- Não, Rodolffo. Não vai acontecer nada sem antes eu contar uma coisa importante.
- Desculpa. Foi maior que eu. O que é que queres dizer?
- Não peças desculpa. Eu também quero, mas primeiro preciso falar.
- Quero que saibas que não foi propositado. Aconteceu. Nós conhecemo-nos num comboio. Eu enganei-me e em vez de apanhar o comboio para sul, apanhei para norte.
Tu foste atrevido, meteste conversa no bar e fomos para a minha cabine. Aconteceu. Do nada estávamos a transar e que transa!
Rodolffo sorria.
Transámos mais uma vez e por fim chegámos a Ponte de Lima. Levaste-me a tua casa, mas Aconteceu uma coisa com a tua mãe, que não vale a pena falar e eu vim para Viana onde não tardou a que tu me encontrasses.
Ficamos juntos nessa noite e na manhã seguinte saíste para trabalhar e prometeste voltar, mas isso não aconteceu nem nessa nem nas noites seguintes. Acho que foi no dia em que tiveste o acidente.Liguei várias vezes e também mandei mensagens. Por fim num dia a tua mãe respondeu e disse que tinhas ido ter com a tua noiva. Haviam reatado a relação e que ela tinha o telemóvel porque te tinhas esquecido dele lá em casa.
- Parece que isso foi tudo mentira.
- Sim. A Lia contou-me, mas isso é passado. O presente é agora e eu vim cá só para te dizer que toda a nossa loucura teve consequências.
Eu tinha ideia de comprar a pílula do dia seguinte, mas com a confusão esqueci-me.Fica sabendo que não quero forçar-te a nada, apenas quis ser eu a contar. O teu sonho era real. Vamos ter um filho. Eu estou grávida de quase dois meses
Rodolffo não disse nada. Deitou a cabeça no meu colo e beijou a minha barriga. Tinha lágrimas nos olhos que eu limpei com a ponta dos dedos.
Ficámos ambos em silêncio. Eu olhava para baixo e via Rodolffo franzir a testa. Levou as mãos ao rosto e esfregou as têmporas.
- Que foi Rodolffo? Estás com dores?
- Uma dor de cabeça terrível.
- Queres um comprimido? Diz-me onde estão.
Rodolffo tomou o comprimido, segurou na mão de Juliette e levou-a para o quarto.
- Vou dormir um pouco. Ficas aqui comigo?
- Se me quiseres aqui, eu fico.
- Não te deixo ir embora, mãe do meu bébé.
- Estás contente?
- Estou num misto de felicidade e raiva. Muita raiva da minha mãe.
- Deixa lá. Pensa só no que te faz feliz.
Rodolffo deitou-se e Juliette também. No instante seguinte o estômago dela roncou.
- Que desastre que eu sou. São horas de almoço e não te ofereci nada. Anda, levanta-te, vou arranjar alguma coisa para comermos e depois voltamos.
Rodolffo preparou duas tostas mistas e dois sucos. Comeram e voltaram para a cama.
Logo adormeceram abraçados e foi assim que Lia os encontrou ao ir espreitar depois de ver uma mala na sala.
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Falta de atenção
FanfictionEstejam sempre atentos. A falta de atenção pode ocasionar vários contratempos. Um comboio que se perde, um dia que não se vive...um amor que passa e não dá tempo de agarrar.