O acidente

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Era uma madrugada fria e chuvosa, a pista vazia. Eu e meus amigos estavamos voltando de viagem. Todos nós cansados, foi uma longa aventura. Não via a hora de finalmente chegar no conforto da minha casa, dar um forte abraço em meu irmão...

— Erika? - Patrícia me chamou, estava perdida em meus próprios pensamentos que nem conversei direito com os outros.

— Ah! Foi mal. Suponho que acabei me distraindo, você disse algo?

— Na verdade, não. Apenas fiquei preocupada com você, está bem quieta.

— Eu estava pensando em...

Um forte trovão chamou a atenção de todos, a chuva estava ficando mais forte. Patrícia segurou em minha perna, assustada. O motorista aparentou estar tenso, algo me dizia que tudo iria piorar. Sarah ao lado do motorista sussurrou algo no ouvido dele, ela estava bem calma. Diferente dos outros.

Coloquem o cinto de segurança. - Afirmou o motorista.

No mesmo instante coloquei o cinto, me certifiquei de que os outros fizessem o mesmo. Vi como Patrícia estava assustada, dei o meu casaco a ela e a envolvi em um abraço. A chuva estava aumentando e os trovões também, mesmo estando com medo. Não podia demonstrar isto aos outros, vi que o telefone de alguém havia caído. Me agachei para pegar e quando me levantei, um cervo entrou no caminho e assustou o motorista. Ele virou bruscamente para outra direção, aquela foi a pior decisão que ele poderia ter tomado. A pista estava escorregadiço, a última coisa que avistei foi a van indo em direção ao fim do penhasco.

Não! - Sarah gritou apavorada. Foi a última coisa que eu escutei vindo de alguém, o motorista já não tinha mais controle da van. Fechei os meus olhos e senti meu corpo cair para fora do assento. Bati minha perna em um ferro solto de outro assento, a adrenalina impediu que eu sentisse a dor.

Os gritos dos outros foram apavorantes de se ouvir. Quando senti que a van havia parado, escutei barulho de água. Abri os olhos lentamente e vi haver parado em um lago. Afundando enquanto a água adentrava a van, tentei não me desesperar e ajudei os outros a saírem. Um por um, Sarah gritou - O cinto dele travou! - Não tinha mais oque fazer em relação a isto. Vi que Sarah havia se machucado muito, pois grande parte do impacto havia sido na frente. Ajudei Sarah a sair, a água nesse ponto já estava batendo em meu pescoço. Quando ela saiu pela janela, fui fazer o mesmo. Porém, o motorista me agarrou pelo pé.

Você não pode me abandonar. Se fazer isto comigo não irá se esquecer, olhe para mim! - Nem olhei para os olhos daquele inocente rapaz. Já não podia mais respirar, a água havia afundado por completo a pequena van. Chutei a mão dele para me soltar, assim nadei até a superfície. Fui até terra firme. Me certifiquei de que ninguém ficou para trás, entre todos nós. Sarah foi a que mais foi afetada. Seu corpo todo estava ferido e ensanguentado.

Gente, precisamos se abrigar em algum lugar. A pista está vazia, precisamos ajudar a Sarah urgentemente! - Digo a colocando em minhas costas. Mas, senti uma forte dor na perna e soltei ela de forma cuidadosa, quando olhei para minha perna. Notei ter um corte profundo nela, Morgana rasgou um pedaço de sua blusa e amarrou em minha perna.

Eu estou bem... ajude a Sarah! - Me esforcei para ficar em pé.

Erika! Sua perna está machucada. Se apoia em mim! - Mesmo querendo ajudar os outros. Tive que parar e receber ajuda, algo que mostrava que em momentos de desespero. Nem capaz de ajudar meus amigos eu seria.

Enquanto Morgana me ajudava, os outros sozinhos foram se ajudando. Isto me incomodava, eu precisava estar ali ajudando. Não recebendo ajuda... Fomos caminhando enquanto o tempo ia passando lentamente, não tinha mais esperança alguma de que iriamos achar alguém. Até ouvir Morgana dizer que viu algo.

Gente! Tem uma placa logo ali, pode ser um mapa. - Morgana me colocou sobre as suas costas - bem melhor! Meu ombro esquerdo estava doendo. - Ela comigo, foi até a placa, que estava escrito sobre um acampamento chamado de Wild. Logo a esquerda. Foi a nossa única alternativa.

Ao chegarmos, deu para se notar no mesmo instante estar abandonado. Provavelmente anos ou até mesmo décadas. Com aquela chuva forte não tinha outro lugar para se abrigar, adentramos ao acampamento. Fiquei pensativa, havia uma tenda montada. Algo que aparentou ser muito mais recente que os outros detalhes daquele local. Morgana me deixou ali sentada, correu até os outros para ajudar Sarah. Aproveitei que Morgana saiu e verifiquei minhas coisas, meus pertences haviam ficado na van. Algo que me preocupou, até eu colocar a mão sobre meu quadril e sentir que estava ali. Minha pistola, que felizmente estava travada. Precisava me livrar disto, retirei ela do coldre. Cavei um buraco que se coube ela e joguei terra por cima, ninguém poderia saber que tenho porte ilegal de arma.

— Ela está bem? - Disse isto após ver Yum chegando com Sarah desmaiada em seus braços.

Nem um pouco, os ferimentos são graves. Precisamos tratar deles antes que seja tarde...

Yum definitivamente não era a melhor pessoa para resolver aquilo, tendo suas constantes crises de ansiedade e de raiva não poderia ajudar Sarah. Chamei Matheus para ficar responsável por ela, definitivamente era a melhor opção.

Precisamos improvisar com oque temos, Augusto você não disse que se formou em enfermagem? - Matheus perguntou

Com estes ferimentos e sem nenhum equipamento. Não terá muito oque eu possa fazer...

Gradualmente. As vozes alheias começam a ficar mais difíceis de se ouvir, minha visão começou a se escurecer e senti como se meu corpo fosse cair. Minha cabeça latejava de tanta dor! Gemi de dor e coloquei as mãos sobre a cabeça.

— Está doendo! - Foi quando perdi minhas forças. Caindo no chão, gritos de desespero e palavras que não conseguia mais ser capaz de identificar oque estavam querendo dizer. Acabei desmaiando.

Continua...

A ascensão do acampamento WildOnde histórias criam vida. Descubra agora