As piranhas no tanque estavam prestes a sair, Erika foi guiando todos a passar pela passagem. Sarah estava assustada, pois, na entrada estava a cabeça decepada de Matheus.
A agarrei, arrastando ela para dentro da passagem. Erika entrou e fechou, com a pressão da água em breve as piranhas iriam nos atacar. Agora precisávamos apenas seguir, sem pensar naqueles que faleceram.
Após finalmente chegar ao outro lado, nos encontramos em outra sala igual à antiga, com o ambiente sujo e empoeirado. Todas as paredes brancas, sem nenhum pingo de graça.
— Já está óbvio o culpado — Erika ia dizer.
As luzes se apagaram, alguém entre nós, iniciou um ataque e um por um foi derrubado, senti meu corpo dolorido e adormecido, mas eu ainda estava acordada. Fui arrastada para um lugar afastado de meus amigos.
Fui posta em uma cadeira de madeira, acorrentada, até que as luzes ligaram. Havia uma televisão em minha frente, uma gravação se iniciou nela, na tela o jardineiro estava sentado na mesma cadeira.
Ele então se levantou e se aproximou da tela, ajeitando a câmera.
— Se você está ouvindo isto, escute atentamente minha explicação. Isto pode salvar a sua vida, em seu corpo coloquei um veneno letal, ele leva exatamente três horas para lhe matar. — o áudio cortou e pulou alguns segundos.
— Seus amigos estão na mesma situação, um de vocês vai se encontrar com um botão verde. Ele irá escolher um de vocês para ser o sacrifício, boa sorte.
A tela trocou para as gravações das outras salas, Erika estava com o botão em sua frente, a cada toque no botão. Uma das telas ficava marcado com um "x", ela podia ver quem ela escolhia. Ela no mesmo instante clicou várias vezes no botão, até que ela parou.
A pessoa que ela escolheu entre nós fomos ela mesma, ela decidiu morrer a matar um de seus amigos. Após o tempo no telão se encerrar, as correntes que estavam envolvidas em diferentes partes de seu corpo começaram a retornar ao lugar de origem.
Seus braços e pernas estavam completamente esticadas, foi quando a corrente em seu pescoço começou a subir, fechei meus olhos. Não podia a ver neste estado.
A tela se desligou, senti as correntes se afrouxarem. Elas bateram sobre o chão e se retiraram, sendo puxadas para cima. Fiquei deitada por um bom tempo, pensando em tudo. Talvez tudo fosse apenas um jogo onde nenhum de nós sairia vivo afinal, já não me importava mais.
Me levantei, determinada a acabar com isto de uma vez por todas, eu iria o enfrentar. Só precisava de mais um de seus ataques para isto, essa era de terror acabará, está noite. Caminhei em direção ao portão de ferro e o abri, havia um corredor composto por diversas fotos minhas. Fotos tiradas em momentos de distração, comigo, dormindo ou fazendo alguma atividade durante o reality.
No final do corredor havia uma porta de cachorro, me agachei e olhei oque tinha do outro lado. Era a carniça de diversos animais comuns em florestas, todos eles mortos recentemente. Eu teria que passar por eles se eu quisesse chegar até ele.
Foi uma das piores coisas que vi, havia até animais não florestais. Como a cabeça decepada de um pobre cachorro, havia uma passagem menor que a porta de cachorro, tive que rastejar com o meu corpo o mais apertado possível. Minhas pernas quase eram uma só, até que finalmente vi o final deste caminho, era um campo de batalha.
Ali seria o fim de uma vez por todas, o lugar era como um enorme globo da morte, com caveiras no lugar de materiais. Do centro, um alçapão camuflado com o piso de terra se abriu, com sua luva temática que se adaptava perfeitamente as árvores e as plantas escuras do local. Ele colocou sua mão sobre o chão, puxando seu corpo para cima. Os outros ainda não haviam chegado, seria apenas eu e ele.
Quando ele saiu, pude ver sua tesoura de jardinagem em mãos, ele não teria nem a capacidade de me enfrentar desarmado.
— Morgana... Eu não irei lhe ferir, foi o último pedido dele. — Ele apontou a tesoura para mim e a soltou, não importasse oque ele fosse me dizer. Ainda sim, ele foi culpado por tudo, avancei correndo.
