Colônia do Sul da Ilha

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!!! ATENÇÃO: +18 - Hot Kelmiro!!!

Eu chorei escrevendo? Sim.
Vocês vão chorar lendo? Eu quero saber.

Estamos tão pertinho do último capítulo, vou sentir tanta saudade!

Mas... Atentem aos sinais do volume dois!

Escrevi o capítulo ouvindo a música "Veja (Margarida) - Elba Ramalho"

Está disponível na Playlist Assim Nasce Um Comunista no Spotify!

Boa leitura!

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Início do Flashback

Fazia um ano desde que Kelvin e Ramiro chegaram na colônia de foragidos da ditadura. O local ficava no sul da ilha, era um galpão onde esses foragidos eram acolhidos pela base das igrejas da região e outras pessoas que ajudavam a esconder da ditadura

Dali, muitos criaram uma nova identidade e reconstruíam suas vidas, ainda seguindo na luta contra o poder ditatorial

Kelvin e Ramiro, mesmo naquele ano difícil, continuaram no galpão para ajudar a cuidar de novos foragidos, lutando acobertados para que muitos tivessem a vida salva

Mas naquele 04 de novembro de 1970, o coração do loiro de 18 anos estava em frangalhos

Fazia um ano da morte da sua líder e melhor amiga, irmã do homem que amava com todas as forças do seu ser, mas que por se sentir culpado, havia se afastado

Não conseguia olhar Ramiro nos olhos desde que puseram os pés na colônia. Se sentia despedaçado, pois se não tivesse se aproximado da garota, seu amor ainda teria a irmãzinha viva e consigo

Ainda teria família!

Ainda teria o mesmo nome. Tiveram que mudar seus nomes por tempo indeterminado, já que estavam foragidos e procurados pela polícia do estado de São Paulo

E a cada dia, quando via Ramiro receber as pessoas, quando via o moreno plantar uma horta para ajudar a alimentar aquele povo, quando via ele em cada reunião do partido, estudando, falando, encorajando os corações e os enchendo de esperança em momentos difíceis, Kelvin sentia que esse amor crescia mais!

Mas também a culpa. Que direito tinha de amar alguém que ajudou a tirar a luz dos olhos?

Ramiro nunca o culpou. Nunca descontou em Kelvin a perda de Roberta, mas o poeta se martirizava sozinho diante do ex policial

Não merecia Ramiro.

O moreno tentou inúmeras vezes se aproximar, conversar, até lhe agarrar para matar a saudade de estarem um nos braços do outro, mas o mais jovem estava escorregadio, fazendo da sensação do luto arder em seu peito a cada tentativa de Ramiro de se aproximar

Até aquela data, onde Kelvin olhava o mar na noite clara pela lua, e esvaziava o peito falando sozinho, porque pra si, em sua memória, Roberta ainda estava viva, e portanto, ouvia suas preces

- Eu queria tanto que você pudesse me perdoar, Ela - Como seria se ela tivesse resistido? - Mas nem eu mesmo tenho capacidade de fazer isso por mim

O corpo cansado da lida do dia abraçava as próprias pernas, se protegendo da brisa fria da noite, eriçando seus pêlos descobertos na regata cinza e da bermuda jeans que usava

O loiro chorava e falava baixinho, mas suficiente para alguém tão perto, escondido nas sombras ouvir

- Eu sei que você disse pra seguir em frente e lutar, mas com que liberdade eu faço isso, se sinto que tudo podia ser diferente? - Seus ombros tremiam e seu mundo desabava - E fica mais difícil ainda, lutar do lado do homem que eu amo e não poder nem chegar perto dele, porque dói tanto, Ela! Dói saber que eu estar vivo, sou a causa pra ver os olhos dele sem brilho!

Assim Nasce Um Comunista - AU Dimaury/KelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora