Capítulo VI

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Uma chuva intensa caia naquela tarde, Diego virou o olhar para a Janela do seu escritório observando como as árvores dançavam incansavelmente com os ventos fortes batendo nos galhos.

Aqueles movimentos geraram uma hipnose e um pensamento longe o levou até a noite anterior, ele sorriu lembrando do toque nos lábios macios e o quanto ela tinha ficado nervosa com aquele pequeno gesto íntimo. Quão delicioso foi deixar ela assim, assumiu para si mesmo enquanto observava a chuva.

Não que assustar jovens indefesas fosse uma ato recorrente na vida de Diego, pelo contrário, ele nunca quis se envolver com jovens damas da nobreza. Sabia que aquilo poderia ser um grande problema e era! Seus circulos amorosos giravam em torno de mulheres casadas, viúvas e cantoras líricas.

Quando não queria se relacionar amorosamente com ninguém ele preferia ir até algum club com jovens mulheres que estavam dispostas a satisfazer a lascivias dos homens em trocas de algum dinheiro ou joias.

Mas uma jovem e pura menina da nobreza não, aquilo era uma relação completamente errada que ele sempre evitou, ate aquele momento.

Aqueles grandes olhos azuis e seus lábios rosados e carnudos pareciam implorar por um beijo, e isso tinha tirado qualquer razão da sua cabeça e sem dúvidas, isso era um perigo. Por vários motivos.

Primeiro que a dama em questão nunca se relacionou com um homem, provavelmente aquele toque em seu rosto foi o mais próximo de um toque masculino que ela sentiu na vida.

Segundo que ela era jovem, Diego tinha vinte e seis anos e a Lady Sophia provavelmente estava entre seus dezoito e dezenove anos. Por deus, ele se mexeu um pouco sobre a cadeira. Muito inocente e meiga para as mãos experientes e perversas dele.

Por fim, e não menos importante, Diego era um cigano. Todos da sociedade preferiam fugir de ciganos do que se relacionar com eles. Sejam para a amizade, negócios ou qualquer relação que envolva alguma coisa a mais. Isso era nítido na mente dele, envolver uma dama em uma relação assim seria um perigo para ela, mais do que para ele.

A mulher seria ignorada por todos, perderia amizades de outras damas e sentiria o preconceito de alguem virar o rosto pelo simples fato de você existir e não ser o padrão de pessoa imposto pela sociedade.

Ele não tinha ódio das pessoas por pensarem assim, apesar de saber que isso era um preconceito totalmente desnecessário e burro.

Até porque, Diego tinha mais dinheiro que muitos nobres, poderia ter várias Mansões como daquela festa e até fazer bailes como aquele todos os finais de semana.

Com os dois negócios andando perfeitamente bem, além dos investimentos feitos, ele tinha dinheiro para viver como um Rei o resto da sua vida. Mas não era assim que os nobres pensavam, ele sabia que ter sangue Azul e status importavam mais do que qualquer quantia bancária disponível para saciar luxurias.

Qualquer família preferiria morrer de fome do que aceitar um cigano como parente. Exceto pela sua, ele pensou com um coração mais calmo. Essa era a família que ele se importava no momento.

Sua concentração estava totalmente focada nos pequenos pingos que caiam rapidamente sobre a janela quando seus pensamentos foram interrompidos ao scutar uma voz de fundo chamar seu nome.

_Sir Diego, Lord Wessex está aqui._ disse Castello com um ar de preocupação.
_Deixe-o entrar..._Diego abriu sua primeira gaveta visualizando o metal reluzente. Poderia muito bem usar aquele soco inglês, o que resolveria metade dos seus problemas.

Mas ao ver o homem pequeno e mirrado passando pela porta do escritório ele fechou a gaveta novamente. Somente um soco sem qualquer utensílio resolveria aquilo. Diego olhou para o homem.

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