Revolta

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⁃ Nada? - pergunta Fernanda
⁃ Nada. - Responde Mariana
⁃ Gente, eu já disse, ele não tem rede social nenhuma, vocês tem que parar de criar história na cabeça de vocês - Manuela diz e ri enquanto arruma algumas roupas de volta pra mala
⁃ Amiga, você apagou nos braços de Wagner Moura - Mari diz se aproximando de Manu - Sabe quando isso acontece? Nunca, ele não é um ator jovenzinho pra ficar saindo com universitária
⁃ Você acha amiga? Sério? O tanto de gente famosa que sai por aí com menina aleatória, sem contar que eu e ele não temos nada, ficamos conversando na sacada e foi isso.
⁃ Você não lembra? - Fernanda pergunta
⁃ Ué, do que? - Manu questiona
⁃ Você acha que eu não vi você bebendo mais na sacada? Você já é grandinha então fiquei de olho em você, beijou ele antes de desmaiar - Fê diz e encara Manu, que estava pálida
⁃ O que?
⁃ Meu Deus, Manu, você ficou com Wagner Moura! - Mari exclama
⁃ Claro que não Fer, isso.... Você viu errado, ângulo, sei lá! Se não, ele teria falado algo - Manu tenta pensar em possibilidades de desmentir essa acusação que não tinha recordação alguma
⁃ Ele diria algo? Ele tem seu número? - Mari pergunta mais incrédula ainda
⁃ Quando eu acordei ele estava aqui avisando pro meu tio que eu estava bem e tudo mais.
⁃ Manu conta direito essa história! Por que ele falaria com o seu tio? - Mari pergunta
⁃ Gente, longa história, fui resolver alguns assuntos com meu tio, ele estava lá, descobri que são grandes amigos de faculdade e hoje ele apareceu aqui de novo, basicamente foi isso. - Manu responde um pouco impaciente
Fernanda e Manuela se entreolham
⁃ Você me desculpa Manu mas eu não vou desistir dessa história, olha isso! A ponte de vocês dois é seu tio! - Fernanda se entusiasma
⁃ Ai gente, foi só coincidência, vamos vamos que o pobre do leandro já deve estar cansado de ver a gente aqui - Manu diz se distanciando do assunto pegando sua mala de mão e indo em direção a porta.

Não queria adentrar muito nessa história que suas amigas alimentavam, no fundo da sua cabeça ouvia Gabriel dizer que suas amigas a envenenavam, e sua mãe concordando plenamente.
Estava pensando no que fazer nessas férias, ficar em casa com sua mãe era sempre um pesadelo, as duas sempre se desentendiam e ela estava sem saco pra aguentar isso, o mesmo com Gabriel, estava um pouco esgotada de se sentir tão sozinha quando estava com ele, se sentia um fantoche por onde passava.

O uber se aproxima da portaria do condomínio em que morava na região central de São Paulo, e Manuela desce, se despedindo do motorista que a levou até ali. Deu uma passada na casa de Mari antes de voltar pra casa, estava adiando seu retorno o máximo que pode, e apesar da oferta que sua amiga fez de dar-lhe uma carona até sua casa, ela recusa, precisava desse tempo sozinha pra processar ter de encarar sua mãe.

Sobre o elevador até o 10° andar, e abre a porta do 1003, tirando os sapatos e fechando a porta logo em seguida.

⁃ Chegou, Manuela? - A voz de clara pode ser ouvida ao fundo, e ela logo aparece de encontro a garota
⁃ Cheguei - Manuela responde sem expressão
⁃ E como foi o fim de semana? Agitado? - Clara insiste
⁃ Foi ótimo, várias pessoas estudadas, divertido - Manu tenta encerrar o assunto
⁃ E com quem você estava dormindo lá pro Gabriel me mandar uma mensagem avisando que você estava indo sem ele?
⁃ Mãe, por favor, agora não, ele não quis ir e foi isso, preferiu sair com uns amigos dele.
⁃ Você não entende, não é? Sabe como é difícil manter os contatos agora que seu pai não está mais aqui? Eu estou te preparando pra liderar tudo o que temos, e você não parece dar a mínima. Você tem a oportunidade de estar com um ótimo rapaz de uma família excepcional e você escolhe não se esforçar em nada, repense um pouco.
Manu vai pro quarto e bate a porta. Estava acostumada, não era a primeira vez que sua mãe a acusava de não ser uma boa pessoa no geral.
Sua cabeça não lhe dava paz, sabia que isso iria acontecer e sabia que apesar de tudo, sua mãe a amava, a morte de seu pai não era culpa de nenhuma das duas e estavam ambas sofrendo com isso.
Já havia feito terapia por um tempo, mas sua terapeuta entrou em licença maternidade e Manu nunca mais voltou, apenas seguiu a vida como se nada houvesse acontecido.
Será que Clara estava certa?
Será que ela era tão ruim assim?

Doce demais pra mim | Wagner MouraOnde histórias criam vida. Descubra agora