Capítulo XVI

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- Preciso voltar a Lisboa, Rodolffo.   A minha baixa está a terminar.

- E nós vamos ficar como?  Eu cá e tu lá?

- Por enquanto não tem outro jeito.
Tu também já vais começar a trabalhar, mas olha uma coisa.

- O quê?

- Eu não gosto que vás todos os dias ao bar.

- O que tem de mal?

- Nada, mas é um local com muitas tentações e eu longe, depois a carne é fraca...

- Ciúmes?  Não tens confiança em mim?

- Eu quero ter, mas há sempre a dúvida.

- Eu posso pensar o mesmo.  Tu sózinha lá em Lisboa.

- Eu estou grávida, Rodolffo.   Não vou sair por aí com uns e outros.

- Eu confio em ti, mas como ficamos?

- Eu vou lá resolver umas coisas.  Vou à médica ver como está o nosso bébé e havemos de encontrar solução.   O importante é que a tua memória regressou 100% e a perna está quase boa.

- Eu vou lá nos finais de semana!

- Rodolffo!  São muitas horas de condução e vais perder quase um dia em viagens.  Vale o esforço para ficarmos só um dia juntos?

- Melhor que nada.

- Olha, meu turrão.  Eu não ia falar,  porque queria fazer surpresa, mas vou pedir demissão e mudo-me para cá.

- Sério?  Vais mesmo? - puxou-a para si e beijou-a.

- Vou.  Vou resolver o que tiver que resolver e depois volto.  Aí eu trago tudo no meu carro.

- Mas não vais fazer uma viagem de cinco horas sózinha.  Quando estiveres pronta para vir eu vou de comboio para Lisboa e regressamos juntos.

- Parece que é a primeira vez que eu faço viagens longas.

- Mas das outras vezes não estavas grávida.

- Gravidez não é doença.

- Juliette não sejas assim.  Sabes que corres riscos.

- Está bem.  Eu ligo.  Agora podes levar-me à estação?

- A que horas é o comboio?  Deixa.  É melhor eu conferir a hora não vás tu apanhar um para Espanha.

- Bem mais perto.  Não é má ideia.  Talvez arranje um espanhol guapo no comboio.

- Dizem que de Espanha nem bom vento nem bom casamento.  Para passear é bom.

Rodolffo levou Juliette à estação dos comboios.  Ficaram grudadinhos até chegar a hora da partida.  Juliette entrou, sentou-se à janela e ficou a olhar para ele e dizer adeus enquanto o comboio se afastava.

Regressou a casa um pouco triste.  Estes dias com ela tinham sido fantásticos.
Também se aproximou muito do pai, inclusive hoje tinham combinado almoçar juntos

Decidiu que hoje ia questioná-lo sobre o real motivo da separação da mãe.  A esta altura ele já não acreditava mais em traição da parte do pai.  E da mãe? Era essa dúvida que existia agora.

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