Sou arrastada por uma escada até o andar de cima da igreja, Corbin continua frenético atrás de mim mas não encosta um dedo no garoto.
Calafrios percorrem pelo meu corpo, meus ossos doem só de imaginar o que pode acontecer comigo.
Me pergunto o porquê disso estar acontecendo, não pode ter sido só por eu ter entrado naquele lugar sem permissão, eu estava lá mais cedo com a Ivy, e não aconteceu nada.
Ou será que foi porque eu estava com ela?
Meus Deus.
São tantas perguntas e nenhuma resposta.— Onde você está levando ela, Trevor? — pergunta Corbin quebrando o silêncio depois de longos minutos, Trevor para de andar e se vira.
— Não tenho que respondê-lo, saia daqui antes que sobre para você. — responde me deixando ainda mais nervosa.
— Como assim sobrar para ele?! — berro tentando puxar meu braço mas é em vão.
Ele para de andar e aproxima seu rosto de mim apertando com mais força meu punho.
— Fique quieta para não se machucar. — fala sério e acabo soltando um gemido de dor.
As poucas pessoas ao redor me entregam olhares de curiosidade. Nunca imaginei que essa velha construção teria um segundo andar, e muito menos que seria maior que a de baixo.
— Tirem ele daqui. — Trevor fala apontando para Corbin ao passarmos por três garotos.
Ele é encurralado e arrastado em direção a escada que acabamos de subir.
— Me larguem! — grita tentando se soltar mas os garotos não ligam para uma única palavra — se encostarem nela, eu os mato!
Essa é a última frase que escuto antes de ser jogada dentro de um cômodo escuro. Corro em direção a porta mas Trevor tranca antes que eu consiga fazer algo.
— Por favor, me tira daqui! — esmurro a madeira à minha frente — socorro!
Grito enquanto soco aquela velha porta. O pânico já me invadiu a muito tempo, procuro minha bolsa mas não encontro, Trevor a pegou de mim e não percebi.
Desfiro um chute de raiva na madeira e acabo soltando um gemido alto de dor, me sento no chão e permito-me chorar.— Pensei que não iria se acalmar nunca. — uma voz rouca ecoa pelo lugar fazendo meu corpo tremer de desespero.
Me levanto em um pulo, forço o olhar tentando enxergar algo à minha frente.
— Que.. quem está aí? — pergunto recuando até encostar em uma parede — por favor, me deixe sair daqui.
Imploro choramingando.
Escuto um som de fósforo e em seguida uma pequena luz se acende pouco à frente de mim.
— Está com medo princesa? — vejo a silhueta de um cara sentado em uma cadeira quase ao meio da sala.
Olho em volta tentando ver algo a mais, mas ainda é pouca luz para iluminar toda essa escuridão.— Venha se aproxime — sugeriu aquela voz — ou quer que eu vá até aí te buscar?
Cazzo! Meu corpo se arrepia inteiro com o grave daquela voz. Suspiro e vou me aproximando aos poucos, com cautela e medo.
— Quem está aí?
Paro poucos centímetros de onde ele está, seus cabelos longos e desgrenhados cobrem seu rosto.
— Sente-se aqui. — bate a mão em sua perna.
Arregalo os olhos e me afasto, ele só pode estar louco.
— Você é maluco? — minha pergunta lhe arranca uma risada.
Esse cara não bate bem da cabeça, o que ele quer comigo senhor?
— Não estou pedindo — sua voz sai em tom ameaçador — venha. E sente-se aqui.
Olho ao redor vendo algumas coisas grandes, como cabines. Se isso é realmente uma igreja, acredito que aquilo seja cabines para os pecadores se confessarem.
Corro até lá na esperança de conseguir fugir desse maluco, não tem nada além dos confessionários.
— Você está tentando fugir de mim? — pergunta se levantando da cadeira, logo em seguida posso escutar o som dela sendo jogada e caindo longe.
Se ele está fazendo isso com uma cadeira, imagina só o que ele pode acabar fazendo comigo? Me encolho atrás de uma cabine e tento acalmar minha respiração, não posso ser encontrada.
— Sabe o que você está parecendo? Uma ratinha, uma ratinha tentando se esconder de mim em uma sala onde não tem como escapar — seus passos se aproximam cada vez mais, tento me rastejar para longe.
— Quer me confessar algo princesa? Aproveita que já estamos na igreja, posso ser o padre e você a penitente — murmura abrindo cada porta dos confessionários — diga a mim seus pecados, perdoarei eles e serei piedoso minha princesa.
Assim que ele abre a última porta do confessionário, me levanto e saio correndo em direção a uma fresta de luz que vejo ao fundo da sala.
Tento arrancar o pedaço de madeira que impedia a saída, mas sou surpreendida por trás.
— Onde você pensa que vai? — ele brutalmente me joga contra a janela.
Seu corpo prensa o meu com força. Sua mão que antes estava em minha cintura, agora está acima da minha cabeça na parede.
— Perdoe-me ratinha, eu não queria te assustar. — carinhosamente esfrega seu nariz contra o meu.
Dios mio, o que está acontecendo aqui? Quem é esse garoto, e porquê disso tudo? O que foi que eu fiz?
— Por… porque me obrigaram a vir aqui? — crio coragem perguntando.
Me encolho o máximo que consigo entre seus braços, não quero sentir seu toque, não quero estar perto dele.
— Você anda sendo uma garota tão má meu amor. — passa seu polegar em minha bochecha tentando acariciá-lo.
— Eu não sei quem é você, me deixa sair daqui. — murmuro tentando fugir dos seus braços, mas sou impedida.
— Eu sei, eu sei — sua cabeça é jogada para trás e logo em seguida sinto seus braços me apertarem com mais força — mas eu te conheço tanto minha pequena.
Meu corpo se estremece ao escutar isso.
— Me deixa sair daqui, por favor — imploro choramingando — se foi porque eu entrei na sua área restrita, eu prometo que nunca mais cometo esse erro.
Escuto um som de estalo, provavelmente feito por sua língua.
— Você é tão inocente meu amor, isso me enlouquece. — sua respiração fica cada vez mais perto do meu rosto.
— Damon, você se chama Damon não é? — pergunto virando o rosto para fugir do calor gerado por sua respiração.
— Você não é tão lerda como pensei. — solta uma risada nasal.
— Eu estava com sua prima, você sabe dela?
— A gente poderia conversar sobre tantos assuntos, mas você quer logo esse Lili? — é notório a insatisfação em sua pergunta — assim você me chateia amor.
— O que você quer de mim?
— Eu não quero algo de você princesa — se aconchega em meu pescoço como se tivesse a maior intimidade do mundo — eu quero você.
Sussurra com sua voz rouca em meu ouvido.
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