Capítulo vinte e dois.

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🇮🇹🏁

22/07/2024

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🇫🇷 Leonie's point of view 🩰

Era final da tarde, meu celular estava do outro lado do quarto e o máximo que eu ouvia ela uma vibração de chamada e mensagem recorrentes. Eu estava afundada na cama comendo paçoca. Aquele tal doce brasileiro que Kimi me viciou totalmente. E agora ele tinha ido embora.

Latinhas de refri estavam espalhadas pelo chão. A luz estava apagada e o único rastro de luminosidade era uma fresta fina da janela. Meu cabelo estava preso, bagunçado num coque e eu sussurro pra mim mesma qualquer incentivo a sair daquela posição fetal.

— Em caso de dor, dance. Em caso de dor, dance. Emcasodedordance.

Eram só súplicas e desejos não atendidos.

O que eu tinha que tornava tão indigna de amor? Tão fácil de enganar?

Minhas flores favoritas.

Flores de Cravo.

Meu sabor de sorvete predileto.

Chocolate.

Minha cantora preferida.

Madonna.

"Eu te olhava sem você perceber. E nessas ocasiões, me vinha uma vontade tão grande de não te deixar esquecer o quanto eu te amava."

Mentiras. Tudo mentira.

Cada beijo, cada palavra, cada segundo que eu guardava com tanto carinho... maculado.

— Leonie! — eu escuto a voz de Ollie batendo na porta. — Leo! Abre a porta! — diz Giulio.

Eu não queria receber ninguém. Eu não queria ver ninguém. Não respondo.

— Sabemos que você está aí! Abre, por favor! Aquele babaca não está aqui. — diz Ollie.

Caminho soluçando até a porta e assim que abro, recebo um abraço quente dos dois garotos. Giulio fecha a porta, enquanto Ollie me leva para sentar na cama acendendo a luminária da minha cabeceira. Cada um deles senta de uma dos meus lados e me abraçam

— Kiara e Ella não puderam vir. Decidiram pagar as dívidas antes daqui. — diz Giulio. — Estamos todos com você. Não sabíamos de nada, eu juro.

— Eu sei. Ele é um idiota por opção. — respondo seca suficiente pra esvaziar a bacia amazônica.

— Não é justo você ficar aqui comendo doces de amendoim, coca e Doritos porque ele foi o canalha. — diz Ollie.

— Não é como se eu tivesse comido tanto...

— Três pacotes de salgadinhos, uma caixa de paçoca, nove latinhas de refrigerante. — conta Giulio.

— E daí? Meu olho tá inchado, meu cabelo tá ridículo e eu tenho um chifre maior que a cabeça do Kimi.

— Tira esse sarcasmo do corpo pelo menos agora! — diz Giulio. — Você vai ter que seguir a vida. Se o passado não morrer, o futuro não nasce.

O que eu tinha que largar? Qual árvore eu merecia cultivar? Eu ainda tinha o número de Michael. E ele era o único cara legal, por mais que... a filha estivesse tendo um caso com Kim... por mais que a filha não fosse tanto. Pego meu telefone do outro do quarto e vejo notificações de Kimi em toda parte. A última dizia "Você bloqueou este contato. Clique para desbloquear."

— Alô, Michael? Aqui é a Leonie.

Ollie e Giulio arregalam os olhos e se entreolham, pasmos.

— Oi, Leonie! Que bom saber que ligou. Pensou na minha proposta?

— Como vai funcionar?

— Gosto da sua ambição. Você vai ter que fazer um curso de um ano e meio e o resto é comigo. Você vai poder frequentar todas as corridas e ajudar nas estratégias. Mas essa foi a maior exceção que eu já vi a FIA abrir.

— Claro! Eu aceito totalmente!

— Que bom ouvir isso! Vamos pagar um aluguel em Paris para você perto da sede da FIA! As passagens vão ser para daqui uma semana e suas aulas começam em duas semanas. Tudo pago, querida!

— Paris?

— Sim, o curso é lá. Você já fala francês, não acho que isso será um problema. Manteremos contato, Leo. Até mais!

Ele desliga o telefone e eu me viro para os garotos que me olham totalmente confusos.

— Eu vou me mudar. — digo, numa voz quase inaudível.

— SE MUDAR?! PRA ONDE?! — dizem os dois ao mesmo tempo.

— Paris. Em uma semana. Parece brincadeira, mas há algumas horas eu ia para Paris em uma semana para uma apresentação de dança. Eu vou virar a página e cancelar tudo sobre dança. É um novo capítulo. — respiro fundo e tento afastar os pensamentos sobre Kim... pensamentos ruins.

— Você vai... sozinha...? — pergunta Giulio.

— Eu já fui sozinha para muitos lugares. Agora vou para onde nasci. Só isso.

— E quanto tempo você vai ficar lá? — pergunta Ollie.

— Um ano e meio. Tudo pago, direito a todas as corridas, curso direto da FIA.

— Você não parece feliz. — diz Ollie.

Eu queria comemorar com Kimi. Pronto, falei o nome inteiro dele. E era pavoroso. Eu estava morrendo de medo de todas as adversidades que poderiam acontecer.

°•°•°

Uma semana depois. 🏁

Tem uma semana que não vejo Andrea e fico aliviada por isso. Eu odiaria vê-lo agora. Passei os últimos dias inteiros na casa de meus amigos e as última vez que pisei naquela casa foi para pegar as malas e me despedir de Carol e seus pais. Kimi não estava lá. Não sabia onde estava. Mas provavelmente beijando a outra garota. Eu não me importava. Eu decidi não falar com ele quando o bloqueei. Eu saí da casa da família dele na minha última semana na Itália.

Carol disse que vai mandá-lo pra guilhotina.

Despeço pela última vez de meus amigos e entro na área de embarque. Um novo capítulo, Leonie. Uma nova história. Novas pessoas, nova casa, nova cidade. Eu até pensei em um novo amor. Mas eu lembrei que... amar não é uma opção. E nós não buscamos o amor. Nós encontramos.

Compro outro café. Não o que eu costumava tomar. Um um pouco mais. Forte. Era delicioso. Muito melhor.

Ou talvez eu só estivesse procurando consolo nas mãos pequenas mudanças.

🏎️🏁

Dois capítulos hoje para vocês me perdoarem por não ter dado sinal de vida ontem.

Os próximos capítulos vão fazer vocês passarem raiva, sofrerem e no final vão querer mais. Juro, eu terminei os próximos três capítulos e está insano!

𝑭𝒖𝒆𝒍 𝒇𝒐𝒓 𝒕𝒉𝒆 𝒇𝒊𝒓𝒆 - Kɪᴍɪ Aɴᴛᴏɴᴇʟʟɪ 🇮🇹🏎️Onde histórias criam vida. Descubra agora