Capítulo XV

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Já se passou um mês desde que Juliette foi para casa de Rodolffo.   A perna dele está muito melhor.  Agora é só fisioterapia

Juliette é quem o acompanha sempre a todas as sessões.   Rodolffo ainda tem dificuldade em dirigir e Lia nem sempre está disponível.

Hoje, depois de mais uma sessão resolveram almoçar no restaurante.

Qual a probabilidade de Rodolffo e Juliette se cruzarem com a mãe dele?  Muitas.

Os dois já degustavam a sua refeição quando ela entrou acompanhada da amiga.

Ema ao ver Rodolffo  dirigiu-se à mesa.

- Está explicado o porquê de te afastares de mim.  De novo essa aí?

- Mãe, estamos num lugar público.

- Olhe, minha senhora!  Essa aqui, tem nome,  Juliette Graça.  Ou melhor, para si doutora Juliette Graça,  e como pode ver a sua estratégia não funcionou.

- Vai lá em casa, filho.  Vai conversar comigo.

- Não tenho o que conversar enquanto a minha mulher for desrespeitada por ti.

- Mulher?  Há quanto tempo se conhecem?

- Tempo suficiente para saber que ela tem mais carácter que vocês duas juntas.  Agora por favor, deixem a gente terminar de comer.

- Vamos embora, Ema.  Não preciso que me ofendam sem ter feito nada. - disse Micaela.

- Diz ao teu pai que eu preciso falar com ele.  Preciso que ele aumente a pensão,  porque contigo fora de casa não consigo me manter.

- Que idade tens, mãe?  57.  Sabes quantas pessoas com 60 e mais anos vão trabalhar todos os dias.  O meu pai é um deles.

- Mas eu nunca trabalhei.  Vou começar agora?

- Sempre será hora de começar.  Não vou dizer nada ao pai.

- Vou procurar a justiça.

- Pois procure e boa sorte, agora licença.

Elas foram embora sem almoçar.   Os dois terminaram a refeição e foram para casa.
Rodolffo estava triste com a situação.  Na altura da separação dos pais, eles não explicaram o verdadeiro motivo.  Ema acusou o marido de traição e ele simplesmente ficou em silêncio como se fosse verdade.

Os filhos pensaram o mesmo pois viram ele assumir outra pessoa logo de imediato.

Lia estava em casa e Rodolffo contou-lhe do encontro.

- Um dia destes vou lá vê-la.  Tenho umas coisas que lá ficaram e eu preciso delas.  E o meu sobrinho, como está?

- Porque achas que é menino?

- Porque aqui a madrinha quer um afilhado.

- Madrinha?  Quem foi que te convidou?

- Ai Rodolffo,  e precisa?  Quem encontrou a Ju, para ti?  Quem tem cuidado de ti até a Ju vir?
E digo mais, madrinha do bébé e do vosso casamento.

- Já não vai ter casamento,  Lia.  O teu irmão já me apresentou como mulher dele para a tua mãe e aquela outra lá.

- E fez bem.  Tem que cuidar mesmo
Agora vou por-me bonita porque hoje vou sair com o Marco António.

- Quem é Marco António? - perguntou Rodolffo em tom intimidatório.

- Um menino lá da faculdade.  A gente conversa faz algum tempo e hoje vamos sair.

- Eu quero saber tudo.  Quem é a família,  onde vive, quais as intenções com a minha mana.  Ele vem aqui?

- Esquece,  Rodolffo.   Não vais sujeitá-lo a um interrogatório.   Já não tenho 15 anos.

- Para mim tens uns doze.

- Sou mais adulta que tu.  Se não fosse eu ainda estavas debaixo da asa da mãe.

- É verdade.  Juízo mana.  Só não quero que te magoem.

- Fica sossegado.   Não vou deixar.  Agora fui.

Lia atirou-lhe um beijo e seguiu para o seu quarto.

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