- Bom dia. – Ramona saudou um Jerry descabelado, que se aproximava ainda meio sonolento, esfregando o rosto nas mãos numa tentativa de despertar por completo.
- Bom dia. – Ele sorriu, indo até o balcão da cozinha, onde a ruiva estava apoiada, segurando uma caneca fumegante. Sem cerimônias roubou um beijo casto, um encostar de lábios singelo, mas que tinha um significado escandaloso.
- Chá? – Mona ofereceu, estendendo a xícara ao rapaz, que aceitou de bom grado, sorvendo um longo e necessitado gole, o que trouxe conforto imediato. – Se sente melhor? Ainda com dor? Quer ir ao hospital? – Despejou as indagações, passando da leveza anterior para a preocupação nítida.
- Mona, tô bem. – Cantrell a tranquilizou, mesmo que as costas protestassem um pouco.
- Se está dizendo... - A vizinha retrucou, claramente desconfiada, fitando os hematomas no abdômen do músico. - Ainda estamos sem energia. - Informou, dando de ombros.
- E continua chovendo. - O guitarrista completou, apontando para a janela embaçada e repleta de gotículas.
- Ótima oportunidade para ficar de bobeira. - Mona sorria de modo arteiro, fitando os orbes azuis em desafio.
Jerry, que lia muito bem as expressões da jovem, depositou a caneca na bancada e com eficiência inédita os conduziu de volta ao quarto, satisfeito pela interação leve e despreocupada, sem constrangimentos ou inseguranças que persistiam em rondá-los. Por hora não daria ouvidos, focando na felicidade que habitava seu coração, não querendo evanescer tal sentimento tão cedo. Diferente da noite anterior, onde Ramona conduzira toda a prazerosa interação, naquela manhã seria o loiro quem tomaria a iniciativa, quem a beijaria por todo o canto, quem sentiria seu sabor, sua umidade, quem provocaria seus gemidos, seu ápice. Serie ele quem a teria completamente, de corpo e alma, unindo-os como quase um só ser. E foi assim que fez. Tomou os lábios com gosto de hortelã, descendo pelo pescoço pequeno e demorando-se lá um pouco, deixando marcas que não sairiam facilmente. Enquanto a boca trabalhava, as mãos percorriam a carne macia, apertando, arranhando e provocando os lugares sensíveis dela, que suspirava com o misto de sensações, adorando cada segundo daquilo. Não demorou nada para que estivessem sobre o colchão outra vez, as roupas que vestiam jogadas por aí, o barulho molhado de corpos se chocando, de xingamentos e palavras de ordem bem específicas preenchendo o ambiente e o grito reprimido por um beijo voraz, quando se está prestes a gozar forte. Suor, respirações descompassadas, sorrisos de deleite e uma moleza que somente o pós sexo trazia, tomava conta da dupla, que escutava a garoa cair sobre a cidade, calma e paciente, tão pacífica que emanava uma sonolência bem-vinda, um acalento aos amantes apaixonados.
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- Tinha me esquecido de como é bom não fazer nada. - Mona comentou, acomodada nos travesseiros, confortável em demasia.
- Nem me fale. - Fulton concordou, sorrindo preguiçosamente. - Cookies? - Ofereceu, passando o pacote com os biscoitos para a companheira, que aceitou de bom grado. Quem poderia adivinhar que depois de um maravilhoso sexo e uma longa soneca, o estômago protestaria? Acordaram com uma fome cavalar, pegando todas as besteiras possíveis que tinham na dispensa e trazendo para a cama, de onde não sairiam tão cedo.
- Sabe... - Ramona começou, franzindo o cenho. - ... tem algo que eu queria perguntar. - Buscou os olhos claros, que a miravam atentos. - Como descobriu sobre Baby Jenks?
- Sean. - O guitarrista proferiu o nome do melhor amigo, ciente que não precisava de mais para que a outra entendesse.
- Agora fez sentido. - Ela resmungou, como se estivesse encaixando as peças de um quebra-cabeça.
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Something's Gotta Turn Out Right
FanfictionJerry se sentia azarado. Nada estava dando certo em sua vida e pelo jeito, a maré não mudaria tão cedo. Era o que pensava até conhecer Ramona, a vizinha do apartamento de cima. Será que a convivência com ela faria as coisa darem finalmente certo?