Placebo

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"O efeito placebo, devido a própria confusão mental, faz com que pessoas acreditem em algo irreal"

Eu estava escondida em um riacho, com queimaduras fortes em minhas pernas e braços. Uma dor enorme se estabeleceu, além disto. Uma casa me chamou atenção, logo do outro lado, nadei no mesmo instante e fui até aquela moradia.

Ao adentrar, vi diversas cartas, papéis e fotos penduradas em um mural. Fotos minhas, de meus amigos e de outras pessoas. Todos aparentemente inocentes, em cada parte do mural tinha uma linha que interligava um ao outro e junto da nossa foto, uma carta.

Logo peguei a carta ao lado de minha foto, a abri com cuidado, certificando que teria como recolocar a mensagem novamente no mural.

"Erika, uma mulher feroz, com sangue quente, sem paciência. Sua força de vontade tem potencial para me impedir, seus familiares não se importam com ela. No dia 05 de setembro, ela irá ser uma das pessoas que terei que estar atenta durante o acidente, ela precisa estar bem o suficiente para eu a culpar. Um de seus pontos fracos é seu passado!"

Apesar de ter me surpreendido com o plano, já tinha noção de que era um de nossos amigos, teria que ler até o fim, foi o que eu fiz, pegando a carta de Augusto no mesmo instante.

"Augusto, inteligente, analista e resistente. Ele pode muito bem me descobrir, preciso o afastar dos outros e o ferir. Durante o acidente ele estará tão ocupado com os feridos que nunca irá me notar, dentre seus familiares, ele apenas tem um irmão mais novo de cinco anos. Cujo está com os avós"

Assim foi gasto meu tempo, lendo uma carta após a outra.

"Yum, mesmo sendo bem rápido e talentoso, não possui ninguém que se importe com ele, seus pais o abandonaram na infância. Nenhum de seus familiares quis ficar com ele, para um morador de rua. Até que ele ficou famoso, seu ponto fraco é confiar demais."

"Matheus, um ex criminoso que tentou se reabilitar após ter espancado a própria esposa, ele é um lixo de ser humano. A definição de alguém sem salvação, não seria necessário determinar seus pontos fracos, já que o mesmo não pensa antes de agir."

"Sarah, desde sempre teve toda sua família a apoiando, nunca obteve a experiência de como é dar a vida para sobreviver. Neste acidente, ela será a mais afetada."

"Patrícia, uma ex dependente de drogas, que tenta se recuperar de tudo oque passou com os pais. Por mais que seja esforçada, precisa aprender ainda o quão difícil a vida pode ser. Apenas um familiar foi encontrado, o seu falecido irmão."

"Morgana, entre todos eles. Sei menos sobre ela, o tanto quanto misteriosa e discreta. Ela sim, me preocupa, a única informação sobre seus familiares é que eles estão mortos. Sobre seu passado, pouco se sabe."

Então era isto, cartas com informações vagas e vazias sobre mim e meus amigos, é nítido que o culpado por isto já foi responsável por outros crimes e sabe oque está fazendo. Outras pessoas no mural me parecem ser totalmente desconhecidas.

Entre os desconhecidos, Amber poderia estar lá, com cuidado fui recolocando as cartas ao lado das imagens correspondentes. Procurei pela imagem de Amber, nada foi encontrado, entre todas as fotos e cartas, havia uma parte do mural com uma foto rasgada ao meio.

O rosto era de uma linda moça, com um sorriso angelical enquanto olhava para câmera. Peguei a carta dela, no mesmo instante, mas a carta estava com diversas partes queimadas.

"Ela... Ingênua demais... Ser ela... EU A ODEIO..."

Movimentação vinha se aproximando, logo guardei a carta no lugar. Entre aquele lugar pequeno, me escondi abaixo da cama. Apenas vi as botas de cor preta do possível responsável, ele se sentou na cama e tirou a máscara. A jogando no chão, eu pude ver todos os detalhes daquela máscara de madeira, coberta por plantas e com olhos artificiais da cor amarelada.

A máscara, envolvida pelo sangue de outra pessoa. Me chamou a atenção. Mas, de forma repentina uma tesoura de jardinagem caiu bruscamente no chão, ao tentar pegar ele a chutou para baixo da cama, ele iria me descobrir.

Eu com cuidado empurrei a tesoura, completamente ensaguentada para a beirada da cama. Assim ele a pegou, o mesmo foi andando até o mural, seu casaco de folhas secas cobriam completamente seu corpo. Ele encarou o próprio mural por bastante tempo, até que ele mexeu em uma das cartas.

Eu a posicionei alguns centímetros torto, ele já sabia que alguém havia lido. Pude ouvir sua risada, com algum tipo de modificador que a deixava mais grave. Ele caminhou até a cama, se agachando lentamente.

Ele pegou sua tesoura de jardinagem e sua máscara, saindo de lá com passos fortes e graves, quando tudo parecia estar silencioso. Sai de baixo da cama, rapidamente fui até o mural, roubando a carta de todos aqueles que se tratavam de desconhecidos.

