Capítulo IX

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A mãe de Rodolffo aproveitava a ausência da filha para influenciar a mente do filho.

Sempre que Lia voltava da faculdade encontrava o irmão mais agitado e mais confuso.

Hoje era um dia desses.

- Lia, é verdade que estou noivo da Micaela?  Eu não tenho ideia nem de a ter conhecido.

- Vocês já namoraram, mas ela traiu-te e já faz muito tempo que terminaram.

- Então porque a mãe insiste nela?
Onde está o nosso pai?

- O pai vive em Viana.  Ele tem outra família.

- E nós temos relação com ele?

- Não muita, mas a gente fala com ele sim.

Há dias que Lia vinha lutando contra o desejo de ligar para Juliette.  Ela não sabia ao certo qual era a relação do irmão com ela.  Apenas soube que ele estava a começar a gostar dela.

Cheia de coragem ligou.  O telefone tocou mas caiu na caixa postal.  Talvez ela não queira falar com ele.  Decidiu mandar mensagem.

Juliette,  é a Lia.
Se puderes fala comigo por favor.

...

Já fazia cerca de um mês desde que Juliette regressara a Lisboa.

Na última semana foi diagnosticada com Covid e estava em casa de repouso.

O telefone tocou.  No ecrã apareceu Rodolffo e ela simplesmente ignorou.  Lembrou-se da última chamada quando a mãe lhe comunicou que ele tinha reatado o namoro.

De seguida a mensagem da Lia.

Juliette ficou intrigada.  Primeiro o telemóvel está com a mãe e agora com a irmã?  Alguma coisa está errada.

Resolveu ligar.  Lia viu o nome dela no ecrã e correu para o seu quarto.  Trancou a porta e sentou-se na cama.

- Oi Juliette! Obrigada por falares comigo.

- Que aconteceu,  Lia?  Porque o telefone do teu irmão está contigo e com a tua mãe?

- Como sabes que estava com a minha mãe?

- Eu liguei e ela atendeu.

- E ela falou o quê?

- Que o teu irmão estava com a noiva e tinha esquecido o telemóvel.   Disse que eles tinham reatado.

- Mentira, Juliette.   O meu irmão teve um acidente.  Saiu a semana passada do hospital.   Perdeu a memória devido ao traumatismo e partiu uma perna.

- Meus Deus e como ele está?

- Está em casa a recuperar, mas a memória está difícil.

- Ele não lembra nada?  Lembra de mim?

- Eu acho que ele lembra um pouco.  Ele diz que se lembra de uma moça com o teu físico e o teu cabelo, mas não lembra do rosto.  Achas que dava para vires visitá-lo?

- Agora eu não posso, Lia.  Eu apanhei Covid.  Não devo sair e também não quero ir aí e encarar com a tua mãe.

- Isso eu dou um jeito.  Quando puderes, vem por favor.  Eu quero o meu irmão recuperado depressa.

Despediram-se.  Juliette mandou um beijo para Rodolffo e prometeu pensar em viajar para lá.
Em rectrospectiva lembrou de ter ouvido comentar sobre um aparatoso acidente ocorrido na véspera dela ter voltado.  Será que foi nesse dia e por isso ele não apareceu?

Ficou triste pela situação dele, mas satisfeita por ser mentira o que a cobra da mãe dele falou.
Quando passasse o período de isolamento ia resolver como visitá-lo.

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