Capítulo 11: Uma alma corrompida

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A perdição não está em cair, mas em se buscar a queda.
                                             –Trigueirinho

Se a vida de Jisung pudesse ser descrita em poucas palavras ele usaria: privilegiado, desgraçado, infeliz.

Ainda se perguntava o que levava um pai a simplesmente enfiar o filho em um reformatório. Um filho que já estava beirando a maior idade, afinal ele já havia completado seus vinte anos, e se não fosse por seus pais agora ele provavelmente estaria fazendo faculdade.

O que não era muito animador também, tendo em vista que o prefeito e a primeira dama nunca o deixariam fazer faculdade de música, e sim o obrigando a fazer direito ou administração. Por que de acordo com eles "A música não dá futuro, a política sim".

Mas ele estava aliviado, já completava um ano e cinco meses que havia sido enfiado naquele buraco, e logo ele estaria livre mais uma vez, mais sete meses e ele poderia sair dali.

O que o deixava aliviado era o fato de que durante esses meses que se passaram, Minho o visitava constantemente, às vezes eles falavam de coisas banais, às vezes falavam de suas vidas, ou simplesmente encontravam um canto para se pegar sem serem vistos. Jisung havia encontrado um refúgio em Minho.

— O que faz aqui? — Se assustou com a voz repentina naquele quartinho frio e pequeno.

— Estou "recebendo uma lição" — Fez aspas com as mãos com uma expressão nada boa, ainda sentado encolhido no colchão fino da cama.

O demônio olhou em volta, se não soubesse onde estão ele diria facilmente que aquela era uma cela em uma cadeia de segurança máxima. Confuso, por ver os dedos esfolados do outro, ele se aproximou de vagar, se sentando ao lado de Jisung naquela cama dura.

— E por que você está aqui?

— Jeongwa disse que eu era uma bichinha, e eu mostrei a ele o que uma bichinha pode fazer — Deu de ombros despreocupado.

Minho surpreso analisou o rosto do outro, um olhar frio e indiferente.

— Você bateu nele?

O Han afirmou com a cabeça, erguendo a mão para mostrar os dedos machucados.

O Jisung que ele conheceu nunca faria isso.

— Se continuar assim você vai sair daqui direto pra penitenciária. — Falou desviando o olhar.

Jisung não respondeu a provocação, ele só se arrastou pelo colchão até estar próximo do outro, deitando a cabeça no ombro dele. Um suspiro longo deixou os lábios como se estivesse segurando a vontade de desabar em lágrimas a muito tempo.

Minho sabia quando ele estava tentando ser forte, mas Jisung nunca foi bom em segurar por muito tempo.

— Eu queria desaparecer daqui, desaparecer da terra — Confessou, algumas lágrimas teimosas escorrendo pelos olhos.

Já havia perdido a conta de quantas vezes pediu a Minho que o levasse embora dali, porém ele sabia que o outro não podia.

Humanos não podem descer ao inferno Jisung, seu corpo queimaria como se tivesse caído na lava.

Foi o que ele respondeu quando o Han implorou que o tirasse dali após ele ter um surto e agredir um dos monitores.

A alguns meses ele tinha picos de raiva, o psicológico garantiu que era efeito da ansiedade e depressão que o mesmo havia desenvolvido, mas Jisung suspeitava que o motivo daquilo era o homem que estava sentado ao lado dele naquele momento. O causador das suas paranóias, e o causados dos melhores momentos que ele havia tido nos últimos meses.

A Minha Alma • HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora