Katerinne
No começo dos preparativos eu tinha ficado de boca aberta por saber os planos da minha mãe. Ela simplesmente escolheu a pior maquiagem, tecido e cor de vestido possível. Fiquei indignada. Eu sou gorda, mas não quer dizer que eu goste de aparecer um trapo. Sei que há cortes e cores que realçam o meu biotipo, mas minha querida genitora – sim, passei a nomeá-la assim desde a confusão com Lucca – fez questão de optar por tudo de ruim. O que ela não contava é que Angelina tinha previsto isso e me disse que eu poderia escolher tudo, até mesmo a paleta de cores das madrinhas; desde que a cor combinasse com todas. Foi difícil, ainda mais pra mim que não entendo bulhufas. Uma de suas amigas me ajudou e no final deu tudo certo.
------ Terminei, está linda. – disse a maquiadora com um enorme sorriso.
------ Uau! Realmente fiquei bonita! – eu disse maravilhada. Essa mulher fez milagre.
------ Que nada, você é bonita naturalmente. Eu posso te dar um conselho? – me pergunta apreensiva.
------ Claro.
------- Se puder vá ao dermatologista, essas suas espinhas parece ser algo emocional. Um tipo de dermatite. Minha irmã tem, ela foi ao médico e ele disse que tem como tratar, mas como é emocional ela teria que cuidar dessa parte também.
------- Eu irei tentar. - disse envergonhada. Eu sei que ela quer me ajudar, mas me sinto pequena quando alguém menciona isso em mim.
Ela sorri e sai. Me olho no espelho e me sinto linda, fazia tempo que eu não me via com olhos gentis. Olhei pra fora da janela e tudo estava calmo. Estava quase na hora de todo mundo se posicionar. Saí do meu quarto e caminhei até o quarto de minha irmã, que era pertinho inclusive. Meu dever como madrinha era ver se ela precisava de alguma coisa, mesmo que fosse para a ajudar fugir do próprio casamento. Ao chegar na porta reconheci de imediato a voz da mamãe e Angelina. As duas conversavam em um tom que quem estivesse aqui fora se parasse pra ouvir bem ouviria, e eu ouvi tudo. Não era novidade que eu era filha de outro homem, papai me contou quando eu tinha dezessete anos. Fiquei magoada um tempão, mas me segurei e não contei pra ninguém. Papai não tocou mais no assunto e eu entendi que aquilo era passado, infelizmente ele ama a mamãe mais do que a si mesmo. Angelina foi uma fofa e me defendeu como sempre, foi agoniante ouvir da minha mãe a história, pela voz parecia que ela não teve arrependimentos pelo ato em si, mas sim por não ter conseguido me moldar do jeito que queria. Eu respirei fundo e dei duas batidas na porta. Houve um farfalhar e minha linda irmã abriu a porta radiante, mas seus olhos demonstravam preocupação.
------- Oi, vim ver se precisa de algo. – fui firme em minha voz, como já sabia da história toda foi mais fácil camuflar meus sentimentos.
------- Não preciso de nada, Kate. Só que você esteja lá no altar segurando meu buquê. – me deu um sorriso bonito.
------- Tá bem, vou indo então. Não demore muito, o noivo deve tá arrancando os cabelos. – ela deu uma risada e saí me direcionando pro outro lado.
Fui pra minha posição assim que cheguei ao salão de cerimônia. Ficou tudo muito bonito, os convidados já estavam todos empolvorosos, logo a marcha nupcial começou a tocar e finalmente o casamento deu início. Uns quarenta minutos depois é feita a conclusão e saio atrás de Angelina segurando seu buquê e algumas lágrimas. Nunca que eu teria a oportunidade de casar assim. Bem, eu não iria querer um super casamento, mas quero sim me casar. Meus olhos procuram Lucca e ele me olha de um jeito que faz meu estômago doer, não de um jeito ruim. Não devia ter olhado pra ele, ele deve me achar uma idiota emocionada. Angelina entra na limousine e o resto de nós vai pro salão de festas. Os noivos também vão, mas organizei um breve passeio de limousine só para os dois irem fazendo um esquenta e conversar sozinhos um instante caso queiram. Ideia sem pé nem cabeça, talvez, só me pareceu uma boa ideia e fiz. Depois pergunto se gostaram.
A festa estava um encanto. O DJ já revepcionava os convidados com uma batida eletrizante, as mesas bem posicionadas, as luzes funcionando bem, respiro até fundo por estar tudo dando certo até sentir que preciso ir ao banheiro. Vou o mais rápido que posso, devo ter tomado muita água antes da cerimônia e agora vou começar a pagar o preço. Saí da cabine e lavei minhas mãos olhando pro espelho checando se a maquiagem ainda estava boa, e estava. Isso sim é uma boa maquiagem, não as minhas que cinco minutos depois derretem. Saio do banheiro e fico surpresa ao ver quem está em minha frente. Gale, em carne osso e terno bonito. Pena que a alma é podre.--------- Oi, Kate. Quanto tempo... - ele sorri.
------ Oi, é bom te ver. Vou indo, tchau. - me esquivo dele mas tinha esquecido o quanto ele é insistente.
------ Não vai ainda, amor. Devo dizer que está belíssima, devia ter se arrumado assim quando namorávamos.
------- Você não me notaria nem que um raio caísse na minha cabeça, Gale. Você namorou comigo por pena e porque quem você queria não te quis. - coloco tudo pra fora.
------ Esqueci que língua ácida você tem, essa boca ainda beija bem tanto quanto dá respostas? - responde com um sorriso malicioso.
------ Sim, mas meus beijos não são seus. Acho que nunca foram.
------ Dessa parte eu gostava, você beija bem pra caralho. Devíamos voltar, seríamos o casal do ano. - cuspiu a frase bem calmo enquanto eu fiquei embasbacada.
------ Qual é, ainda sou a mesma Katerinne de sempre. Falante, sem graça e gorda, lembra? Se me der licença...
Pretendo sair das garras desse idiota mas ele parece não querer desistir. Ele pega minha mão e me puxa mais eu finco os pés no chão e faço o máximo de força pra não se chocar contra ele. Obviamente sua força é maior mas logo ouço passos atrás de mim que retiram minha mão de Gale furiosamente.
----- Eu tô achando que você quer morrer e hoje eu sou a morte. O assunto agora é comigo.
Era Lucca, e pela força que ele estava segurando minha mão alguém iria sair de osso quebrado hoje.
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Um militar em minha vida
RomanceKaterinne é uma garota insegura e falante que não imaginava que o amor poderia bater a sua porta. Por ser gordinha, seus pensamentos a fazem ficar paranóica quanto a homens que se aproximam dela. O que a mesma não sabe é que Lucca - um militar realo...