Capítulo XIX

58 12 6
                                    

Liguei para a Ju.  Precisava alertá-la sobre estas duas. O facto dela estar sózinha em Lisboa deixava-me inquieto.

- Olá paixão.   Como estás?

- Estou bem e tu?

- Também.   Vai demorar muito para voltares?

- Rodolffo,  não é assim, não.   Tem coisas que demoram para resolver, principalmente coisas de trabalho.  Porquê essa afobação toda?

- Contei do encontro que tive com a minha mãe  e o porquê de estar ansioso.

- Ju!  Evita andar sózinha, por favor.

- Elas não  se atreveriam a mandar alguém fazer-me mal.

- Não sei, Ju.  Eu julgava que pelo menos a minha mãe,  eu conhecia, mas já vi que não.

- Eu acho que na próxima semana já dá para eu regressar.

- Não queiras fazer tudo sózinha.  Diz-me o dia em que podes vir e eu vou buscar-te.

- Está bem.  Agora deixa-me ir que tenho hora para estar no tribunal.

- Tchau, amo-te.  Beijo.

- Beijo, amor.  Também te amo.

Depois que desligámos eu fiquei a pensar nas palavras de Rodolffo.   Há dois dias atrás eu tive a sensação de estar a ser seguida.  Durante o dia inteiro eu vi sempre o mesmo carro atrás de mim, mas como foi só nesse dia, não dei muita importância.   Poderia ser apenas uma coincidência, mas a verdade é que não o vi mais.

Preciso prestar mais atenção.   Depois da ameaça das duas não dá para vacilar.

Aqui vou eu a caminho do tribunal.  Olho no retrovisor e lá está ele de novo.  Deixo-o aproximar-se e consigo fotografar a placa do carro através do espelho.

- Não sei se ele percebeu, mas abrandou a marcha, seguindo sempre atrás de mim.

- Marquei o número da polícia, dei o número da placa e a minha localização.  Identifiquei-me ao comandante que por sinal era meu conhecido.   Já nos tínhamos cruzado noutras circunstâncias.

- Mandou que eu o empatasse.  Fingi parar e ele parou também.   Arranquei e ele ficou parado só observando onde eu ia.

Dei a volta à rotunda, passei junto a ele e já vinha lá o carro da polícia. Atravessei o carro na sua frente impedindo a sua fuga e ele saiu do carro a gesticular.

O comandante chegou, pediu-lhe a identificação, chekou a matrícula e conduziu-o à esquadra.

O carro estava registado na comarca de Valença, bem perto de Viana.

Questionado sobre o motivo de perseguir Juliette apenas disse que não era verdade e nem a conhecia.

- Não adianta mentir.  Ela é advogada, ou o mandante não te informou?
O melhor é falares.  Até agora não fizeste nada, mas se provarmos estar a mando de alguém, não vai ser bom para ti.  Não é normal ela ser ameaçada por alguém de Viana e tu estares aqui a segui-la.

- Eu não estava a segui-la.

- Cabo!  Leve o detido para a cela. Hoje é quinta, amanhã é feriado, segunda também,  tem 5 dias para refletir antes de ser presente ao juiz.

- Vocês não me podem prender.

- Tanto podemos que vamos fazer.  O juiz é que vai decidir, ou se colaborares, quem sabe voltas hoje para casa.

- Eu tenho família, não posso ficar aqui.

- Isso és tu que resolves.  Cabo, pode levar.

- Eu falo, se depois me soltarem, eu falo.

Falta de atenção Onde histórias criam vida. Descubra agora