𝑭𝒖𝒆𝒍 𝒇𝒐𝒓 𝒕𝒉𝒆 𝒇𝒊𝒓𝒆 - Kɪᴍɪ Aɴᴛᴏɴᴇʟʟɪ 🇮🇹🏎️

Capítulo vinte e três.

🇮🇹🏁

29/07/2025

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🇫🇷 Leonie's point of view 🩰

   Um ano que eu cheguei em Paris. Um ano estudando estratégia e engenharia automobilística com a FIA. Um ano sem responder nenhum dos meus antigos amigos. Um ano depois de assinar um contrato com a FIA de total sigilo sobre onde estou. Merda, eu tinha me tornado uma babaca. Um ano sendo uma babaca, então.

  Tiro um bolo de caneca do microondas e coloco uma vela pequena no meio. Está tarde. Está escuro e está frio. Acendo um fósforo e a chama da vela se acende.

— Parabéns para mim. Nessa data quebrada. Muita pouca alegria, muitas noites viradas. — sopro a vela.

  Nem eu sei como criei aquela música tão rápido. Mas eu já sou adulta agora.  Tenho dezoito anos, casa própria com uma vista incrível para Paris, uma estante de livros e discos de vinil gigante.

  Mas a música é verdade. Só tenho duas amigas, minha irmã, Maddy, que mora na Hungria e minha gata que adotei depois de dois meses em Paris, Addie.

  Desde que me mudei, por algum motivo me afastei de todos os meus amigos da Itália, e minha vida foi ficando cada vez mais difícil de levar sozinha. Eu não lembro a última vez que saí de casa para realmente me divertir e viro três, às vezes quatro noites toda semana estudando ou só com uma insônia que não passa.

  Eu não estou reclamando. Eu amo meu trabalho. Mas era muito cansativo principalmente quando você é um repelente de vida social. Se eu conversasse com a Leonie de março de 2024, ela jogava sal grosso em mim. Garota bonita, popular, presidente social do grêmio estudantil, dançarina. A própria imagem de uma protagonista dos anos 2000.

  Ela teve que morrer para parar de ser trouxa. Talvez fosse egoísta. Mas estava muito bem com sua solitude.

  Uma colherada no bolo. Levanto da cadeira e coloco um disco dos Eagles na vitrola. Hotel California.

— Welcome to the Hotel California... Such a lovely place, such a lovely face... — eu cantarolava baixinho. Pendurados na parede, meu violão e minha guitarra que eu amava tocar.

  A decoração era muito parecida com a do meu quarto em Salerno. Paredes brancas, estante grande, uma pintura de algum animal na parede. Era um beija-flor. Nesta casa é uma revoada de andorinhas que se estendia por toda a casa, que era gigantesca. Muito grande para uma só pessoa e uma gata.

  Está tudo bem. Tudo bem.

  Pego meu telefone. E desço um pouco as mensagens e vejo várias chamadas perdidas e mensagens esquecidas de meus antigos amigos. De meses atrás. Eu queria responder. Queria dar notícias. As boas, na verdade.

  Eu parei de beber coisas fortes, agora só bebo vinho de vez em quando.

  Eu sou a pessoa mais nova da história a estar em formação para um cargo tão alto no automobilismo.

  Sei lá. Inventar que eu saio pra festas sempre, tenho vários amigos. Mentir dizendo que continuo com meu brilho jovial e energia adolescente.