O que não foi contado - parte final

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27 de agosto — enfim os gêmeos nasceram. O primeiro a nascer foi Sougo, com aproximadamente cinco quilos e 52 centímetros — ele nasceu com o peso acima do normal. Já Agatha, nasceu com 35 centímetros e 700 gramas, e teve que ser levada imediatamente para a UTI neonatal.

O fato abalou muito Mitsuba, principalmente Takashi que não sabia o que fazer para amparar a esposa, e para convencê-la que o novo membro da família Sakata não tinha nenhuma culpa da irmãzinha nascer assim.

Vê-la negar amamentar o pequeno, enquanto gritava para tirá-lo de perto dela, foi devastador, principalmente o olhar de desprezo que lançava para ele. O homem implorou, implorou, mas a mulher não quis ouvi-lo. Uma médica e algumas enfermeiras falaram com ele, sobre depressão pós-parto; que seria um momento complicado e que ela precisaria passar por ajuda psicológica.

Ele entendeu o que ela estava sentindo, mas não podia negar que era muito triste e doloroso ver uma mãe desprezar assim o próprio filho...

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Quase duas semanas se passou após o nascimento dos gêmeos — infelizmente Agatha acabou falecendo, e agora estavam Takashi, Mitsuba, os pais dela, os irmãos e alguns outros familiares da mulher. Nem todos puderam comparecer, por causa da distância. Já de Takashi, os poucos familiares que ele tem, ele não possui muito contato.

Os gêmeos estavam com Anna, assim como Sougo — ela decidiu ficar em casa com eles, e cuidá-los, já que a vizinha que sempre fica com os gêmeos tinha viajado há uma semana, e se levasse todos eles, para o enterro, principalmente o menor, não saberia como Mitsuba poderia reagir.

— Minha menininha... — a mulher chorava sentada ao lado do caixão, onde a pequena estava sendo velada. Logo iriam levá-la para ser sepultada. — Aquela coisa matou minha pequena. Minha linda menina!

— Querida...

O Sakata colocou a mão sobre o ombro da mulher, falando com a voz um pouco falha — fazia dias que não dormia bem. Estava doendo perder a pequena; ainda tinha esperança que ela sobrevivesse e que tudo isso que estava passando na vida dos dois, futuramente não passasse nada mais que uma má lembrança, mas infelizmente ela se foi.

Ele entendeu, da pior forma, a frase que sua mãe um dia disse, anos antes de morrer "A pior dor de uma mãe e um pai, é ter que enterrar um filho".

E com a perda de sua pequenina, que deixou esse mundo muito cedo, se foi aquela mulher sorridente; aquela mulher forte, que enfrentava todos os problemas que surgiam em sua frente.

Realmente, ele não sabia o que fazer — por um lado, não suportava vê-la sofrer; vê-la chorar dessa forma. Quando casou com ela, jurou nunca deixá-la sofrer, e fazê-la feliz até seus últimos dias de vida.

Estava tentando ser forte, para poder dar forças a ela, mas estava sendo muito difícil suportar tamanha dor.

Já por outro lado, lhe perfurava o coração ver o quanto de desprezo, uma pobre criança, que mal chegou ao mundo, está recebendo. Até mesmo os gêmeos estão sendo rejeitados. Vê-los chorando, pedindo pelo afeto da mãe, que sempre manda tirá-los de perto dela, dói.

Realmente dói muito.

O que ele fez de errado, para isso tudo está acontecendo?

— Se não fosse aquela maldita coisa, — seus choros e seus gritos estavam muitos altos; Takashi já deixou claro para as pessoas que estão presentes no lugar, antes de comparecerem ao enterro, que a mulher estava passando por um momento muito difícil; que estava com depressão pós-parto, e que poderiam ouvir da boca dela, palavras não tão agradáveis. — ela teria nascido saudável! Por que ele matou minha filha?! Por quê?!

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