Noite seguinte

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- Não, fica em paz, ela está bem, só bebeu um pouco, você já foi jovem Artur, você sabe como jovem é.
Manu ouve uma voz famíliar dizer ao fundo, parece uma conversa ao telefone
- Fique tranquilo, as amigas dela estão aqui e já cuidaram dela, vão levar pra casa, igual elas já tinham combinado, descansa, sua sobrinha tá bem.

Após alguns outros detalhes, a conversa acaba, e manu agora presta atenção em outra coisa. Estava no quarto de hóspedes, e seu cabelo estava um pouco úmido, suas roupas haviam sido trocadas também.
"Ué? Como assim? Não.... vai me dizer que Wagner Moura me deu um banho enquanto eu estava bebada?"
Antes que pudesse fantasiar ainda mais em seu imaginário, Wagner entra pela porta do quarto, e se depara com a garota já desperta.
- Você... - Manu inicia, mas logo é interrompida
- Nunca, jamais, viu? Olha, você passou um pouco mal, suas amigas cuidaram de você, e eu avisei seu tio agora pouco que você está bem, eu nem toquei em você - Wagner se explica, seu sotaque meio Baiano-Carioca ficava evidente na forma em que falava, e Manu achava um charme
- Ufa! Quer dizer, desculpa se eu fiz alguma coisa, eu não me lembro de muito... eu lembro que saí pra tomar um ar e te vi ali, desculpa qualquer coisa. - Manu se explica sentando-se na cama
- Fica em paz, todo mundo que entrou vivo ontem saiu vivo, você nem matou ninguém
Manu solta uma risada nasal, ele sabia como descontrair o clima. Percebeu como a jovem poderia estar envergonhada pela situação.
- Desculpa a pergunta, mas por que você ainda está aqui? Parece que a festa já acabou.
Wagner faz uma cara de breve espanto. Não havia parado pra se perguntar a razão de estender sua estadia na festa, tendo em vista que sequer conhecia a garota.
- Ah... você é sobrinha de um grande amigo meu, não pude deixar de ter certeza que você estava bem. Artur e eu vivemos muito na juventude.
- Você fala como se fosse velho - Manu diz sorrindo
- Bem... eu não sou lá tão jovem igual você, mas sou cavalheiro, não vou perguntar sua idade.
Wagner apesar de uma aparência abalada, não parecia realmente ter muito mais de 40 anos, idade essa que seria o chute máximo de Manu.
- E eu como uma dama muito educada, não vou supor sua idade, então posso considerar assim que você e eu temos quase a mesma idade.
- Vou pedir que alterem no Google só pra garantir - wagner ri
- Droga, tomara que arredondem sua idade pra cima.

Ambos riem

- Agora eu vou indo, amanhã eu tenho alguns compromissos, vim realmente ver alguns amigos, tenho que voltar. - Wagner diz tateando os bolsos a conferir seus pertences.
- Ah... quer dizer, você é o Wagner Moura, estranho seria se você estivesse livre. Com todo respeito, quer dizer... eu gosto muito do seu trabalho, você fez ótimos filmes, tipo...
- Fica em paz, não te acho doida - Wagner a interrompe
- Que estranho, é que doida eu sou - Manu ri consigo mesma
- Se cuida, viu. - Wagner diz e se prepara para partir
- Obrigada por ficar de olho em mim e avisar pro meu tio que eu tô bem. Não sou de sair, minha família fica preocupada.
- Sei que faria o mesmo por mim.

Ele acena e sai do quarto, e Manu fica ali, sozinha e um pouco confusa, com uma certa culpa de ter feito algo na noite anterior que não se lembrava.
Pelo menos agora teria uma história legal pra contar numa roda de amigos, acordou com o Wagner moura no mesmo quarto que ela - mesmo que após dela ter pagado um super mico.

...

Após fechar a porta e colocar a chave no gancho que ficava ao lado de um quadro na altura de seu rosto, Wagner tira os sapatos e roda o olhar pela casa em busca de Lediane, mas não encontra nem sinais de sua irmã.
Decidiu estar próximo a ela enquanto cumpria sua agenda em SP, antes que voltasse pro rio, agora que ela estava passando por um divórcio. Já se deram bem um dia, hoje, por questões políticas já tiveram suas desavenças.
Após avisar Artur que estava são em salvo, decide tomar um banho pra relaxar, tentar pensar em nada.

 Após avisar Artur que estava são em salvo, decide tomar um banho pra relaxar, tentar pensar em nada

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A tentativa foi falha mas a intenção é quem conta, certo?
Não parava de pensar em Sandra.
10 anos desde que ela havia partido, e apenas agora ele estava se recuperando. Não foi fácil, Bem tinha apenas 7 anos quando ela se foi devido complicações no parto de seu segundo filho, Salvador. Os dois agora estavam juntos, seja lá onde for; era isso em que acreditava, mas o processo foi longo, passando por muita negação, culpa e por fim, claro, a aceitação.
Fez o melhor pra ser um bom pai, e o filho agora cursava cinema numa faculdade na França.
Não tinham um laço perfeito, se é que daria pra chamar aquele relacionamento de laço, mas conviviam bem.
Prefere não comentar sobre suas crises alcoolistas, onde o próprio filho tinha de jogá-lo em baixo da água fria do chuveiro para que despertasse, os sentimentos conflituosos que haviam dentro dele pareciam finalmente se organizar e estava tentando mudar a vida ao mesmo tempo que permanecia fora dos holofortes, a mídia foi muito dura com ele num momento muito conflituoso.

 Prefere não comentar sobre suas crises alcoolistas, onde o próprio filho tinha de jogá-lo em baixo da água fria do chuveiro para que despertasse, os sentimentos conflituosos que haviam dentro dele pareciam finalmente se organizar e estava tentand...

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Por alguma razão estar superando um luto tão profundo foi motivo de chacota para alguns, fazendo com que Wagner se afundasse ainda mais no vazio que havia em si.

Não havia engatado num novo relacionamento, seu filho estava longe, não queria gastar com putas por aí, apesar de casualmente ceder e passar a noite com algumas mulheres, e por sorte esse hábito não havia virado tabloide.
Após o banho aparou a barba e sua aparência melhorara um tanto, iria pela manhã do dia seguinte no barbeiro aparar o cabelo para a entrevista, havia acabado de dublar em Gatos de Botas e participar de alguns eventos do Medida Provisória, que havia colaborado.
Após preparar um café da tarde (seu estômago estava um pouco revirado devido a noite anterior) e se sentar na mesa, alguns pensamentos revoam sua cabeça e por um breve momento pensa em Manu. "Será que ela está bem?" se questiona. Pensa em deixar pra lá, e tenta assumir que foi só uma ocasião, bem engraçada pra dizer o mínimo, em que encontrara novamente a garota.
Tenta esvair esses pensamentos que considerava estranho, principalmente no ponto em que estava, não queria "distrações", apenas arruma suas coisas e se prepara para o dia seguinte.

Doce demais pra mim | Wagner MouraOnde histórias criam vida. Descubra agora