Todos os meus socos e chutes ele bloqueava e revidava, ele nem se quer, se esforçava nisto. Conseguiu me derrubar no mesmo instante com um arrastão, meu corpo já não seria tão capaz de lutar.
— Eu irei lhe tirar deste lugar, você não precisa passar por isto. Eu quero me desculpar por ele, por favor... — O jardineiro se agachou, aproximando seu rosto até o meu. Logo o dei uma forte cabeçada que o fez recuar, por um momento ele ficou virado de costas, ao se virar ele me encarou.
Sua máscara havia quebrado um pequeno pedaço, que mostrava um pouco de seu olho. Aqueles olhos pretos misturado com o amarelado da máscara.
— Você não me deixa escolha, terei que lhe libertar de outra forma. — Ele avançou até mim, porém Augusto apareceu de uma das passagens. Coberto de sangue, ele logo que me viu no chão, avançou até o jardineiro.
— Espera! — o jardineiro, assustado tentou pegar sua tesoura a tempo. Mas, Augusto foi rápido para ir até ele e o dar um firme agarrão.
— Onde está Yum? — Augusto gritou, dando um mata leão no jardineiro, ele sacou uma adaga escondida de sua cintura e cravou na perna de Augusto. Ao se soltar ele pegou um pequeno saco, que armazenava um pó.
Ele assoprou este pó no rosto de Augusto — Isto é oque restou dele. — Foi quando notei que aquilo se tratava de cinzas.
Augusto colocou a mão no rosto, incrédulo após ter entrado em contato físico com as cinzas de Yum. Lágrimas desceram de seu rosto, ele não soube como lidar. O jardineiro se aproveitou para tentar fugir. Mas, Sarah surgiu com um pedregulho em mãos e lançou no rosto do jardineiro.
O mesmo caiu no chão, um pedaço de sua máscara quebrou e voo para longe, ao se levantar. Ele de costas agarrou a máscara e a tirou do rosto, soltando ela no chão, tirou seu capuz revelando seus longos cabelos pretos. Ao se virar, Patrícia olhou para todos, ao invés de uma expressão brava. Ela estava com medo.
Eu não pude crer, a pessoa que sempre esteve ao meu lado, uma das únicas que me entendiam. Foi responsável por isto?
— Eu... — Ela olhou para o teto, as caveiras a cima se quebraram, de cima o cinzento retornou. Parando firmemente ao lado de Patrícia, que com a pressão acabou caindo ao lado dele.
Ficou um silêncio enorme, ninguém estava esperando isto vindo dela.
— Por quê? — Me levantei, mal conseguindo me manter de pé.
— Tudo por ele, o amor que uma irmã teria. — Ela não aparentou estar tão segura de si ao dizer isto, o cinzento, no entanto, queria apenas saber do ataque. Ele estava sedento por sangue, não a Patrícia.
— Desde do verão passado, eu achei uma forma dele sobreviver àquele maldito acidente. Eu só precisava de voluntários... Ninguém quis o salvar! — Os olhos de Patrícia diziam outra coisa, ela olhava fixamente para um canto do globo, tentei discretamente ver oque era.
Mas o cinzento notou, ele logo cravou sua unha pontuda nas costas de Patrícia. A ordenando que me parasse, então corri até o canto do globo e comecei ao escalar, até achar este ponto. Virei até os outros e com minhas últimas forças, gritei.
— a saída é exatamente ali! — apontei para direção oposta de onde eu estava, Sarah e Augusto foram correndo até o globo, o escalando cuidadosamente. O cinzento não satisfeito começou a avançar, ao invés de ir até mim. Veio diretamente até Patrícia, com um pulo alto a agarrou, a puxando para baixo.
Ele a deixou sob seu corpo, com suas unhas abriu os lábios de Patrícia, ele começou a cuspir um líquido preto dentro dela. Aos poucos ele ia desaparecendo, Patrícia ficava com sua aparência menos humana a cada segundo. Eu tinha que o parar, mas não seria neste momento.
Após acabar, alguns restos do cinzento havia sobrado. Fui correndo até Patrícia e a segurei em meus braços, ela passou a mão em meu rosto, abrindo seus olhos.
Um deles já estava totalmente escurecido, ela sussurrou em meu ouvido. — Corra.
Após isto ela fechou os olhos, logo fui até o lugar onde Augusto e Sarah fugiram, havia uma brecha naquele globo que levava para um duto, que traria a gente para fora desta sala.
