Aviões sempre me deixaram nervosa. Não é exatamente o voo, mas a sensação de deixar algo para trás, de cortar um laço invisível que me prende a um lugar. Enquanto o avião decolava do Aeroporto Santos Dumont, olhei pela janela, absorvendo a vista final do Rio de Janeiro, a cidade que sempre chamei de lar, pela qual eu cresci, escrevi minha história, a cidade que enterrei as duas pessoas mais importantes da minha vida. Meus pais sempre me disseram que a vida era feita de recomeços. E, agora, após a tragédia que os levou, eu estava colocando essa filosofia à prova. Com a morte deles, uma parte de mim também se foi, deixando um vazio que parecia impossível de preencher. Mas, por mais que ainda fosse uma dor constante, eu sabia que precisava seguir em frente, não só por mim, mas também por eles. Por isso, escolhi Recife, uma cidade onde o sol brilha com uma intensidade diferente e as praias parecem estender-se infinitamente.
A aterrissagem foi suave, mas meu coração estava pesado. Desci do avião com uma mala e minha câmera, minhas ferramentas de sobrevivência nesta nova jornada. O calor úmido de Recife me envolveu imediatamente, um abraço que me fez sentir tanto fora de lugar quanto em casa ao mesmo tempo. Decidi comer algo pelo aeroporto mesmo, já que não estava com tanta fome, então peguei três pão de queijo e um suco natural de laranja, foi um valor agradável já que veio bem maior do que eu imaginava. Demorei na faixa de uns 30 minutos para comer e responder as mensagens da minha melhor amiga, Larissa, depois peguei um táxi para o meu novo apartamento, um pequeno apê perto da praia de Boa Viagem. Não era nada luxuoso, mas tinha uma vista do mar que prometia inspirar minhas futuras fotografias. O motorista era falante, contando-me histórias sobre a cidade, seus pontos turísticos, e, claro, suas praias. Ouvi com atenção, querendo absorver cada detalhe, cada dica que pudesse facilitar minha adaptação. Foi um caminho rápido, em menos de 15 minutos já estava entrando no meu novo lar. Ao entrar no apartamento, senti uma mistura de excitação e melancolia. As paredes vazias pareciam prontas para contar novas histórias, mas também me lembravam do vazio que ainda habitava dentro de mim. Decidi começar a desfazer as malas imediatamente, tentando transformar aquele espaço em algo que se parecesse mais com um lar.
Enquanto organizava minhas coisas, meu olhar recaía constantemente sobre a minha câmera, um presente dos meus pais quando entrei na faculdade de fotografia. A câmera era meu passaporte para explorar e entender o mundo, uma ferramenta que sempre me ajudou a encontrar beleza mesmo nos momentos mais sombrios.
No dia seguinte, com o sol já alto e o meu despertador tocando, me levantei, arrumei minha cama, fui até o meu guarda-roupa, peguei um body laranja, em volta dele tem alguns detalhes brancos e um short jeans e fui até o banheiro, tomo um banho para colocar os pensamentos no lugar e também para me ajudar a despertar, me arrumei, passei meu protetor e depois fui escolher o meu calçado, estava em dúvida em calçar um chinelo havaianas branco ou o chinelo nuvem bege slide, decidi colocar meu havaianas mesmo. Hoje planejei conhecer Boa Viagem, e quero conhecer já de manhã pra ficar a tarde inteira na praia fotografando. Recife me recebeu com um brilho intenso, o céu azul contrastando com o verde das palmeiras e o dourado da areia, conheci 10% de Boa Viagem, quando deu 13:00 fui a procura de um restaurante à beira mar, almocei às 13:30, quando finalizei meu almoço, paguei e desci uma escadinha que já dava direto pra praia de Boa Viagem, quando pisei naquela areia fina sob meus pés e a brisa salgada no rosto. A sensação era revigorante.
Cada canto da cidade tinha uma história a ser contada, uma foto a ser capturada. Com a câmera em mãos, comecei a tirar fotos, tentando captar a essência de Recife em cada clique. As pessoas, as cores, os sabores, tudo parecia conspirar para me mostrar que eu tinha feito a escolha certa.
Encontrei uma pequena lanchonete à beira-mar e decidi parar para beber uma água de coco. Sentei-me numa mesa com vista para o oceano, a câmera ao meu lado, pronta para capturar qualquer momento inesperado. Enquanto saboreava minha água de coco, observei as pessoas ao meu redor, cada uma com sua própria história, seus próprios recomeços. Era um novo começo para mim também. Recife, com sua energia vibrante e calor humano, começava a se infiltrar na minha alma. Meus pais não estavam mais aqui, mas senti que, de alguma forma, eles estavam me guiando, me ajudando a encontrar um novo caminho, uma nova vida.
O som das ondas quebrando na praia era uma música reconfortante, uma melodia que prometia esperança e renovação. E assim, naquela lanchonete à beira-mar, percebi que estava exatamente onde deveria estar. Estava pronta para abraçar esse novo capítulo, para descobrir o que Recife tinha a oferecer e, quem sabe, para encontrar novas razões para sorrir e amar novamente.
Depois de um certo tempo observando tudo e todos, fui para casa, tomei um banho, vesti um pijama, coloquei a roupa que usei hoje no varal de chão e finalizei meu dia planejando oque iria fazer amanhã já que mais de tardezinha a Larissa ia vir aqui me ajudar na decoração aqui do meu novo lar.
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