Sai da casa, ao olhar para o céu estrelado. Vi uma carta caindo, a peguei e logo a abri, a carta, no entanto, era para Amber.

"Já não bastava a mentira, precisava retornar dos mortos? Eu irei arrancar seus órgãos e vou a fazer comer todos lentamente"

Mesmo Amber tendo feito aquilo, ela era uma grande ajuda. Já que o jardineiro via a necessidade de a eliminar logo, eu irei a achar.

Lá estava eu, correndo só, pela floresta. Com a sensação de estar sendo observada, mesmo não me importando com isto, algo ainda ficava preso em minha mente. O porquê disto? O que eu fiz foi tão ruim para precisar de tudo isso?

ARGH! — um grito de dor ecoou pelas árvores, logo me apressei.

Fui caminhando até ver um buraco no chão, escuro e misterioso. De lá vinha o grito de socorro, ao me aproximar...

alguém me ajuda! — A voz não era conhecida. Talvez fosse algum sobrevivente, eu poderia o ajudar.

Olá? — Um silêncio se estabeleceu, a melhor decisão a se tomar seria fugir. Algo em mim não me permitia deixar alguém para trás, então coloquei uma de minhas mãos no buraco.

Algo me puxou com força para dentro do lugar, ao me soltar, eu cai em um vazio. Onde ao olhar para o céu, ele ia se afastando gradualmente. A queda foi muito grande, perdi a noção de tudo após colapsar.

Após despertar, me vi em um corredor iluminado com luzes vermelhas, as paredes eram compostas por esqueletos de crânios humanos, com entrave me levantei. Meu corpo dolorido e enfraquecido pela queda, fui apoiada das caveiras para poder andar.

No final do corredor, tinha duas escolhas, mentira e verdade. Corredores iguais com histórias diferentes, logo decidi ir na direção da mentira. Caminhando pelo corredor da direita, vi uma capsula muito grande com um líquido verde que deixava tudo tão brilhante.

Ao me aproximar, coloquei meus olhos. Dentro da capsula havia um ser com os olhos fechados, foi quando ele abriu. Pude ver que era o cinzento dentro da capsula, ele começou a bater diversas vezes no vidro. Que aos poucos ia se rachando, corri o mais rápido que eu pude para o outro corredor. A verdade, talvez meu destino fosse descobrir tudo afinal.

No corredor da verdade, diversas fotos, cartas e utensílios estavam pendurados. Todos foram roubados e estudados, sendo todos os itens dos nossos amigos. Não tinha tempo para ler tudo, nem tinha condições de eu levar as cartas comigo.

Logo pensei em um plano, para eu descobrir toda a verdade teria que enfrentar meu medo, essa vai ser a forma que irei descobrir toda a verdade, por todos os meus amigos, aqueles que se foram e aqueles que pretendo salvar.

Fui olhando os itens na parede e achei os pacotes de cigarro de Matheus, a pólvora poderia me ajudar, foi quando achei o spray de cabelo que Sarah usava em seu cabelo. Eu só iria precisar de uma simples chama para tudo dar certo.

Procurei desesperadamente por algo que pudesse ser essa fonte, o líquido que estava na capsula já havia escorrido até onde eu estava. Em breve ele iria se soltar.

Até que achei o isqueiro de Yum, logo peguei ele, juntando tudo talvez poderia o derrotar, a minha esperança iria se manter até o fim, o barulho da capsula quebrando pode ser escutada de longe. Até que ouvi os passos fortes e brutos do Cinzento, logo me preparei.

Em posição, mirei na direção onde ele estava vindo. Entretanto, os barulhos pararam, começaram a vir do outro lado. Ele de alguma forma avançou do corredor oposto, sem nem ter a oportunidade de me preparar. Ele usou seu corpo para me jogar bruscamente para longe, ao cair, ainda deslizei por alguns segundos no chão.

Mesmo tendo machucado minha perna direita, eu não iria desistir. Com dificuldade me levantei, me apoiando entre as caveiras. Ele poderia vir de qualquer direção, então, fechei ambos os olhos. Focando apenas nos sons ao meu redor, os passos constantemente estavam alterando a direção.

Cada vez mais próximos, porém tinha um simples detalhe. O líquido da capsula agarrou em uma das patas dele, fazendo seu passo ter um barulho diferente do normal. Havia outro barulho de passos para me enganar, agora eu tinha certeza.

Virei em direção do corredor da verdade, foi quando abri o olho que vi o ele vindo em minha direção. Foi com um grito, uma determinação para sobreviver e uma arma improvisada. Que, eu o queimei vivo, finalmente ele foi derrotado, tudo acabou.

Malditos fumantes, me salvaram! — Disse isto caindo no chão, sem forças para me levantar, chorando de felicidade.

Quando o fogo parou, apenas restos dele estava sobre o chão. Mancando, fui até o corredor da verdade, estava na hora de descobrir de uma vez por todas o responsável por isto.

Continua...

A ascensão do acampamento WildOnde histórias criam vida. Descubra agora