De qualquer forma, não teria como sair do acampamento, a única solução seria deixar a ascensão ir até o fim.
— Pessoal, vamos ter que ir até o coração desse lugar. — Augusto e Sarah apenas concordaram.
Corremos o mais rápido que podíamos até aquele poço, os passos fortes do cinzento estavam cada vez mais próximos. Ao chegar no poço, adentramos ele com tudo. Como um nadador mergulhando no mar, lá estava. O mesmo coração que Sarah havia avistado antes, foi quando o cinzento pulou no poço.
Sua queda fez uma força tão grande no impacto que empurrou todos até um canto diferente da parede, ao me apoiar em meu braço. Deitada no chão, olhei para Patrícia, seu corpo estava misturado com o de cinzento. Ele estava a usando apenas para poder ter um corpo humano.
— É tão bom ser eu! — Sarah estava caída ao lado de Augusto, ela se levantou. Como despedida o deu um beijo, o primeiro e último beijo.
Sarah avançou até o cinzento, com toda habilidade corporal restante, ela o imobilizou tempo suficiente para juntos, Augusto e eu atacarmos o coração.
No primeiro golpe, uma explosão de energia ocorreu, nos jogando novamente contra a parede. Do coração, um raio azul abriu o teto e após isto atingiu o céu. Aquele céu estrelado e escuro, começou a amanhecer. Esse era o primeiro dia após diversas noites de horrores.
Me levantei com cuidado e vi Patrícia caída no chão, ela acordou. Não aparentando ter intenções ruins.
— Eu sinto muito... — Ela desmaiou no mesmo instante, tentei caminhar até ela. Porém, cai no chão, tentei segurar sua mão. Falhei e acabei ficando inconsciente.
Acordei em uma cama de hospital, Augusto estava logo ao meu lado. Olhei ao redor e não avistei Patrícia, logo pensei que ela não havia resistido. Assisti o noticiário, até ver a jornalista falar sobre a mesma.
— Acabamos de receber a notícia que um deles acordou, conhecido como Augusto. Este foi um dos sobreviventes a um dos massacres que ocorreram perante gerações, nunca vimos nada parecido antes!... — A enfermeira entrou e desligou.
— Vejo que acordou, vocês não terão que responder em público oque aconteceu. Graças as provas e a confissão de Patrícia, o caso foi resolvido.
Não entendi, Patrícia nunca foi a verdadeira culpada por tudo aquilo. Eu tentei avisar, porém, não conseguia falar. Me senti silenciada, incapaz de tentar a defender, apesar de tudo. Tive que religar novamente.
— Agora acompanhe o relato de Patrícia, a verdadeira culpada por isto. — A tela mudou para uma sala de interrogatório.
— Eu matei todos eles, sem ajuda de ninguém, planejei tudo com cautela e garanti que não fossem notar o desaparecimento, passei anos tentando limpar aquele lugar, todas as cartas foram eu que escrevi. Eu sou a culpada! — Ela estava calma, porém após isto foi levada para diversos tipos de terapia. O maior segredo foi como ela conseguiu fazer tudo, eu sabia.
Após cinco anos, eu estava completando meus 23 anos. Se passou cinco anos desde que meus amigos foram mortos, ainda sim. Todo dia os visitava, Augusto diferente de mim. Optou por nunca mais dirigir a palavra até Patrícia, eu todos os dias a visitava.
Ela se recusava a dizer uma palavra se quer, foi até que com alguns exames descobriram uma substância desconhecida em seu corpo. Cujo atrapalhava em suas capacidades motoras e comunicativas, ela não merecia isto.
Augusto com o tempo foi diminuindo a frequência que ia visitar os nossos amigos, até que um dia ele decidiu apenas parar e seguir em frente. Eu, nunca pude fazer isto. Sempre colhi flores de meu jardim, visitava túmulos vazios apenas para tentar me recordar oque cada um, era para mim. Escrevi cartas, uma após a outra.
Todas as cartas de Patrícia eu relia constantemente, prestava atenção a cada detalhe. Ela nunca foi culpada por isto, algo ainda me deixava inquieta. A origem do acampamento Wild!Fim?
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A ascensão do acampamento Wild
HorrorNo livro "A ascensão do acampamento Wild", acompanhamos a jornada de sete vencedores de um programa de TV que se veem em uma situação extrema após uma calma viagem para outra cidade da qual haviam ganhado como recompensa do programa, após o acidente...