2

127 25 7
                                    



Hg: mentiu pra mim, meu pontinho de ouro? - um dos que tava com ele parou a moto do meu lado.

Mayla: não sei do que você está falando.

Hg: sabe não, Mayla Rocha?! - desceu da moto. — filha do deputado federal, Roberto Rocha.

Beatriz: filha de quem?

Mayla: ele não sabe o que ele tá dizendo.

Suco: será que ela vale quanto em?

Beatriz: ce é filha de deputado e nunca me falou isso por quê?

Mayla: depois a gente conversa sobre isso, eu vou pra casa.

Hg: quem disse que tu vai pra casa mina. - se pôs na minha frente. — eu não sou louco de deixar meu potinho de ouro escapar.

Beatriz: hg, para de graça, deixa ela ir embora.

Hg: ela vai, se o papaizinho dela abrir a mão.

Mayla: Beatriz! - minha voz quase não saiu por completo.

Hg: foi mal aí gatinha, nada contra você, são apenas negócios. - falou antes de subir na moto. — podem levar ela, encontro vocês la.

Beatriz: hg, não faz isso. - não se deu nem o trabalho de responder.

Ligou a moto e saiu.

[...]

Beatriz: suco, pelo amor de Deus, faz isso não cara.

Suco: Beatriz, que porra tu tá faz aqui? - me emburrou. — senta aí, mina. - olhei pra ele. — bora caralho. - me fez sentar.

Beatriz: pra que essa ignorar, tá maluco.

Suco: barão, tira a Bia tá daqui, antes dela levar um tapão.

Barão: cuida Bia, vaza. - pegou a Beatriz pelo braço e tirou ela pra fora.

Beatriz: eu vou resolver isso, Mayla. - gritou.

Suco: perdeu a língua, mina? - puxou meu braços para de trás da cadeira, amarrando-os.

Maldita hora que não escutei a alana.

Olhei rapidamente em volta. Parecia, um... cativeiro, talvez.

Tinha um colchão velho no chão.

A porta se abriu novamente, entrando assim o Hg.

Deu um sorrisinho.

Hg: confortável, meu potinho de ouro? - ficou a minha altura.

Apenas encarei o mesmo.

Hg: sabe, eu fiquei me perguntando, o que será que uma filha de um deputado importante vinha fazer dentro de uma favela.

Engoli seco.

Suco: o gato comeu a língua da princesinha.

Apertou o meu ombro.

Hg: que nada, ela só tá tímida, daqui a pouco ela se solta, não é Mayla?

Continuei calada. Eu me conhecia muito bem, se eu abrisse minha boca, eu morreria rapidinho.

Hg: pegou o celular dela?

Suco: peguei.

Hg: liga para o pai dela.

Suco: o celular tá descarregado. - debochei.

hg me olhou.

Hg: viu, já começou a se soltar. - puxou uma cadeira que tava perto. — leva o celular pra carregar, quero levar um lero com ela sozinho.

Suco: não vai se divertir sozinho. - saiu rindo.

Olhei em volta.

Hg: não adianta procurar saída, ce só sair daqui se eu quiser. - pós a cadeira na minha frente e se sentou.

Mayla: você quer dinheiro, é isso, eu te dou o dinheiro, eu tenho... agora me dirá daqui!

Hg: calma meu amor...

Mayla: EU NÃO SOU TEU AMOR, PORRA! - falei alto.

Ele levantou tão rápido daquela cadeira. A mão dele apertou o meu rosto com tanta força que tinha a sensação que minha cabeça ia estourar.

Hg: ce pensa que tá falando com quem mina?

Mayla: me solta, tá me machucando - meus olhos começaram lacrimejar.

Hg: eu não sei em que mundo tu vive, mas no meu, ce tem dançar conforme a minha música. - continuou apertando.

Mayla: você tá me machucando - lágrimas desceram voluntariamente.

Soltou.

Hg: acho que agora tu entendeu. - voltou a se sentar. — então, me fale mais sobre você.

Fiquei calada.

Hg: já vi que você não quer papo. Então eu mesmo vou falar. MaylaRocha Lima, 21 anos, estudante de psicologia na UFRJ, filha única, filha do Roberto Rocha Lima e da Ágata Rocha Lima, esqueci alguma coisa?... Ah, esqueci, filha do Roberto Rocha Lima, o deputado mais corrupto do RJ - riu. — Mas bandido do que eu.

Refém do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora