Liguei para a Ju. Precisava alertá-la sobre estas duas. O facto dela estar sózinha em Lisboa deixava-me inquieto.
- Olá paixão. Como estás?
- Estou bem e tu?
- Também. Vai demorar muito para voltares?
- Rodolffo, não é assim, não. Tem coisas que demoram para resolver, principalmente coisas de trabalho. Porquê essa afobação toda?
- Contei do encontro que tive com a minha mãe e o porquê de estar ansioso.
- Ju! Evita andar sózinha, por favor.
- Elas não se atreveriam a mandar alguém fazer-me mal.
- Não sei, Ju. Eu julgava que pelo menos a minha mãe, eu conhecia, mas já vi que não.
- Eu acho que na próxima semana já dá para eu regressar.
- Não queiras fazer tudo sózinha. Diz-me o dia em que podes vir e eu vou buscar-te.
- Está bem. Agora deixa-me ir que tenho hora para estar no tribunal.
- Tchau, amo-te. Beijo.
- Beijo, amor. Também te amo.
Depois que desligámos eu fiquei a pensar nas palavras de Rodolffo. Há dois dias atrás eu tive a sensação de estar a ser seguida. Durante o dia inteiro eu vi sempre o mesmo carro atrás de mim, mas como foi só nesse dia, não dei muita importância. Poderia ser apenas uma coincidência, mas a verdade é que não o vi mais.
Preciso prestar mais atenção. Depois da ameaça das duas não dá para vacilar.
Aqui vou eu a caminho do tribunal. Olho no retrovisor e lá está ele de novo. Deixo-o aproximar-se e consigo fotografar a placa do carro através do espelho.
- Não sei se ele percebeu, mas abrandou a marcha, seguindo sempre atrás de mim.
- Marquei o número da polícia, dei o número da placa e a minha localização. Identifiquei-me ao comandante que por sinal era meu conhecido. Já nos tínhamos cruzado noutras circunstâncias.
- Mandou que eu o empatasse. Fingi parar e ele parou também. Arranquei e ele ficou parado só observando onde eu ia.
Dei a volta à rotunda, passei junto a ele e já vinha lá o carro da polícia. Atravessei o carro na sua frente impedindo a sua fuga e ele saiu do carro a gesticular.
O comandante chegou, pediu-lhe a identificação, chekou a matrícula e conduziu-o à esquadra.
O carro estava registado na comarca de Valença, bem perto de Viana.
Questionado sobre o motivo de perseguir Juliette apenas disse que não era verdade e nem a conhecia.
- Não adianta mentir. Ela é advogada, ou o mandante não te informou?
O melhor é falares. Até agora não fizeste nada, mas se provarmos estar a mando de alguém, não vai ser bom para ti. Não é normal ela ser ameaçada por alguém de Viana e tu estares aqui a segui-la.- Eu não estava a segui-la.
- Cabo! Leve o detido para a cela. Hoje é quinta, amanhã é feriado, segunda também, tem 5 dias para refletir antes de ser presente ao juiz.
- Vocês não me podem prender.
- Tanto podemos que vamos fazer. O juiz é que vai decidir, ou se colaborares, quem sabe voltas hoje para casa.
- Eu tenho família, não posso ficar aqui.
- Isso és tu que resolves. Cabo, pode levar.
- Eu falo, se depois me soltarem, eu falo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Falta de atenção
ФанфикEstejam sempre atentos. A falta de atenção pode ocasionar vários contratempos. Um comboio que se perde, um dia que não se vive...um amor que passa e não dá tempo de agarrar.