme e determinado.

– Estamos seguindo uma pista. —  ele disse, mantendo o tom de voz neutro. — Acho melhor você voltar para  o carro.

— Eu  estou bem.

— Como você quiser,  querida.  — Respondeu  Sekane  enquanto olhava em volta.

Os olhos de Cláudia   estavam fixos em Dandara,  desde que se viu que  nenhuma palavra foi trocada, apenas os olhares Antes de saírem, Sekane  havia lhe dando-lhe intrusões,  e ela por sua vez seguia sem contestar. 

A trilha os levou até uma cabana abandonada, cuja aparência decrépita e sinistra parecia ocultar segredos terríveis. Sekena foi a primeira a entrar, seguida de perto pelos outros. O cheiro de mofo e algo mais pungente atingiu-lhes as narinas. Dandara sentiu um calafrio percorrer sua espinha.

Dentro da cabana, o cenário era de horror. Fotos de mulheres, algumas claramente tiradas sem consentimento, adornavam as paredes sujas. Mas o que realmente chamou a atenção  foram os objectos sinistros pendurados na parede  e uma espécie de maca de hospital  sujo de sangue. 

Dandara podia sentir a angústia bater em seu peito  e ânsia subir sua bílis, saber que  homem que compartilhou quase uma vida  foi capaz de fazer  isso, a deixava enjoada.  No entanto, a pior sensação é de não fazer nada contra ele.

—  Onde ele  guarda os corpos  ? — murmurou Sekena.

Braúlio se aproximou, lançando um olhar inquisidor para Sekena.

— Como você sabia deste lugar? – ele perguntou, com uma suspeita velada em sua voz. Sekena o encarou, sem vacilar.

— Investigação. —  Rebateu secamente. --  Eu sigo pistas, não suposições.

Cláudia, observando a tensão crescente, interveio.

— Precisamos nos concentrar no que importa. As vítimas merecem justiça.

Dandara, que até então observava a interação, sentiu uma onda de náusea ao processar a realidade do que estava diante deles. Sem conseguir se conter, ela correu para fora da cabana, lutando contra a vontade de vomitar. Sekena a seguiu,  deixando Braúlio e Claudia  dentro da cabana ,lá fora, Dandara se debruçou, ofegante.

Omona Wa Makongo |Dark Romance |Onde histórias criam vida. Descubra agora