Beijo Amargo

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    ⁃    É sério isso? - Manu anda inquieta de um lado a outro. - Que droga, eu vou falar com ela.
    ⁃    O que aconteceu? - Beca pergunta e Manu desliga o celular, passando as mãos entre os curtos fios de cabelo.
    ⁃    Era meu vizinho da frente, aparentemente minha mãe encaixotou minhas coisa e colocou tudo na frente da porta, agora, a razão não sei.
    ⁃    Meu Deus! Que horror, o que você vai fazer?
    ⁃    Eu não sei, acho que vou ter que voltar pra lá e dar um jeito nisso, que merda! - Estava nitidamente frustrada, e pensava no que iria fazer.
    ⁃    Olha, qualquer coisa você pode levar lá pra casa, você sabe disso. - A prima consola, indo em direção a Manu.
    ⁃    Eu acho que vou arrumar algum lugar pra morar, estou pensando.
    ⁃    O que? Nem eu nem meu pai vamos deixar você morando de aluguel sendo que tem espaço pra você ficar lá em casa. Se você quiser você pode até ficar aqui no Rio depois de acabar a faculdade.
    ⁃    Eu tenho que dar um jeito na minha vida! Ugh! - Manu tira o celular do bolso e liga para sua mãe, que atende após muito tocar.

    ⁃    O que foi? - Sua voz fria diz do outro lado.
    ⁃    Por que minhas coisas estão no corredor? Todas jogadas?
    ⁃    Se você quer viver desse jeito, viva longe de mim, acha que não vi o que você fez? O Gabriel me mostrou a merda que você fez com seu cabelo. Está usando drogas?

"Merda, Gabriel!" Tinha postando um stories com Bella e Beto no bar, e mesmo tendo ocultado de sua mãe, esqueceu completamente de Gabriel. Não conseguia imaginar que ele tivesse essa disposição em difama-la pelos cantos assim de graça.

    ⁃    Meu Deus, por que você ainda fala com ele? Ele já está em outro relacionamento.
    ⁃    Por culpa sua! Eu sei manter os contatos, já você....
    ⁃    A gente não tá mais no seu tempo, você não está me trocando por uma cabeça de gado, que merda! Faz igual gente normal e vai em reunião coach, sei lá!
    ⁃    Olha como você fala comigo! Eu vou queimar todas as sua coisas se você continuar assim!
    ⁃    Não precisa disso tudo, um carro vai pegar minhas coisas aí, o Senhor Antônio vai pegar e colocar lá pra mim, você não precisa nem se dar ao trabalho.

Manu desliga, e entra em contato com seu vizinho, Antônio, e pede pra que ele pudesse guardar pelo menos algumas caixas em sua casa, com receio de que sua mãe realmente colocasse fogo ou jogasse as coisas no lixo.

"Eu vou tomar um rumo pra minha vida" Pensou.

Chamou um carro de aplicativo black que pudesse levar suas coisas até a casa de seu tio, e focou em se manter firme e não ceder aos truques de sua mãe para que ela voltasse e seguisse naquela dinâmica estranha que cutivavam.

    ⁃    Olha, a gente já vai pra casa amanhã, então pelo menos você já consegue resolver isso. - Beca tenta novamente animar sua prima com o lado mais sóbrio da situação.

...

    ⁃    Se cuida, juízo - Wagner abraça o filho, antes de sua passagem pelo portão de embarque.
    ⁃    Relaxa, e você se cuida também. - Bem diz e se desvencilha do abraço, indo em direção ao seu voo.

As coisas acabaram culminando para o fim precoce da viagem. Bem, que já havia matado a saudade de alguns amigos no Brasil, decidiu ir a Bahia por conta própria, visitar a antiga casa em que moravam e parte da família, mesmo que sem a companhia de seu pai, que decidira voltar a Califórnia para tratar de assuntos profissionais.

Wagner vai em direção ao carro, colocando o waze em direção de seu apartamento no Rio, iria também partir, mas apenas em 2 dias, havia sequer falado com Manuela sobre isso. Se sentia estranho, insuficiente, sentia que aquele encontro com a Sol o trouxe de frente com o ser humano horrível que considerava ser.

Doce demais pra mim | Wagner MouraOnde histórias criam vida. Descubra agora