Capítulo 2

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Durante um bom tempo a culpa depois do ocorrido com Bethany voltava a atormentar toda vez que minha mãe tocava no assunto.

Não era fácil carregar a culpa de algo que não é seu mas, que ainda sim era algo feito pelo sangue que corria nas minhas veias. Matei mesmo que indiretamente o pai da garota do qual fui apaixonado por mais que tentasse fugir a guerra me perseguia essa era a realidade, precisava dá ordens aos soldados, fazer plano de contenção para o palácio não ser atingido por bombas e lutava todo dia contra a fome, guerra e frio que assolavam Galatas. Por fim estava exausto de toda responsabilidade e meu pai parecia melhor então decidi enfrentá-lo

— Pai, precisamos conversar. — Bati na porta do quarto dele

— Entre filho, não precisa bater você é de casa. —  falou rindo

Dei um sorriso forçado, não sabia o que me enfrentava mas, fui direto ao ponto.

—  Não consigo mais ver tanta gente morrendo no meio dessa guerra entre território, fome e frio. Sem poder fazer nada —  Meu semblante estava esgotado nos últimos dias.

—  Mas, você pode fazer algo Brett, isso é só uma prévia do que vai ser daqui para frente quando assumir o reino de Nortúmbria.

A verdade era que não sabia por onde começar. Com 20 anos meu pai nem sonhava em se tornar rei mas, em contrapartida, estou aqui cheio de responsabilidade, um coração partido e um reino para governar. Nunca quis ficar à frente do povo com tanto poder em mãos porque tudo gira em torno de ambição, inimigos, falsidade, sangue, guerra e por último morte.

De repente a última palavra em minha mente me acerta em cheio, não quero ser culpado por mais mortes. Quero me afastar das atividades do reino por um tempo.

—  Não é algo que quero e devo me preocupar por agora Darvill.

Chamei ele pelo último nome para trazer a memória que ainda que ele fosse Rei ele era meu pai.

Ele me olhou incrédulo tentando colocar palavras em sua boca então começou a falar:

— Tudo bem mas, quando for a hora de assumir presumo que você vai ter que está preparado por bem ou por mal. —  falou em tom de ameaça;

Durante uma semana meu pai me evitava e ele utilizava os cômodos longos do palácio como distração.

Passei o tempo que eu tinha livre das responsabilidades a cavalgar ou fazer algum exercício físico para aliviar a mente.

Quando estou prestes a tomar banho uma das criadas me avisa no corredor que minha mãe está conversando com uma garota, talvez seja uma criada dispensei os pensamentos de Bethany mas, a Enny pareceu notar e confirmou minha teoria.

— É a Bethany, senhor… — falou confirmando.

— Tem certeza, Enny? — comentei incrédulo com a possibilidade de vê-la novamente.

— Tenho sim  senhor, e pode confirmar com seus próprios olhos ela apontou entre as escadas que davam a sala de estar.

Fiquei um tempo parado no meio do corredor e de repente vários conflitos começaram a surgir na minha cabeça, porque minha mãe estava conversando com a Bethany? E por qual razão ela tinha voltado.

Até que uma voz doce  calma me tirou do transe.

— Brett..

Era ela Bethany Nash virei para observar sua aparência estava a mesma do dia em que me deixou sem sequer me dar o direito de se explicar.

Seu cabelo estava ainda mais cacheado, a maçã do seu rosto estava muito mais bonita do que antes. Alguma coisa teria que ter mudado. E seu sorriso estampado me fez deseja-la por um minuto. Até lembrar que ela partiu meu coração meses atrás. Não precisava dela por pena, não precisava lembrar da guerra que causou a morte do seu pai.

De repente tudo que saiu da minha boca foi:

— Vá embora. Não quero conversar com você. — falei ríspido.

Ela não esperava por essa reação por isso foi se afastando aos poucos e sussurrando "me desculpa, eu não queria ter ido embora"

— Mas, você foi Bethany, não preciso de você aqui me lembrando de tudo que aconteceu naquele dia.. Estou bem sem você. — mentir para ela.

Ela era um fantasma do passado do qual tentava superar mas, minha mãe sempre dava um jeito de trazer a Bethany de volta para minha vida. Ainda existia um breve sentimento por ela mas, não como antes. Queria ter dito que a amava no dia que ela estava chorando nos meus braços mas, não tive a oportunidade e agora essa palavra já não parecia mais se encaixar.

— Você é um egoísta Brett , a verdade é que deixei tudo que estava fazendo no sul de Gálatas e vim aqui tentar resolver nossas pendências do passado, sua mãe me disse que estava preocupada com sua lucidez pois, não quer saber de Nortúmbria. Percebe que sempre que tem algo nas suas mãos você abre mão disso ?

Aquelas palavras me acertaram com uma faca em meu peito, não precisava me lembrar que deveria ter ido atrás dela mas, respeitei o luto e a dor dela. E aquilo doeu em mim. A verdade é que queria me entender com a Bethy mas, para isso precisaria passar por cima do meu orgulho.

— Isso não  é verdade, Bethy nunca abrir mão de Nortúmbria muito menos de você… só precisei ser egoísta naquele momento e sei que te magoei mas, também fui magoado quando você foi embora sem nem sequer me escutar.

Ela pareceu engolir em seco o que disse e se aproximou dando um abraço. O abraço que antes fazia parte da minha rotina meses atrás voltou a se tornar familiar novamente.

Bethany se endireitou e de repente nossos corpos estavam grudados, seus lábios colaram no meu devagar, calmo e com sorrisos, mãos entrelaçadas sentir que as coisas voltaram a ser como antes.

Sempre que nós ficávamos perto um do outro eu era outra pessoa. Estava mais sorridente, voltei a fazer planos para Nortúmbria, comecei a ficar mais próximo do meu pai pois, o mesmo começou a sentir "culpado" pela pressão que tinha imposto a mim.

Por Um Trono (Livro 1 Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora