À medida que vou adentrando ao meio da multidão as pessoas me encaram como se estivessem se perguntando quem é essa garota, a sensação de vergonha e arrependimento me invade.
— Porque inventei de vir nisso… — murmuro mas ninguém é capaz de ouvir, o som da música está alto demais para isso.
Tento me afastar o máximo que consigo de todos, passo pelo canto da velha construção e vou até os fundos na esperança de conseguir ficar sozinha, mas é em vão.— É lógico que haveria pessoas nos fundos Lilith, em que mundo você está vivendo? — falo a mim mesma.
Olho ao redor vendo um grupinho de amigos bebendo, dentre eles um me chama atenção, camisa preta assim como os cabelos e suas tatuagens, um cigarro entre os dedos e uma aura um tanto quanto peculiar, diria até assustadora. Ao perceberem minha presença viro me e saio o mais rápido que consigo antes que algum deles venha ao meu encontro para perguntar o porquê de eu estar olhando, entro na igreja buscando algum rosto familiar.
— Perdida meu amor? — sinto mãos em minha cintura acompanhada de uma voz grossa ao pé do ouvido assim que piso dentro do local, faço menção de correr mas a pessoa me prensa contra seu peito — Calma, não tenha medo.
— Me solta seu imbecil.
Tento ao máximo fugir de seus braços mas não consigo, e a cada tentativa mais força e posta sobre meu corpo. Sou jogada brutalmente contra a parede, a dor do impacto percorre cada milímetro do meu corpo, o desespero me invade e junto o arrependimento de ter vindo cresce cada vez mais. Beijos são largados na pele do meu pescoço, suas mãos me apertam cada vez mais, por que ninguém me ajuda? Tantas pessoas ao redor, alguém quase me engolindo contra minha vontade e todos achando normal?
— Me larga! — grito me contorcendo em seus braços.
Busco alguma maneira de fugir dali mas não consigo, após muita insistência acho um espaço entre suas pernas e não penso duas vezes, apunhalo com meu joelho e somente isso já é o suficiente para ele me largar e por suas mãos contra o órgão genital.— Sua vadia! — rosnou se jogando no chão ainda incapaz de se mover.
— Da próxima vez que tentar pegar alguma garota contra a vontade dela, certifique-se de fechar as pernas seu babaca.
Saio correndo daquele lugar sem olhar para trás, adentro uma parte da floresta com o resto de esperança em ficar sozinha, me sento em um toco de árvore e respiro.
— Quero ir pra casa. — murmuro passando a mão pelo rosto, pego meu celular da bolsa vendo que ainda não são nem meia noite.
— Lilith? — ouço uma voz me chamar, viro o rosto em procura e vejo a garota que encontrei no banheiro da escola.
— Ah, oi… Ivy né? — dou um sorriso meia boca.
— Isso, te vi correr pra cá, aconteceu algo? — pergunta e se senta ao meu lado.
— Tive uma complicação dentro da igreja, mas nada de mais, estou bem.
— Veio só?
— Mais ou menos, uma pessoa me chamou, mas acabou me largando sozinha por aqui. — suspiro guardando o celular na bolsa.
— Vem comigo, tô sozinha por aqui também. — se levanta pegando minha mão e me puxando.
— Acho que estou de boa aqui, não sou muito de socializar. — murmuro desviando o olhar do seu.
— Se veio pra cá, vai ter que socializar sim — me puxa com força me obrigando a me levantar e acompanhá-la.
— Tá bom, você venceu.