Capítulo XIII

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Rodolffo ligou para Juliette na presença da Lia.

- Vejo que estás melhor.  Já ligas e tudo.

- Um pouco.  Lembrei-me de ti, mas não me lembro como nos conhecemos.

- Então o que lembraste?

- Sonhei contigo.  Num sonho tu estavas grávida de mim e alguém te ia fazer mal.

- Isso é um pesadelo, não sonho.

- No outro o meu filho estava no hospital muito doente, mas eu não consegui ver o rosto da minha mulher.

- Que bom que te vais lembrando aos poucos.  E nos sonhos com as crianças, tu estavas feliz ou triste?

- Não sei, mas eram duas situações difíceis.

- Tu queres ter filhos?

- A Lia diz que eu nunca quis, mas eu acho que quero sim.
Quando vens cá?

- Não sabia que querias que eu fosse.  Estou de baixa médica.   A médica mandou-me repousar.

- Estás doente?  O que tens?

- Nada para te preocupares.  Já basta a tua amnésia.  E a perna como está?

- Já consigo andar de muletas.

- Boa.  Logo já andas por aí a correr.
Agora vai descansar.  Beijo.

- Beijo, Juliette.

Juliette tomou uma decisão.   Viajaria no dia seguinte.  Queria ser ela a contar da gravidez e não deixar que ele soubesse por terceiros.

Preparou a mala, avisou Luísa e apanhou o comboio Alfa.  Era mais rápido e mais confortável.  Chegaria ao Porto em duas horas e depois apanhava o autocarro para Viana do Castelo.

Lia tinha-lhe enviado a morada no caso dela querer ir.

Chegou ao terminal dos autocarros de Viana antes do meio dia.  Apanhou um táxi e logo estava na frente do apartamento de Lia e Rodolffo.
Resolveu chegar de surpresa, mas agora estava com receio de não estar lá ninguém.

Apertou a campainha e pelo som vindo do interior sabia que era Rodolffo quem vinha à porta.

- Juliette!! Que surpresa.  Porque não disseste que vinhas? Eu mandava alguém buscar-te.  Entra.

Juliette entrou, fechou a porta e abraçou-se a ele que estava encostado no móvel de entrada.  Abriu os braços e apertou-a contra si.

- Vem.  Vamos sentar-nos no sofá que é melhor para mim.

- Desculpa.  Com a emoção do momento nem me toquei que não deves estar de pé.
A Lia não está?

- Está na faculdade.  Só volta pelas 15 horas.

- Ainda bem.  Precisamos muito de conversar a sós.

- Eu queria tanto lembrar-me mais de ti.  Eu sinto algo bom quando falo contigo ao telefone e agora contigo aqui.

- Não te lembras da nossa viagem de comboio, da nossa noite aqui em Viana?

- Nós somos namorados?

- Namorados não.   Nós estivemos juntos dois dias, mas fizemos mais que muitos namorados.

- Tranzámos, Juliette?

- E como.  Tranzámos muito.

- Então não tem mal se eu te beijar.

- É o que mais quero.

Rodolffo segurou-a e deu-lhe um beijo.  Juliette entregou-se totalmente beijo.  Também ela tinha muita vontade.
Vontade de  beijos e dele também, mas isso  não ia acontecer para já.  Primeiro precisava contar da gravidez.

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