02 - Ferite Che Non Guariscono

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02 - Feridas Que Não Se Curam

VALENTINA

Saí para tomar um ar fresco, e enquanto passeava pelo gramado ao fundo do salão de festas, percebo uma movimentação estranha. Alguns homens conversavam acalorados e estavam muitos em cima de outro homem. Tentei me colocar atrás de um pilar, afim de conseguir entender o que estava acontecendo. O homem ao centro da roda parecia assustado e tentava explicar algo, mas os outros homens estavam falando entre si ao mesmo tempo e aquilo estava me deixando mais confusa ainda. Avistei um pilar mais próximo, analisei o caminho até ele e fui. Mas quando dei um passo, senti uma mão grande sob meus ombros. Assustada, dei um pulo para trás, para então perceber que era apenas Carlos. O Soldato de estimação de Antonio.

- Como ousas tocar em uma dama?
- A senhora está em local proibido. O que faz ouvindo conversas alheias? — diz me repreendendo. Nem parecia o mesmo Carlos, como as coisas mudam depressa nesse hospício.
- Você está enganado! Pois eu estava apenas tomando um ar fresco.
- O Senhor Antonio irá decidir o que faz com você, me acompanhe!
- Jamais! Mande o seu senhor ao inferno por mim! — disse, mas ja era tarde. Estava sendo arrastada para dentro do grande casarão ao lado do salão de eventos.

Enquanto era arrastada, frustada por ser tão fraca ao lado desse armário, gritava para que alguém me salvasse. Preferia ser jogada em um poço cheio de jacarés, do que ser entregue aquele infeliz. Carlos avistou um escritório e me jogou para dentro, afim de que abafasse meus gritos.

- Me solte logo! Quem você pensa que é para me tratar dessa forma? Vejo que tem memória fraca!

Enquanto eu gritava em plenos pulmões, ameaçava, negociava, tentava fugir, Carlos seguia pleno e parado em frente a porta. Ele realmente era enorme, e qualquer esforço que eu fizesse seria em vão. Que ódio!

- Eu prefiro morrer, do que ser entregue aquele maldito!

E como se invocasse o demônio, o mesmo abre a porta e coloca Carlos e eu lado a lado. A sua presença, assim tão perto, me causa uma onda de calor e excitação. Ele tinha uma presença imponente e por um milésimo de segundo, sinto falta do seu toque. Aquele pensamento me faz ter raiva de mim mesma, e com ódio fecho a cara e me mantenho calada. Só percebo que Carlos saiu da sala, quando escuto uma grande batida e vejo Antonio trancando a porta na sequência. Estar sozinha e trancada com ele me deixa nervosa, e fico calada para que ele não perceba que fraquejei. Mantenho a cara mais fechada que posso, e levanto o queixo em forma de imponência contra a sua. Nunca mais iria abaixar minha guarda perto dele.

- Você continua me causando problemas, Valentina. — diz andando lentamente em minha direção.

Ele fala o meu nome quase que pausadamente. Antonio sabe bem o quanto eu odeio meu nome em sua boca, e muitas outras coisas que me afetam, mas irei provar que mais nenhuma funciona. Como protesto, me mantenho em silêncio.

- Se você for sempre assim, silenciosa, talvez nosso casamento possa mesmo dar certo. — enquanto ia se aproximando.

Ele está tentando me provocar, como se quebrar o meu silêncio fosse um tipo de joguinho na sua cabeça doente. E então eu ergo ainda mais a cabeça e o olho de cima para baixo. Pois é assim que eu o enxergo, como um inferior.

- Meninas malvadas me deixam com um tesão inexplicável, sabe? — então ele solta uma risada irônica, e mantém um sorriso em seu rosto. — Claro que sabe.

Agora ele ja estava bem na minha frente. Eu conseguia sentir sua respiração, e ela estava tão pesada quanto a minha. Que ódio.

Enquanto ele se aproximava, eu seguia o seu fluxo andando de costas. Até que eu atinjo uma mesa, e quase sento em cima dela tentando me afastar e manter a postura. Ele é mais alto que eu, mas hoje intuitivamente escolhi o meu maior salto para demonstrar poder. Nada de submissão.

A DAMA DA MAFIAOnde histórias criam vida. Descubra agora